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O calendário de vacinação exclusivo para quem tem diabetes

Pesquisa mostra desconhecimento da população com diabetes sobre seu calendário de imunização. Saiba quais as vacinas essenciais e os riscos de não tomá-las

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 3 jul 2021, 10h40 - Publicado em 7 Maio 2021, 12h47
Foto de seringa
Pessoas com diabetes devem valorizar especialmente a vacinação  (Foto: GI/Getty Images)
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Apesar de cerca de 13 milhões de pessoas conviverem com o diabetes no Brasil, a maior parte não sabe que há um calendário de vacinação específico para elas. Foi o que constatou uma pesquisa realizada pela ONG ADJ Diabetes Brasil com 2 027 participantes, incluindo pais e mães de pacientes crianças e cuidadores. Apenas 14,26% tinham conhecimento dessa informação.

O levantamento foi realizado pela internet entre 6 de novembro e 11 de dezembro de 2020, em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim) e a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).

O estudo também mostrou uma diferença entre portadores dos tipos 1 e 2 da doença. Veja: 47% dos respondentes com diabetes tipo 2 relataram que não lembravam se o seu médico já tinha comentado sobre a importância da vacinação durante as consultas. Além disso, 9% afirmaram que, de fato, o especialista nunca havia tocado no assunto.

A situação com o tipo 1 é mais positiva: 38% dos entrevistados disseram que o profissional já havia feito essa orientação.

“Essa diferença pode ser explicada pelo fato de que a maior parte dos pacientes com diabetes do tipo 1 são crianças e adolescentes, que são acompanhados por pediatras ou endopediatras”, aponta a endocrinologista Hermelinda Pedrosa, da SBD. E, normalmente, se dá mais atenção ao tema da vacinação com o público infantil.

Tem outro dado que confirma esse raciocínio. Quando olhamos apenas para as respostas de pais e mães com filhos portadores dessa versão de diabetes, 73,8% contaram que o médico das crianças já recomendou imunizantes durante a consulta.

O dilema entre os adultos

Segundo Hermelinda, existem dois principais motivos por trás desses resultados. Primeiramente, há a negligência de profissionais da saúde que lidam com pacientes adultos. “Quando nos unimos à Sbim há alguns anos para criar um guia de imunização dos portadores de diabetes, um dos objetivos era conscientizar os médicos a respeito da vacinação, principalmente cardiologistas, endocrinologistas e clínico geral”, conta a especialista.

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O outro ponto são as falhas na comunicação para os pacientes com diabetes. Ora, não existem campanhas de incentivo à imunização voltadas para esse público.

Na pesquisa, foi perguntado se os voluntários consideravam que as campanhas realizadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) por meio da mídia eram suficientes para sua motivação para ir atrás das vacinas. Pois 53,57% disseram que sim, 38% que não e 8,6% não sabiam.

“É muito importante que a mídia faça esse papel de alertar sobre a necessidade de se vacinar. Infelizmente, os dados mostram a falta de comunicação”, lamenta a endocrinologista.

Quais vacinas a pessoa com diabetes deve tomar e onde elas são disponibilizadas

Assim como os demais brasileiros, esses indivíduos devem seguir o calendário do PNI, que divide os imunizantes por faixa etária. No entanto, algumas são especialmente recomendadas para esse grupo. São elas que compõem o calendário exclusivo para diabéticos.

Veja quais são e onde e quando tomar:

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Influenza: disponível durante as campanhas anuais contra a gripe nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Cries). Deve ser aplicada uma vez por ano.

Haemophilus influenzae tipo B: as crianças tomam em três doses: aos 2, 4 e 6 meses de vida. Para quem não tiver aplicado nessa idade, recomenda-se apenas uma dose. Os menores de 5 anos podem recebê-la nas UBSs e, após esse período, no Crie até os 19 anos.

Hepatite B: é aplicada em três doses, com 0, 1 e 6 meses de vida, nas UBSs e nos Cries.

Varicela: é aplicada em duas doses, sendo que a primeira é dada como parte da tetraviral, que também protege contra sarampo, rubéola e caxumba. A primeira injeção é recebida aos 15 meses e, a segunda, aos 4 anos de idade. Está disponível nas UBSs e Cries.

Pneumocócicas: existem duas vacinas pneumocócicas conjugadas, a VPC10, disponível na rede pública, e a VPC13, apenas na rede privada. A VPC10 é aplicada nos Cries em três doses, aos 2, 4 e 6 meses, com um reforço entre 12 e 15 meses de idade.

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Já a VPC13 pode ser dada para a meninada de 1 a 6 anos incompletos em duas doses com intervalo de dois meses, mesmo que já tenham tomado a VPC10 corretamente. Depois dessa idade, a VPC13 é dada em apenas uma agulhada.

Herpes zóster: essa é a única que está disponível somente na rede privada. Deve ser aplicada em uma dose, a partir dos 50 anos.

Para tomar as injeções nos Cries, os médicos precisam fazer uma prescrição, pontuando que o paciente é portador da condição crônica.

Cabe ressaltar que os Cries existem em todos os estados do Brasil, incluindo o Distrito Federal. Porém, esses centros não estão em todos os municípios. “Nesses casos, a UBS pede a vacina ao Crie do estado e eles enviam para o posto da cidade”, orienta a pediatra Isabella Ballalai, vice-presidente da Sbim.

Apesar de ainda não fazer parte do calendário específico da doença, o imunizante contra a Covid-19 também é fundamental para essa população. Tanto que ela foi considerada como grupo prioritário pelo Ministério da Saúde para receber a picada.

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Quais os riscos de não tomar essas vacinas

Os imunizantes são necessários para todas as pessoas. No entanto, em sujeitos com problemas crônicos, elas se tornam ainda mais essenciais.

“O diabetes coloca o indivíduo em uma condição de maior vulnerabilidade imunológica. Se for infectado e não estiver protegido, as doenças podem ter um comportamento mais grave”, explica Hermelinda.

De acordo com a Sbim, diabéticos correm um risco 1,4 vez maior de contrair pneumonia e até 4,6 vezes maior de desenvolver enfermidades pneumocócicas mais graves, como meningite. Elas também têm o dobro de probabilidade de sofrer complicações de problemas do fígado causados pelo vírus da hepatite B.

Além disso, segundo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, das 820 pessoas que morreram por gripe em 2019 e que tinham alguma comorbidade (73,1% do total), 27,9% possuíam diabetes. Esse foi o terceiro principal fator de risco entre os óbitos, ficando atrás apenas de idade avançada e doença vascular crônica.

Por isso, é de suma importância que os diabéticos, tanto do tipo 1 como do 2, mantenham sua caderneta de vacinação em dia. A profissional da SBD reforça a necessidade de espalhar essa mensagem entre os profissionais de saúde e a população. “É fundamental investir em educação”, finaliza a endocrinologista.

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