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Carlos Eduardo Barra Couri é endocrinologista, pesquisador da USP de Ribeirão Preto e criador do Endodebate e do Diacordis. Aqui ele mapeia os cuidados e os avanços para o controle do diabetes
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É verdade que saiu o pâncreas artificial? Estamos quase lá, mas ainda não

Uma nova tecnologia aprovada nos Estados Unidos facilita a vida dos pacientes com diabetes tipo 1. Mas ela não substitui por completo a função do pâncreas

Por Dr. Carlos Eduardo Barra Couri
Atualizado em 21 fev 2020, 16h53 - Publicado em 9 jan 2020, 14h38

No apagar das luzes de dezembro de 2019, recebemos do FDA (órgão americano que regula medicamentos, equipamentos médicos e alimentos) a notícia da aprovação de um software que é capaz de analisar o valor da glicose de um paciente com diabetes por meio de um sensor acoplado na pele e, em seguida, “informar” à bomba de insulina o que fazer. Seria esse o sonho concretizado de vermos o primeiro pâncreas artificial disponível no mundo? Vou responder essa questão em partes.

Começando pelo software: ele foi criado pelo Centro de Tecnologia do Diabetes da Universidade da Virginia, nos Estados Unidos, e é chamado de Control-IQ. Trata-se de uma espécie de inteligência artificial que conecta duas pontas no controle do diabetes.

Ao inferir a glicemia pela pele do paciente, essa inovação consegue antecipar aumentos ou quedas nessa taxa nos minutos seguintes e, a partir daí, indica a dose de insulina a ser infundida. Inicialmente, o Control-IQ será comercializado pela Tandem Diabetes Care nos Estados Unidos para maiores de 14 anos.

Para mostrar sua eficiência, foi feito um estudo com pessoas de 14 a 71 anos com diabetes tipo 1. Elas foram acompanhadas por seis meses — e os resultados saíram em 2019 numa importante revista científica americana. Em resumo, mostrou-se que a bomba com a inteligência artificial atinge um controle mais adequado da glicose em comparação com as bombas convencionais que temos hoje, sem esse “cérebro” acoplado.

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Mas calma! Antes que todos corram para os Estados Unidos e tentem comprar o sistema formado pelo sensor de glicose, bomba de insulina e o software do Control-IQ, é importante saber de um detalhe. Isso ainda não é um pâncreas totalmente artificial.

Ora, todos os softwares do tipo desenvolvidos e pesquisados até hoje não são capazes de controlar a glicose durante as refeições — como um pâncreas normal faz, diga-se de passagem. É justamente nesse momento que a glicemia se eleva rapidamente e depende de inúmeras variáveis, como tipo e quantidade de alimentos, rapidez na mastigação, mistura de diferentes comidas etc.

Nenhuma inteligência artificial conseguiu, até o momento, antever a flutuação da glicose nas diferentes refeições e indicar a aplicação de insulina sem apoio e supervisão do paciente. E esse AINDA é o caso do novo lançamento aprovado pelo FDA.

Mesmo com o Control-IQ, todas as vezes que o paciente come, ele deve contar corretamente a quantidade de carboidratos e, muitas vezes, até pesar os alimentos para indicar à bomba de insulina os gramas exatos desse nutriente que foram ingeridos. O indivíduo também precisa “ordenar” à bomba qual a proporção de insulina e carboidratos em cada refeição.

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Em outras palavras: a bomba não faz tudo sozinha, como seria de se esperar de um pâncreas artificial. Ela até regula muito bem a glicemia na madrugada e no intervalo entre as refeições (situações em que a glicose é mais estável). Porém, quando o paciente se alimenta, deve tomar as rédeas do tratamento e dar sua mãozinha (ou seu cérebro) para o correto controle da sua doença.

Conclusão: estamos pertíssimos de um pâncreas totalmente artificial, mas ainda falta um pouco para chegarmos lá. E eu estou aqui de dedos cruzados esperando esse momento!

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