Melatonina pode trazer risco ao coração? Entenda alerta de entidade americana
Associação de cardiologistas divulgou estudo preliminar associando uso prolongado de melatonina ao risco de insuficiência cardíaca
O uso continuado da melatonina, um suplemento comum utilizado (mesmo com controvérsias) para ajudar a pegar no sono, pode estar associado ao desenvolvimento de problemas de saúde, incluindo um risco aumentado de insuficiência cardíaca.
Ao menos, é o que sugere uma pesquisa preliminar apresentada nesta segunda-feira (3) pela American Heart Association (AHA), uma das principais entidades de pesquisa em cardiologia dos Estados Unidos.
O estudo se baseia nos registros de mais de 130 mil pacientes adultos com insônia que utilizaram melatonina por um período prolongado, encontrando uma correlação entre a suplementação e desfechos de saúde negativos, incluindo um maior risco de morte.
Mais pesquisas são necessárias para entender se há realmente uma relação de causa e efeito entre o suplemento e os números observados no trabalho.
No entanto, caso seja confirmada, essa influência pode mudar a forma como a melatonina tem sido utilizada: por se basear em um hormônio produzido naturalmente pelo nosso corpo, a suplementação costuma ser vista como relativamente segura e é comercializada até mesmo sem prescrição médica.
Entenda melhor os achados da AHA.
+Leia também: Melatonina: o que é e para que serve
O que os pesquisadores descobriram
O achado mais alarmante do estudo se refere a um risco ampliado de falência cardíaca pelo uso prolongado de melatonina.
Segundo os pesquisadores, 4,6% dos pacientes com histórico conhecido de usar o suplemento por 12 meses ou mais apresentaram um evento de falência cardíaca nos cinco anos seguintes, contra 2,7% daqueles que não a utilizavam. A diferença equivale a uma chance 90% maior de falência cardíaca no grupo que fez a suplementação.
O risco de hospitalização por falência cardíaca também foi 3,5 vezes maior no grupo com uso conhecido de melatonina a longo prazo: cerca de 19% dos pacientes utilizando o suplemento precisaram ser hospitalizados por esse problema, contra 6,6% daqueles sem histórico de consumir a melatonina.
Quanto ao risco de morte em geral, em uma janela de cinco anos, 7,8% dos pacientes que utilizaram a melatonina acabaram vindo a óbito por qualquer causa, contra 4,3% no outro grupo.
Apesar de indicar a necessidade de pesquisas mais aprofundadas sobre os riscos em potencial dessa suplementação, a pesquisa tem diversas limitações que exigem que os resultados sejam lidos com cautela.
Limitações do estudo
O trabalho não conseguiu determinar uma relação de causa e efeito entre a suplementação de melatonina e os riscos ampliados de insuficiência cardíaca e morte. Além disso, trata-se de uma pesquisa inicial apresentada em uma reunião científica da AHA, e não um estudo publicado em um periódico especializado após ser revisado por pares.
Uma das grandes limitações do trabalho é a ausência de uma diferenciação clara entre pacientes que efetivamente usaram ou não a melatonina. Na base de dados utilizada, foram considerados casos de países onde a melatonina é vendida com e sem prescrição médica e, no caso destes últimos, nem sempre há comprovação de que os pacientes consumiam o suplemento.
Ou seja: muitas pessoas que utilizam a melatonina podem ter sido erroneamente classificadas como não usuárias, gerando resultados enganosos.
Os pesquisadores também não tiveram acesso a outras informações relevantes sobre comorbidades que podem ter influenciado os resultados negativos, como a gravidade da insônia ou a presença de outros transtornos psiquiátricos.
Ainda, os distúrbios de sono são grandes fatores de risco para doenças cardíacas. Ou seja, se as pessoas que tomaram melatonina tinham problemas sérios para dormir, isso por si só poderia elevar a taxa de mortalidade entre elas.
Chá da folha de pitanga: para que serve e como fazer
Semente de abóbora: conheça os benefícios e como usá-la
Lô Borges: entenda as causas da morte do fundador do Clube da Esquina
Chá de cajá: descubra se há benefícios na infusão das folhas da cajazeira
“Mounjaro do Paraguai”: entenda os riscos de canetas emagrecedoras sem regulamentação







