Parto na rua ou no carro: o que fazer?
Em Recife, uma mãe deu à luz enquanto fazia compras para o enxoval do bebê. Saiba o que fazer quando o parto acontece fora do hospital
Enquanto fazia compras para o enxoval de seu quinto filho, Pábada de Lima, de 28 anos, acabou dando à luz no meio da loja no centro de Recife. João Pedro nasceu na manhã de quinta-feira (4). As funcionárias ajudaram a mãe a fazer o parto no chão da loja.
Em entrevista a veículos de imprensa, Pábada disse que só sentiu uma contração quando já estava no estabelecimento. Ela estava na 38ª semana de gestação. Mãe e bebê foram encaminhados para o hospital e passam bem.
Embora seja incomum, você já deve ter ouvido falar de casos em que o bebê nasceu na rua ou no carro, a caminho da maternidade. Em geral, o parto pode demorar horas. Mas há casos em que a criança nasce muito rápido ou a gestante não consegue identificar os sinais do trabalho de parto, e o bebê nasce fora do hospital. Saiba o que fazer nessas situações.
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Quais os fatores de risco para partos fora do ambiente hospitalar?
Casos como os de Pábada são mais frequentes entre mulheres que já tiveram um filho via parto normal. O segundo e os demais partos costumam ser mais rápidos. Bebês pequenos em relação à bacia da mãe também têm mais chances de ter esse tipo de parto apressado.
Quem mora longe do hospital ou da maternidade core maior risco de não conseguir chegar a tempo. Outros obstáculos são socioeconômicos. Quando não há instrução e um pré-natal adequado, a mulher pode não saber identificar os sinais do parto ou ficar impossibilitada de chegar a um ambiente hospitalar.
Como saber que o bebê está chegando?
O trabalho de parto é dividido em três momentos: a fase inicial, em que há alguma contrações e o colo do útero tem até 4 cm de dilatação – que pode durar dias; a fase ativa, quando a dilatação do colo é mais intensa; e o período expulsivo, em que o bebê nasce.
Entre fase ativa e expulsiva, a maior parte dos partos pode levar entre 8 e 10 horas. É por isso que as gestantes são orientadas a ir para o hospital quando há cerca de três contrações em 10 minutos, ou quando a bolsa estoura. A internação precoce pode levar a indicações de cesária desnecessárias. Por outro lado, há gestantes que não conseguem chegar à maternidade a tempo.
Esses partos excepcionais são chamados de “precipitados” ou “tsunâmicos”, casos em que o intervalo entre o começo da fase ativa e a fase expulsiva acontecem em menos de 4 horas. Nessas situações, há riscos porque as contrações podem ser muito rápidas e fortes, o que pode reduzir o oxigênio do bebê. A mãe também pode sofrer lesões por conta das contrações intensas.
Algumas dicas para saber quando o bebê está prestes a chegar são:
- contrações dolorosas em intervalos que ficam cada vez mais curtos, em geral com menos de dois minutos;
- desconforto no abdômen, dores nas costas e pressão no reto;
- quando a gestante sente vontade de empurrar.
Quando a cabeça do bebê começa a coroar, ou seja, a aparecer, o parto não pode mais ser adiado. É importante conhecer os sinais do parto e saber da possibilidade de um parto precipitado para se preparar para qualquer situação.
O que fazer quando o parto ocorre fora do hospital?
A primeira dica de profissionais da saúde é estar preparada para esse tipo de situação. Além de se informar sobre e conversar com o médico obstetra, vale manter um kit de emergência, com: luvas, toalhas limpas, álcool, sabão antibacteriano, fraldas e uma pequena seringa de aspiração nasal para bebês. Em casa, também mantenha alguns lençóis, inclusive um lençol absorvente de plástico, para forrar a cama caso o bebê nasça em casa em uma emergência.
Se sentir que o bebê vai nascer antes que você possa chegar ao hospital, o primeiro passo é buscar ajuda. Se estiver sozinha, chame um vizinho ou pessoa próxima. Ligue para a equipe médica que a a acompanha. Muitas vezes, enfermeiras obstétricas ou doulas podem chegar a tempo para auxiliar o parto. Se estiver em um carro, peça para o acompanhante estacionar o veículo.
Além da equipe médica, ligue para o SAMU: o número no Brasil é 192.
- Mantenha a calma
Seja você a gestante ou a pessoa acompanhante, tente manter um ambiente calmo. Lembre-se que, embora seja uma situação incomum, a maioria das mães e bebês que fizeram um pré-natal adequado mas passam pelo parto fora do hospital ficam bem.
- Prepare-se para empurrar
A gestante pode ficar na posição em que estiver mais confortável. No carro, o ideal é ficar deitada no banco de trás. Tire as roupas íntimas e calças. Não comece a empurrar até sentir que é inevitável. Então, faça ciclos de empurrar por 5 segundos e parar para respirar em seguida.
- Garanta que o bebê não vai escorregar
A pessoa acompanhante deve manter toalhas ou cobertores limpos à mão para pegar o bebê assim que ele nascer. Tome cuidado porque os recém-nascidos são escorregadios. Se for possível, use luvas. Caso contrário, lave muito bem as mãos.
- O que fazer na hora que o bebê coroa?
Não puxe o bebê nem introduza as mãos na vagina da gestante. Depois que a cabeça sair, se o cordão umbilical estiver enrolado no pescoço, também não puxe, só encaixe um dedo e gentilmente tente passar o cordão por cima da cabeça do bebê.
Se você conseguir ver os pés ou o bumbum do bebê saindo, ajude a mãe a se posicionar de forma que ela esteja sentada na ponta da cama ou do lugar onde esteja e colocar seus joelhos próximos do peito. Coloque travesseiros no chão onde o bebê pode cair. Não puxe o corpo do bebê. Caso o corpo saia, mas a cabeça não saia na contração seguinte, uma dica é que a mãe fique de cócoras.
- Aqueça o bebê
Não é necessário limpar o bebê quando ele nasce. Apenas use uma toalha ou pano limpo para secar ele e enrole-o em outra toalha seca. O mais importante nesta etapa é manter o recém-nascido aquecido, para evitar o risco de hipotermia. Coloque o bebê sobre o peito da mãe, com contato pele a pele, e o mantenha enrolado em uma toalha ou cobertor.
- E se o bebê não chorar?
Não dê tapas no bebê. Apenas faça carinho, de forma firme, nas costas do bebê. Se houver líquido no nariz e na boca, seque com uma toalha, ou use, gentilmente, o aspirador nasal.
- Não corte o cordão umbilical nem puxe a placenta
Vá até um hospital o mais rápido possível. Se a placenta nascer antes da chegada ao hospital, enrole-a e leve para o médico examinar também. É possível massagear a barriga abaixo do umbigo para ajudar a parar o sangramento do útero, uma vez que a placenta já tenha sido expelida.
Mesmo que o parto corra bem, é necessário que mãe e bebê sejam examinados por uma equipe médica. A mãe pode ter tido lacerações, que podem levar a hemorragias.
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