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O que é a gordura no fígado? Conheça a esteatose hepática e suas causas

Sem sintomas claros, esse problema já atinge 30% da população brasileira. Descubra o que causa a gordura no fígado e como fazer o diagnóstico

Por André Biernath
Atualizado em 21 set 2023, 18h37 - Publicado em 17 dez 2018, 10h30

O fígado aguenta décadas de agressões sem dar sintoma algum de esgotamento.

Se por um lado essa robustez é uma vantagem, por outro mascara uma doença que cresce assustadoramente: a esteatose hepática não alcoólica.

O que é a esteatose hepática?

Apesar do nome complicado, a condição nada mais é do que a popular gordura no fígado.

“Estima-se que ela já atinja 40% dos adultos que moram no Ocidente”, conta o hepatologista Raymundo Paraná, presidente da Associação Latino-Americana para o Estudo do Fígado.

Claro que esse fenômeno não vem sozinho: ele é resultado (e anda ao lado) de desgovernos em outras redondezas do corpo. Ora, de acordo com o Ministério da Saúde, 54% dos brasileiros estão acima do peso e 18% são considerados obesos — estatística que sobe a cada ano que passa.

“Isso se reflete num pacote de malefícios que chamamos de síndrome metabólica, com o aparecimento de alterações no colesterol, hipertensão, diabetes e a esteatose”, observa o gastroenterologista Fernando Wolff, do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.

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Condição silenciosa

O caráter silencioso, inclusive, faz o acúmulo de gordura no fígado ser uma condição ainda mais perigosa: como não há queixas, o sujeito vive anos sem se preocupar com o que se passa dentro do abdômen. Nesse meio-tempo, o­ risco de sofrer um ataque cardiovascular, como infarto ou AVC, duplica.

“Para piorar, 15% desses indivíduos evoluem para um quadro mais sério, a esteato-hepatite”, calcula Paraná. Nessas circunstâncias, o pobre fígado é refém de inflamação e lesões e não consegue trabalhar direito. Se nada for feito, um câncer ou uma cirrose são a próxima etapa.

A coisa está realmente feia mundo afora: nos Estados Unidos, a esteatose superou o alcoolismo e virou a segunda principal razão para fazer um transplante hepático — só fica atrás das hepatites virais. Um levantamento da Universidade Austral, na Argentina, mostra que os tumores provocados pela enfermidade aumentaram sete vezes na América Latina entre 2005 e 2012.

A boa notícia é que dá pra intervir bem antes de o fígado ir para o brejo. Basta fazer um ultrassom para ter o diagnóstico de esteatose hepática e, a partir daí, iniciar uma terapia simples e efetiva — sem a necessidade de tomar remédios! “O pilar do tratamento é emagrecer por meio de mudanças na dieta e prática de exercícios”, resume o hepatologista João Marcello de Araujo Neto, do Instituto Nacional de Câncer.

Descubra, nos tópicos abaixo, por que o fígado é tão importante e como ele desenvolve esse problema.

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Para que serve o fígado?

  • Produção da bile, substância que ajuda na digestão dos alimentos gordurosos.
  • Fabricação das partículas que transportam colesterol (LDL, HDL…).
  • Armazenamento e liberação de glicose, a nossa grande fonte de energia.
  • Limpeza do organismo por meio da eliminação de resíduos tóxicos.
  • Processamento e aproveitamento de medicamentos e hormônios.
  • Destruição das células vermelhas do sangue que estão com algum defeito.
  • Depósito das vitaminas A, B12, D e E e de minerais como ferro e cobre.

Como surge a esteatose hepática não alcoólica

1. Excesso de peso, sedentarismo e dieta desbalanceada fazem com que a quantidade de glicose no sangue suba demais.

2. Com o passar do tempo, esse cenário leva à resistência à insulina. Isto é, esse hormônio não consegue mais colocar o açúcar para dentro das células.

3. A sobrecarga de glicose vai parar no fígado. Em células chamadas hepatócitos, ela é transformada em triglicérides, um tipo de gordura.

4. Como o organismo já tem energia de sobra, esses triglicérides ficam armazenados nessas células, que se tornam cada vez mais gorduchas. É a esteatose hepática.

5. Com o tempo, os hepatócitos gorduchos perdem eficiência e parte de seu funcionamento.

6. A falta de células hepáticas em bom estado gera um estresse danado no fígado, que entra em estado de inflamação.

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7. Vários hepatócitos morrem. Em seu lugar, surge um tecido fibroso parecido com uma cicatriz.

8. Esse processo pode terminar de dois jeitos ruins: ou aparece um câncer ou uma cirrose.

Como é feito o diagnóstico

Como a esteatose hepática não dá sintomas, o jeito é apelar aos exames de rotina para flagrá-lo:

Sangue: As enzimas ALT e AST (também conhecidas como TGO e TGP) estão elevadas? Sinal de que algo não está bem no fígado.

Ultrassom: Permite avaliar o estado da glândula e ver se há muita gordura por ali.

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Biópsia: Necessária para determinar a gravidade e a extensão do quadro.

Como diminuir a gordura no fígado

1. Dieta e exercício fazem a pessoa perder peso. Isso derruba as taxas de glicose e alivia a resistência à insulina.

2. Com isso, os triglicérides são liberados aos poucos pela glândula na forma de VLDL, que serve de energia para várias partes do organismo.

3. O emagrecimento, contudo, precisa ser gradual. Assim, as reservas de gordura localizadas no abdômen são descartadas sob medida.

4. Uma perda de peso veloz faz muita gordura do tecido adiposo ser despejada e se encaminhar em bloco para o fígado, o que desencadeia uma inflamação.

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O fígado também pode ser prejudicado por outros vilões

Álcool: O abuso na bebida segue como um dos principais causadores de cirrose no mundo.

Vírus: Os agentes infecciosos por trás das hepatites A, B e C são os mais preocupantes.

Remédios: Em longo prazo, o uso incorreto ou exagerado de medicamentos gera uma pane ali.

DNA: Já foram identificadas mutações genéticas que aumentam o risco de desenvolver a esteatose hepática.

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