Conhecido por produzir a insulina, o pâncreas é uma glândula com papéis importantes no sistema endócrino e no processo de digestão dos alimentos. É hora de conhecer as suas funções – e alguns problemas de saúde que podem acometê-lo.
Como o pâncreas influencia no sistema digestivo
1. Fábrica a todo vapor: o pâncreas é responsável por produzir diversas substâncias. As principais são a amilase e a lipase. Essas enzimas são excretadas pelos ductos pancreáticos e caem no duodeno, a parte inicial do intestino delgado. É exatamente nesse lugar que elas vão agir.
2. Cortes e reduções: as duas enzimas vão quebrar os alimentos em pedaços menores. A amilase é especializada na digestão do carboidrato, enquanto a lipase atua sobre a gordura. A falta dessa dupla provoca dificuldades na absorção de nutrientes e emagrecimento indesejado.
As funções dessa glândula no sistema endócrino
1. Pequeno arquipélago: existem estruturas no pâncreas chamadas ilhotas de Langerhans. Apesar de numerosas, constituem apenas 2% do tamanho da glândula. Elas são formadas pelas células alfa, que geram o hormônio glucagon, e pelas células beta, que sintetizam a famosa insulina.
2. Faltou doçura: longos períodos de jejum fazem a taxa de açúcar cair muito. Para evitar a hipoglicemia, ocorre a liberação do glucagon. Ele estimula o fígado a transformar seus estoques de glicogênio em moléculas de glicose para o organismo. Isso normaliza a situação.
3. Sangue adocicado: quando há uma grande quantidade de açúcar na circulação sanguínea, o pâncreas é acionado para fabricar a insulina. O hormônio promove uma limpa nos vasos ao botar essa glicose toda para dentro das células, onde servirá como combustível.
Doenças mais comuns que afetam o pâncreas
Problemas inflamatórios agudos: obstrução do ducto pancreático por pedrinhas da vesícula biliar. Seus sinais são dor abdominal e vômito.
Problemas inflamatórios crônicos: eles destroem progressivamente as células da glândula. A maior causa é o consumo de álcool.
Tumores benignos: adenomas, fibromas e insulomas são os mais frequentes. A predisposição genética influencia bastante.
Câncer: têm alta taxa de mortalidade por causa do diagnóstico tardio. Não costuma dar sintomas.
Dá pra fazer transplante de pâncreas?
Por enquanto, essa técnica está indicada para casos mais graves e prolongados de diabetes tipo 1, enfermidade marcada por uma falha na produção da insulina. Geralmente, os médicos trocam não só o pâncreas, mas também os rins, para evitar complicações.
Outra possibilidade é transplantar somente as ilhotas de Langerhans. Mas esse procedimento, feito em poucos centros no mundo, tem sucesso limitado e o quadro pode voltar ao que era em poucos anos.
Fontes: Marcelo Perosa, coordenador do Programa de Transplantes de Pâncreas, Fígado e Rim do Hospital Leforte (SP); Thiago Costa Ribeiro, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Moriah (SP)