Terror noturno: especialista explica o distúrbio que assusta crianças e pais
Despertares abruptos, gritos e confusão: saiba o que é normal, quando se preocupar e como buscar ajuda

O terror noturno é um tipo de parassonia, distúrbio do sono caracterizado por comportamentos anormais durante o período em que estamos dormindo.
Esse distúrbio ocorre no sono NREM (non-rapid eye movement), que predomina na primeira metade da noite. É chamado de distúrbio do despertar, pois acontece em períodos de transição entre o sono e a vigília. Outros membros da categoria são o sonambulismo e o despertar confusional.
Como se manifesta o terror noturno
O terror noturno se manifesta como um despertar súbito e dramático do sono, frequentemente acompanhado de gritos e choro intenso. A pessoa senta-se na cama com expressão facial de medo ou terror.
A duração é curta, de poucos minutos, mas o episódio pode ser desesperador para quem o presencia.
Podem ocorrer manifestações autonômicas, como taquicardia, aumento da frequência respiratória, rubor na pele e dilatação das pupilas.
Por ser um despertar parcial, muitas vezes o indivíduo não é responsivo durante o evento e, normalmente, não se recorda do que aconteceu no dia seguinte.
Causas e gatilhos do problema
A etiologia do terror noturno não está bem estabelecida, embora pareça haver um componente genético, com maior ocorrência em famílias onde outros membros também apresentam distúrbios do despertar, como o sonambulismo.
Diversos fatores podem desencadear o terror noturno, especialmente estressores. Privação de sono, horários de sono irregulares e redução das horas de sono recomendadas para a idade estão entre os principais.
Além disso, situações de medo, estresse e ansiedade podem contribuir para a ocorrência dos episódios. Diante do terror noturno, é importante investigar possíveis estressores que a criança possa não ter manifestado claramente.
Outros fatores como febre, infecções, distúrbios respiratórios, distúrbios do sono e dor crônica também podem desencadear episódios.
Quem é mais afetado e quando buscar ajuda
O terror noturno é mais frequente em crianças, especialmente entre 3 e 7 anos. Embora raro, também pode ocorrer em adultos.
É importante buscar ajuda especializada quando:
- Os episódios se tornam frequentes (mais de uma vez por semana)
- Há risco de lesão durante os episódios
- Há impacto significativo na vida da criança ou dos cuidadores
De forma geral, o terror noturno é autolimitado e tende a desaparecer com o passar dos anos, sem deixar consequências.
Entretanto, é fundamental considerar que outras condições podem se manifestar de forma semelhante, como epilepsia, narcolepsia, distúrbios do movimento e pesadelos. Nestes casos, a avaliação de um profissional habilitado é essencial para o diagnóstico correto e a definição do tratamento adequado.
* Erika Cristine Treptow, é médica pneumologista, com área de atuação em medicina do sono
(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)