Qual é a diferença entre tomografia e ressonância?
Os dois exames enxergam diversos órgãos do corpo e têm propósitos parecidos, mas funcionam de maneiras bem diferentes
Os dois exames podem até soar semelhantes, mas na prática são bem diferentes. Entenda os detalhes.
A tomografia computadorizada
1) Radiação
A tomografia usa a mesma tecnologia do exame de raios X tradicional. Funciona assim: em uma ponta da máquina, que é composta de um grande tubo, há um emissor de feixes de radiação.
No outro oposto, há um dispositivo que capta os feixes. O paciente deita na mesa e o técnico captura uma imagem de baixa resolução da área desejada para saber aonde direcionar a radiação.
2) Projeção
Os feixes atravessam o corpo com maior ou menor dificuldade. As estruturas mais densas, como os ossos, órgãos, veias e artérias, bloqueiam a passagem da radiação, formando uma sombra.
Os feixes que chegam ao outro lado são absorvidos pelo dispositivo específico, processados pelo computador e traduzidos em imagens ricas em detalhes.
3) Tridimensionalidade
Graças aos avanços da tecnologia, hoje é possível captar imagens tridimensionais da área a ser investigada pelo médico. A máquina emite feixes em 360º e a mesa pode se movimentar se for preciso, gerando imagens em fatias, que, depois, são remontadas pelo computador e exibidas em planos diferentes ou reconstruídas em uma imagem completa.
A ressonância magnética
1) Magnetismo
Aqui se utilizam os princípios da radiofrequência para enxergar os órgãos. É como funciona a televisão: as antenas das emissoras enviam ondas eletromagnéticas (similares às ondas de rádio) que são captadas pelo televisor e então convertidas em imagem.
Para que isso ocorra, contudo, é preciso fazer com que a parte do corpo em questão gere energia por meio de um estímulo.
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2) Reação no corpo
Simplificando um processo complexo, o tubo da ressonância conta com ímãs que geram um campo magnético, nada mais do que uma região do espaço capaz de exercer força sobre materiais dotados de carga magnética.
Os átomos de hidrogênio presentes nas moléculas de água do corpo se enquadram nessa categoria, portanto são afetados por esse campo.
3) Resultado
Com a máquina funcionando, os átomos de hidrogênio se alinham ao campo eletromagnético e, depois, voltam ao seu lugar original. Esse movimento gera ondas de radiofrequência que são captadas por uma bobina vestida pelo paciente.
É uma mistura de manta com gaiola, que atua como uma antena de TV, enviando as ondas de volta ao aparelho, que as transforma em imagens.
O que faz o médico escolher uma ou outra?
Existe um papo (sem fundamento) de que a ressonância seria melhor do que a tomografia. Mas é só papo. Cada exame tem sua particularidade, embora suas indicações até possam soar parecidas.
A tomografia é rápida, além de enxergar muito bem ossos e o interior de órgãos como o pulmão. Também pode ser combinada com uma substância radioativa para encontrar tumores.
Já a ressonância consegue caracterizar tecidos em detalhes ao identificar o que é água e o que é gordura. Tudo depende do que o médico quer enxergar.
Quando se injeta contraste?
O termo genérico batiza substâncias aplicadas nas veias do paciente em algumas situações tanto na tomografia quanto na ressonância. O objetivo é melhorar a visualização de alguma estrutura. Antigamente, o contraste iodado, utilizado na tomo, causava mais reações adversas.
Mas hoje o composto foi aprimorado e raramente provoca algum transtorno — no máximo, um leve mal-estar. De qualquer forma, para garantir a segurança, qualquer pessoa que passa pelas máquinas deve receber orientação e uma avaliação médica prévia.
Fontes: Andrei Skromov de Albuquerque, coordenador da Radiologia Cardiovascular do Fleury Medicina e Saúde; Rubens Chojniak, médico radiologista e head do Departamento de Diagnóstico por Imagem do A.C.Camargo Cancer Center; Alexandre Stivanin, ortopedista membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot) e do Hospital Samaritano (SP)