Apenas 6% das mulheres americanas que colocam implantes de silicone fazem o acompanhamento com exames de ressonância magnética, como é recomendado pela FDA, agência reguladora dos Estados Unidos. Esse número é resultado de um estudo recém-publicado no periódico científico Plastic and Reconstructive Surgery, da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos.
De acordo com os autores, o dado demonstra uma baixa preocupação com o monitoramento de problemas como rupturas e contraturas. Há ainda uma baixa aderência das pacientes às recomendações dos médicos.
Nos Estados Unidos, há regras definidas sobre como avaliar os implantes. Na época em que a pesquisa foi feita, a norma vigente (de 2006) recomendava uma ressonância magnética após três anos da cirurgia. Depois, novos exames deveriam ser feitos a cada dois anos. Em 2020, as diretrizes mudaram: a revisão pode ser com ultrassom ou ressonância cinco ou seis anos depois da colocação do implante, e, posteriormente, a cada dois ou três anos.
Os autores queriam saber se essas mulheres faziam o acompanhamento adequado após a cirurgia. Para isso, conduziram uma enquete por telefone com 109 voluntárias que haviam se submetido a um implante entre 2011 e 2016 por diferentes motivos – de questões estéticas a reconstruções mamárias após câncer.
Das pacientes ouvidas, 15% tinham feito uma ressonância em algum momento, mas apenas 6% se submeteram ao exame seguindo as recomendações da FDA. Por outro lado, quase metade havia passado por ultrassom ou mamografia por outras razões, normalmente para rastreamento do câncer.
No Brasil, não existe uma recomendação formal dos órgãos responsáveis, nem uma diretriz de sociedades médicas. Mas há um certo consenso dos especialistas: pacientes com próteses mamárias deveriam fazer um acompanhamento clínico anual. Caso haja alguma alteração no exame, pede-se a ressonância, que é a forma mais eficaz para apontar problemas na prótese.
“Na prática, a maioria das pacientes não faz um acompanhamento espontâneo, dedicado e específico”, observa o cirurgião plástico Dov Charles Goldenberg, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Além disso, para qualquer paciente, o mais importante é investigar qualquer sintoma”, enfatiza.
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Segundo os especialistas, o ultrassom pode ser o primeiro exame e, se necessário, a ressonância magnética entra em cena. Isso faz sentido porque atualmente o risco de complicações é baixo.
As próteses mais modernas são feitas para durar mais de dez anos: “Não haveria muito sentido em recomendar um rastreamento de rotina com ressonância magnética na população geral, já que é algo caro”, explica Goldenberg.
No entanto, embora rara, a ruptura não costuma dar sintomas. Nesses casos, a recomendação médica é que a prótese seja retirada e, se for do desejo da paciente, seja substituída por uma nova.
Já a contratura costuma dar sintomas como dor, rigidez e mudanças no formato das mamas. Também bem incomum, algo entre 1% e 3% dos casos, ela ocorre quando o organismo forma uma espécie de cicatriz espessa em volta da prótese, que a comprime.
O problema pode acontecer devido a uma inflamação ou irritação causadas durante o procedimento, ou aparecer tardiamente, quando há uma ruptura e o silicone entra em contato com o organismo, por exemplo. O tratamento varia de acordo com o grau e pode incluir uma cirurgia.
*Este conteúdo é da Agência Einstein