Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Preservação do mamilo nas mastectomias do câncer de mama: é possível?

Tudo o que as mulheres precisam saber sobre a cirurgia de retirada das mamas por causa de um câncer - e sobre a reconstrução após o tratamento

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein*
11 Maio 2022, 16h49

O tratamento do câncer de mama evoluiu muito nos últimos 30 anos. Se antes receber o diagnóstico de um tumor no seio era sinônimo de mutilação das mamas, hoje a realidade é diferente. Apesar de as decisões sobre os tratamentos envolverem diversos fatores – desde características pessoais até a análise genética do tumor – o tratamento cirúrgico está cada vez mais preciso e o objetivo é a busca pela abordagem cirúrgica menos invasiva possível. 

O atual padrão ouro para a maioria dos casos iniciais é a cirurgia conservadora (nome dado à cirurgia que remove apenas o tumor e uma mínima margem de segurança ao redor), que tende a causar pequena ou nenhuma alteração estética. A realização do rastreamento anual por meio da mamografia é a principal forma de detectar precocemente o câncer e, quanto mais cedo ele for diagnosticado, maiores a chances de cura e do uso de técnicas cirúrgicas menos agressivas.

Ainda assim, a mastectomia é muitas vezes necessária. Esse é o nome dado à cirurgia que remove por completo a glândula mamária (podendo envolver ou não a retirada de pele e/ ou mamilo). As indicações são diversas e dependem do tamanho do tumor, do volume mamário, da presença de mutações genéticas de alto risco para câncer, da presença vários tumores na mesma mama, entre outros.

+LEIA TAMBÉM: O potencial da imunoterapia e das vacinas contra o câncer de mama

São diversas também as técnicas usadas. Na mastectomia simples, por exemplo, o cirurgião remove toda a mama, incluindo o mamilo, aréola e pele. Na mastectomia poupadora de pele, o tecido mamário, o mamilo e a aréola são removidos, mas a maior parte da pele é preservada e usada na reconstrução imediata, normalmente com implantes de silicone ou próteses expansoras.

Há ainda a mastectomia poupadora de pele e mamilo, uma opção para as mulheres com algumas condições favoráveis, entre elas a presença de tumores distantes da pele e do mamilo. Esta é a opção preferível sempre que tecnicamente possível e com adequada segurança oncológica, garantido a reconstrução imediata da mama com prótese na maioria dos casos e uma aparência mamária mais anatômica, com a presença da aréola e do mamilo.

Compartilhe essa matéria via:

“O conceito de beleza das mamas está muito ligado à simetria. O mamilo é uma identidade da mama. Muitas vezes, quando ele precisa ser retirado, a mulher busca uma reconstrução estética e/ou faz até tatuagens. Por isso é tão importante a busca pela conservação do mamilo na cirurgia”, afirmou a ginecologista e mastologista Danielle Martin Matsumoto, do Hospital Israelita Albert Einstein e coordenadora do Programa de Aprimoramento em Mastologia do hospital.

Biópsia por congelação durante a cirurgia

Na mastectomia poupadora de pele e mamilo, é muito importante que se busque a confirmação intraoperatória de que o mamilo não esteja acometido por partes do tumor. Assim, durante a cirurgia, o cirurgião remove um fragmento do tecido da região e faz uma “biópsia por congelação” durante o procedimento cirúrgico. O material é analisado pelo médico patologista na hora, e vai indicar ao cirurgião se há presença do tumor ali, orientando a conduta médica.

“Se isso não for feito na hora e o resultado final da análise da peça cirúrgica vier positivo depois de dez, 15 dias da cirurgia, é muito frustrante e desgastante para a mulher. Ela acabou de se submeter a uma cirurgia e terá que refazer o procedimento para tirar o mamilo. Essa é a vantagem da biópsia de congelação”, explicou Danielle.

Continua após a publicidade

Estudo publicado recentemente no American Journal of Clinical Pathology confirmou a importância da realização da biópsia de congelação do tecido do mamilo durante a cirurgia para prever se há carcinoma residual na região e a partir de então respaldar os cirurgiões se será possível preservar o mamilo ou não. 

Os pesquisadores avaliaram os resultados de 1 026 mastectomias poupadoras de mamilo (sendo 570 realizadas em mamas doentes e 456 profilaticamente), e chegaram ao número de 7,2% de biópsias positivas.

“O estudo corrobora o que já é a rotina da prática cirúrgica há muitos anos. A técnica de congelação é realizada rotineiramente, tanto na rede pública quanto na rede privada”, afirmou Danielle.

Continua após a publicidade

Um dos problemas da técnica é que a acurácia da congelação não é a mesma do exame anatomopatológico – estima-se que em cerca de 10% dos casos há risco de o resultado ser um falso-negativo ou um falso-positivo. “Todas as amostras obrigatoriamente vão para o exame anatomopatológico depois da cirurgia. Na técnica de congelação, o patologista faz uma avaliação inicial de algumas células. A gente espera um resultado 100% correto, mas pode haver uma discrepância”, ponderou.

BUSCA DE MEDICAMENTOS Informações Legais

DISTRIBUÍDO POR

Consulte remédios com os melhores preços

Favor usar palavras com mais de dois caracteres
DISTRIBUÍDO POR

Câncer mais comum nas mulheres

O câncer de mama é o de maior incidência (excluindo apenas o de pele não melanoma) e o que mais mata mulheres todos os anos no Brasil. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), 66 280 novos casos da doença foram diagnosticados em 2021. 

Continua após a publicidade

Embora o Ministério da Saúde recomende que o rastreamento com mamografia seja feito por mulheres a partir dos 50 anos a cada dois anos, as sociedades médicas preconizam que o exame seja realizado a partir dos 40 anos, anualmente

“Infelizmente o Brasil é formado por vários Brasis. No mundo privado, a chance de uma mulher descobrir o câncer de mama precocemente e fazer uma cirurgia conservadora é muito maior do que na rede pública”, concluiu Danielle.

*Este conteúdo foi produzido pela Agência Einstein.

Continua após a publicidade
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.