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Metilação do DNA: o que é e quais são seus impactos para o envelhecimento

Entenda o que é esse processo genético e se há alguma relação com a alimentação

Por Lucas Rocha
9 set 2024, 10h44
transtorno esquizotípico
A metilação do DNA é associada ao controle da expressão de genes (Ilustração: GI/Getty Images)
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A metilação do DNA é um tipo específico de alteração no material genético humano que não modifica a sequência do DNA, mas traz impactos importantes para o organismo.

Ela envolve reações químicas e é associada ao controle da expressão de genes. Em linhas gerais, a expressão pode ser explicada como a atividade de um gene: mais expresso = mais ativo. Esse processo pode afetar diferentes mecanismos do corpo, como o metabolismo, a produção de energia e o processo de envelhecimento, por exemplo.

“Há poucos anos, pesquisadores perceberam que existiam padrões específicos de metilação do DNA em função da idade das pessoas. Então, quanto mais novo ou mais velho, as regiões do DNA que estavam sofrendo essa metilação eram diferentes”, explica o médico geneticista Ricardo di Lazzaro, diretor médico da Dasa Genômica.

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O especialista detalha que, a partir desses estudos, foi desenvolvida uma série de algoritmos, também chamados de relógios biológicos, que conseguem estimar a idade de uma pessoa, de uma célula ou de um tecido com base nesse tipo de reação.

“É importante dizer que esse é um processo fluido, que vai acontecendo em cada uma das nossas células. Elas vão sendo metiladas ou não em regiões específicas, isso em função de vários fatores, do próprio desenvolvimento, da diferenciação da célula para um tecido ou para outro ou de danos no DNA”, pontua di Lazzaro.

Nos últimos anos, a ciência tem se dedicado à investigação de como os hábitos de vida podem interferir nas reações que envolvem o nosso DNA. Estudos relatam, por exemplo, que níveis aumentados de metilação estão associados ao envelhecimento.

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Mas ainda não se sabe muito bem a precisão dessa medida, suas variações individuais ou o impacto disso na vida real.

Ser vegano diminui a metilação do DNA?

Um estudo recente que fez sucesso na internet aponta que a dieta vegana pode interferir nesse jogo, atrasando os ponteiros do relógio biológico. O ensaio clínico, publicado no periódico BMC Medicine, tem como base um conjunto de análises de 21 pares de gêmeos idênticos adultos.

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Ao longo de oito semanas, metade de cada par de gêmeos se alimentou a partir de um regime onívoro incluindo entre 170 e 225 gramas de carne, um ovo e uma porção e meia de laticínios por dia. No mesmo período, a outra metade se abasteceu de uma dieta à base de plantas. Os participantes tinham 40 anos em média e a amostra foi de 77% de mulheres.

Os efeitos moleculares foram avaliados a partir de amostras de sangue coletadas na quarta e na oitava semana do estudo. Os níveis de metilação do DNA foram então utilizados para inferir as idades biológicas dos participantes.

Ao final, os cientistas observaram reduções na estimativa da idade biológica, conhecido tecnicamente como relógios de envelhecimento epigenéticos entre voluntários da dieta vegana, mas não entre os demais.

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“Nas medições, foi visto que na média houve uma redução do envelhecimento daqueles gêmeos que passaram a consumir uma dieta vegana. Uma coisa que é importante aqui é mencionar que ainda não existe uma clareza, um consenso científico sobre esses relógios biológicos e qual é a sua relação com o envelhecimento“, pondera o geneticista da Dasa.

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O especialista destaca que são notáveis os resultados positivos de dietas à base de plantas. Contudo, é preciso cautela quanto a cravar qualquer tipo de rejuvenescimento nesse contexto.

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“É importante ter uma dieta sempre bastante balanceada, consumindo todos os componentes nutricionais importantes e, com certeza, a quantidade de proteínas e de vitamina B12, que muitas vezes acabam ficando deficientes em algumas dietas veganas”, frisa o médico.

Pesquisas também investigam a correlação entre mudanças de padrões de metilação e o desenvolvimento do câncer. São analisadas questões como as consequências concretas do fenômeno em diferentes tipos de tumores, efeitos da exposição a diferentes compostos ambientes para as alterações no DNA, além de potenciais terapias genéticas para o combate à doença.

“Existem padrões alterados de metilação em certos cânceres, seja causando um dano na atividade de genes que ajudam a suprimir o tumor, ou, ao contrário, uma baixa metilação nos genes que aumentam a chance de que ele cresça”, resume di Lazzaro.

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