Quando a 21ª edição do reality show Big Brother Brasil estreou na TV Globo, no final de janeiro, muita gente reparou nas falhas de cabelo apresentadas pelo ator Lucas Penteado na parte superior da cabeça.
Segundo o dermatologista Thales Bretas, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), é impossível fazer um diagnóstico assertivo com base apenas nas imagens do participante. Para bater o martelo, seria necessário contar com avaliação clínica, histórico do paciente e resultados da tricoscopia – quando se amplia a imagem do couro cabeludo através de uma lupa chamada dermatoscópio. “Às vezes, precisamos de exames laboratoriais”, completa o médico.
Dito isso, Bretas especula que Lucas conviva com uma condição conhecida como alopecia areata. “A falta de cabelo em placas circulares é tipicamente associada a esse quadro”, justifica. O médico nota que parece haver um processo de cicatrização nas regiões acometidas. “Isso sugere um tipo de alopecia cicatricial também”, diz.
As causas da alopecia areata
Ela é definida como uma doença autoimune. Significa que o sistema imunológico, responsável por nos defender de doenças, passa a atacar as células do próprio organismo. Nesse caso, conta Bretas, a ofensiva é direcionada às células do folículo piloso, estruturas onde os fios de cabelo crescem. Daí porque surgem as falhas.
Cabe lembrar que há a possibilidade de esse sintoma ser observado em outras áreas do corpo, a exemplo de sobrancelha, barba, axilas e virilhas.
O médico ressalta que, como as demais doenças autoimunes, a alopecia areata possui várias possíveis origens. “O fator genético é importante. É comum ter casos descritos na mesma família”, esclarece. “Mas há outros gatilhos, como o estresse”, aponta. Vamos combinar que não faltam momentos de tensão a Lucas nessa edição do BBB.
Ainda de acordo com Bretas, a alopecia pode estar associada a quadros como diabetes e hipotireoidismo. “Por isso, uma investigação completa com o dermatologista é crucial para o diagnóstico e o tratamento corretos”, afirma.
Como é o tratamento
“Ele depende da causa, da extensão do acometimento e da resposta individual ao medicamento”, resume Bretas.
Em geral, os corticoides entram em cena. A aplicação pode ser local – por meio de pomadas ou injeções dentro das placas de falhas – ou via oral. “Sempre com a orientação e a supervisão médica”, frisa o dermatologista.
O especialista conta que os pacientes costumam responder bem ao tratamento, e os pelos voltam a crescer na área atingida. “Inicialmente, podem ser mais finos ou brancos, tendendo a ganhar pigmento com o tempo”, conta.
Porém, se a doença não for a alopecia areata, há risco de a perda se mostrar irreversível. “Isso acontece quando já há cicatriz, o que impede o desenvolvimento do folículo piloso”, ensina Bretas.
Dá para prevenir novas quedas?
Como há gatilhos emocionais envolvidos na disparada do quadro – o estresse é um deles –, o dermatologista informa que, se possível, é importante ter acompanhamento psicológico para controlar a doença e driblar novos surtos.
“Além disso, recomendamos hábitos de vida saudáveis, como alimentação balanceada e prática regular de exercícios físicos”, orienta.
São comportamentos bem-vindos para manter a alopecia areata em remissão, já que, segundo o médico, não há cura. “Conseguimos apenas cuidar das crises”, reforça.