Raiva humana: conheça os sintomas da doença fatal
Quase todos os casos são causados por mordidas de cachorro. Após um ataque, busque sempre um posto de saúde para receber a vacina antirrábica
Se você já foi vítima de uma mordida de cachorro, provavelmente teve que ir atrás de uma vacina antirrábica. É um daqueles casos nos quais é melhor prevenir do que remediar. Mesmo sem ter certeza se o animal estava infectado, é melhor evitar a todo o custo a transmissão da raiva humana, doença fatal após apresentar sintomas.
Cães não são os únicos reservatórios da raiva na natureza, mas a associação da doença com suas mordidas tem uma razão de ser: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 99% dos casos de raiva humana registrados pelo mundo ocorrem em função de ataques de cachorros. Bem atrás, vêm mordidas, arranhões e lambeduras de outros animais, como morcegos, gatos ou roedores.
A vacina antirrábica é um método de prevenção seguro e efetivo contra as complicações da doença, e deve ser feita sempre que você for mordido por um animal.
O que é a raiva humana?
A raiva é uma doença viral aguda causada por um Lyssavirus. É uma zoonose, ou seja, passa de animais para seres humanos, e o método principal de contágio são as mordidas de cachorro. Por tomarem menos cuidado, crianças são particularmente suscetíveis a esse ataque, e a faixa etária entre os 5 e 14 anos costuma ser aquela que mais registra casos.
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O vírus em si pode acometer diferentes espécies de mamíferos, que podem transmiti-la aos humanos por mordidas, arranhões ou mesmo pela alimentação. São casos extremamente raros devido à situação atípica, mas há registros de pessoas que contraíram e morreram de raiva após comer carne crua de animais infectados.
A OMS destaca ainda que, em teoria, até mesmo a transmissão direta da raiva entre seres humanos poderia ocorrer, através da saliva – mas nunca um caso desse tipo foi confirmado.
Quais os sintomas da raiva?
Uma vez que ela começa a apresentar sinais clínicos, a raiva humana é virtualmente fatal em 100% dos casos já registrados até hoje. Por isso a vacina é tão importante, evitando que o contágio evolua até a fase sintomática.
Caso a raiva comece a apresentar sintomas, ela pode ocorrer de duas formas:
A chamada raiva furiosa provoca hiperatividade, alucinações, problemas de coordenação motora e hidrofobia (o medo de água, inclusive de ingeri-la, a ponto de provocar espasmos involuntários na língua e garganta diante da visão do líquido). Nesse caso, a morte costuma ocorrer por parada cardiorrespiratória em poucos dias.
Já a raiva paralítica, que ocorre em um de cada cinco casos sintomáticos, leva a uma gradual paralisia muscular a partir do ponto da mordida. É um processo mais demorado do que a raiva furiosa, e a pessoa entra em coma antes de morrer.
A raiva humana é sempre fatal?
A raiva só é fatal quando começa a apresentar sintomas. Por isso, a vacinação é tão importante. O Brasil, por exemplo, registrou somente duas mortes por raiva em 2023.
Agora, sem o imunizante, a doença leva à morte em praticamente todos os casos. Já foram propostos modelos de tratamento, com o mais famoso deles sendo o chamado protocolo de Milwaukee – ele consiste em submeter o paciente a um coma induzido, fazendo depois o uso de medicamentos antivirais.
No entanto, embora haja registros de pessoas salvas com o protocolo desde sua criação em 2003, há muita controvérsia sobre sua efetividade em uma aplicação mais ampla.
Devo vacinar em quanto tempo após a mordida?
A recomendação é vacinar o quanto antes após uma situação de potencial exposição à raiva e após qualquer mordida de cachorro, mesmo sem ter certeza se o animal tinha o vírus ou não.
É um método de prevenção simples para um problema que pode matar. Após a exposição, a vacina é feita em quatro doses ao longo de 28 dias.
A vacina também pode ser aplicada de forma prévia a uma potencial exposição, como no caso de veterinários e biólogos que lidam constantemente com o manejo de animais. Como medida preventiva, é preciso vacinar também o seu animal de estimação regularmente, com reforços anuais.
Não há uma janela exata, porque o tempo de incubação varia muito. Em média, pode levar de dois a três meses para os sintomas aparecerem, mas há casos em que eles já surgem em apenas uma semana – e outros em que levam até um ano para despontar.
Não espere: busque um serviço de saúde imediatamente após uma mordida.
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