Morte de Miguel Ángel Russo: quando um câncer de próstata pode ser fatal?
Doença conhecida pela progressão lenta pode levar a complicações fatais quando surge relativamente cedo e já se espalhou para outros órgãos

O técnico de futebol argentino Miguel Ángel Russo, que comandava o Boca Juniors, morreu nesta quarta-feira (8), aos 69 anos, por complicações associadas a um câncer de próstata.
Geralmente considerado uma doença de progressão lenta, esse tumor costuma ter boas possibilidades de cura e sobrevida quando é detectado precocemente. No entanto, o prognóstico pode se tornar pior quando há indícios de que as células cancerígenas atingiram órgãos vizinhos ou já ocorreu metástase para tecidos distantes.
Russo, que estava afastado do comando do Boca devido ao agravamento dos problemas de saúde nas últimas semanas, vinha enfrentando a doença desde 2017.
Quando o câncer de próstata pode matar
O câncer de próstata ocorre quando células tumorais malignas começam a se reproduzir de forma descontrolada nessa glândula, que só existe no corpo masculino. Embora possa ocorrer em qualquer idade, a doença é extremamente rara na juventude, e a maioria dos diagnósticos ocorre após os 50 anos.
O câncer costuma ter bom prognóstico devido à característica da maioria dos casos: o tumor tende a se espalhar lentamente e, por muito tempo, fica contido na própria próstata. Como a glândula não é essencial à vida, uma cirurgia para removê-la pode, muitas vezes, solucionar o problema antes que ele comece a afetar outras partes do corpo.
Quando detectado e tratado precocemente, o tumor na próstata tem uma taxa de sobrevida cinco anos após o diagnóstico que se aproxima dos 99%.
No entanto, o câncer de próstata pode seguir causando complicações de saúde que levam à morte se as células cancerígenas já se espalharam para tecidos próximos ou distantes. Esse foi o caso de Miguel Ángel Russo, que em 2017 foi diagnosticado paralelamente com câncer na próstata e na bexiga, um indício de que a doença já estava mais avançada.
Ele realizou cirurgia na ocasião, mas o câncer seguiu presente, alternando a períodos de remissão e piora nos oito anos seguintes.
Prevenção e tratamento do câncer de próstata
A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que todos os homens realizem exames anuais de rastreamento para o câncer de próstata a partir dos 50 anos. A idade é antecipada para 45 anos em populações nas quais há um risco maior da doença, o que inclui pessoas com histórico familiar desse câncer ou afrodescendentes.
Métodos típicos para monitorar a saúde da próstata incluem o exame do toque retal e a medição, com exame de sangue, dos níveis do antígeno prostático específico (PSA), um biomarcador cujas alterações são associadas ao câncer. Exames de imagem também podem verificar alterações de tamanho na glândula.
Suspeitas de câncer, porém, costumam sempre exigir a realização de uma biópsia para avaliar o caso. Isso porque nem sempre um aumento da próstata é associado a um tumor maligno: podem ser casos de infecção ou uma hiperplasia benigna.
Uma vez diagnosticado o câncer, o tratamento pode variar de acordo com as características do tumor, quão avançado ele está, e aspectos como a idade e a saúde geral do paciente. Riscos e benefícios de cada abordagem devem ser avaliados individualmente. Se a doença só surge em idades muito avançadas ou tem um escore de risco baixo, pode ser adotada uma postura expectante, monitorando o câncer sem realizar um tratamento específico.
Quando o câncer é descoberto mais cedo e tem mais chance de se espalhar, a indicação costuma ser tratar o quanto antes, para prevenir complicações. A preferência costuma ser a realização de uma cirurgia para remoção total ou parcial da glândula, conhecida como prostatectomia.
Se o câncer está contido na próstata, essa muitas vezes pode ser a única abordagem necessária. No entanto, diante da suspeita ou confirmação do espalhamento do tumor, podem ser indicados métodos complementares como radioterapia, braquiterapia e quimioterapia, conforme avaliação médica.