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Esporotricose: o que é, sintomas e como prevenir e se tratar

Os casos dessa doença, que causa lesões na pele e afeta principalmente gatos e humanos, estão crescendo. Saiba os modos de transmissão e como se cuidar

Por Larissa Beani
15 jan 2024, 15h16

Nos últimos anos, o Brasil tem registrado um aumento nos registros de esporotricose, uma infecção causada pelo fungo Sporothrix brasiliensis, identificado pela primeira vez na Baixada Fluminense na década de 1990. A doença afeta principalmente gatos e humanos, então é importante ficar atento aos sintomas, às principais formas de transmissão e aos tratamentos disponíveis.

Situação atual

A esporotricose nunca foi enfrentada como deveria no país. Agora, virou problema de saúde pública.

Só na cidade do Rio de Janeiro, os casos cresceram 162% nos últimos dez anos. Na região metropolitana de Porto Alegre, o salto foi de 500% em três anos. Em São Paulo, mais de 2,7 mil gatos e 405 pessoas se infectaram em 2023 — 33% a mais do que em 2022.

+ Leia também: A ameaça dos fungos: quais as doenças causadas por eles?

Sem vacina, o jeito é evitar contato com animais feridos e tratá-los rapidamente”, afirma Flávio Telles, coordenador do Comitê de Micologia da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

O que é a esporotricose

A esporotricose é uma micose causada por fungos do gênero Sporothrix. Foi descrita pela primeira vez em 1898, pelo então estudante de medicina Benjamin Schenck, nos Estados Unidos.

A principal espécie transmissora foi nomeada em homenagem ao estudioso: é a S. schenckii. No nosso país, a S. brasiliensis é responsável pela maioria dos casos e tem se disseminado pela América do Sul.

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Esses fungos podem ser encontrados no solo e em materiais em decomposição, infectando animais e humanos que entram em contato e se ferem com espinhos, lascas de madeira, galhos, folhas e palhas.

“A esporotricose é classificada como uma micose subcutânea [ou de implantação], ou seja, é transmitida por lesões na pele e em tecidos subcutâneos, que são também os mais afetados”, explica o infectologista.

+ Leia também: Como se proteger da micose

Ciclo de transmissão

esporotricose-transmissão
O ciclo de transmissão da esporotricose: humanos podem se infectar por via zoonótica ou sapronótica (Editoria de arte/SAÚDE é Vital)

Os fungos Sporothrix vivem no solo e podem ser transmitidos a animais e humanos que entrem em contato com plantas e materiais infectados. Felinos, roedores, bovinos e equinos são os mais contagiados dessa forma.

Entre humanos, profissionais da agricultura, jardinagem, floricultura, marcenaria, cestaria e afins estão em maior risco de contrair a doença. Por isso, a esporotricose também é conhecida como doença da roseira ou doença do jardineiro. Essa via de transmissão é chamada sapronótica.

A maioria dos casos, porém, é transmitida de forma zoonótica — isto é, de um animal infectado a outro.

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Os gatos são as principais vítimas da enfermidade e têm uma posição central na cadeia de transmissão, podendo infectar outros felinos, cães e humanos. O fungo se espalha entre animais por arranhões, mordidas e contato com feridas em brigas e caças.

“Cães e humanos podem ser infectados, mas não são transmissores da doença. Eles não passam a outros animais nem a outras pessoas”, ressalta Telles.

+ Leia também: Adoção de animais aumenta na pandemia, mas abandono também

Sintomas de esporotricose

Segundo o infectologista, os primeiros sinais da doença podem demorar de uma semana a meses para aparecerem após o contato com o fungo.

Nos pets, a apresentação inicial é um nódulo avermelhado. Ele pode desaparecer espontaneamente ou evoluir para feridas profundas e purulentas que atingem principalmente a face e as patas dos bichos.

Perda de apetite e de peso, febre, apatia e problemas respiratórios são frequentes com o agravamento do caso. Além da pele, linfonodos e outros órgãos podem ser comprometidos.

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Em humanos, as primeiras manifestações da esporotricose também são nódulos avermelhados e subcutâneos, que se assemelham a uma picada de inseto. Mãos e braços são os locais mais comuns de lesões.

Segundo o Ministério da Saúde, a forma mais recorrente da doença na população é a linfocutânea, na qual não apenas a pele é comprometida, como também o sistema linfático da região afetada.

A esporotricose também pode se disseminar para outros órgãos, caso não seja devidamente tratada. Pulmão e ossos, por exemplo, estão em risco. Nesses casos, os sintomas incluem tosse, falta de ar, dor ao respirar, dor ao se movimentar, inchaço e febre.

+ Leia também: O que é o fungo “Candida auris” e que doença ele causa?

Diagnóstico

O diagnóstico em animais e em humano se baseia no histórico do paciente e no resultado de exames físicos, dermatológicos e laboratoriais.

Aspirados das lesões e estudos da cultura fúngica presente nas lesões podem ser solicitados, entre outros testes.

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Casos graves, em que a infecção está mais disseminada, muitas vezes demandam análises de sangue, líquor, líquido sinovial e escarro.

Tratamentos para esporotricose

A maioria dos casos de esporotricose — tanto em animais como em humanos — é tratada com o uso do antifúngico itraconazol.

A dose e a duração do tratamento são indicadas por médicos e veterinários, que também podem receitar outros fármacos a depender das características e da gravidade de cada caso. Por isso, sempre consulte um especialista.

“Para humanos, o medicamento está disponível gratuitamente pelo SUS [Sistema Único de Saúde]. Para animais, é necessário consultar se a Secretária de Saúde do seu estado para se informar da disponibilidade”, recomenda o membro da SBI.

A terapia pode durar meses e requer rigor.

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Prevenção

“Não há vacinas ou medicamentos profiláticos que possam ser tomados logo após exposição o contato com animais ou plantas infectadas”, alerta Telles. Para evitar o problema, portanto, é necessário garantir a saúde e o bem-estar animal.

Evitar a que o gato viva na rua e manter os ambientes limpos, sem plantas decompostas, é fundamental. O ideal é que os bichos sejam totalmente domiciliados, a fim de precaver essa e outras infecções.

A castração também pode diminuir o comportamento agressivo e territorialista dos bichos, reduzindo o risco de brigas.

“Médicos veterinários, voluntários de proteção animal e tutores devem utilizar equipamentos de proteção individual (EPI), como luvas, óculos, máscaras e aventais, ao lidar com animais feridos e em tratamento”, ressalta o infectologista.

Além disso, animais mortos pela doença devem ser cremados.

Casos suspeitos ou confirmados devem ser comunicados aos Centros de Controle de Zoonoses municipais ou, na ausência desses órgãos, à Secretaria de Saúde.

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