Laudos a distância ampliam acesso a exames
Os avanços da telemedicina podem propiciar mais agilidade qualidade diagnóstica, além de redução de custos

Em 2022, em iniciativa premiada, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP) deu início a testes com o uso da quinta geração de redes móveis de dados, o 5G, para a realização de exames de imagem com laudos sendo emitidos remotamente.
Na ocasião, em entrevista à revista VEJA SAÚDE, Giovanni Guido Cerri, presidente do Conselho do Instituto de Radiologia e do Conselho de Inovação (InovaHC) justificou:
“O 5G não pode ser um instrumento para aumentar a desigualdade. Por isso desenvolvemos uma rede independente a fim de democratizar a medicina, ponto fundamental quando se fala em saúde digital”.
Com o objetivo de vencer obstáculos como falta de estrutura e equipamentos, assim como a limitação de acesso a profissionais especializados, a equipe avaliou a estratégia em ultrassonografias.
Utilizando antenas de 5G para conectar diferentes ambientes, foram transmitidas imagens em tempo real, com um especialista em uma das pontas orientando a execução do exame e produzindo laudo a partir das informações recebidas.
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Dois anos depois, a experiência se repetia, desta vez a partir do Parque Indígena do Xingu, em Mato Grosso, onde no centro de saúde local um profissional indígena realizou o ultrassom seguindo instruções de médicos instalados no HC, em São Paulo.
O procedimento, relatado em reportagem da revista VEJA, tinha como propósito levar essa ferramenta diagnóstica à população do Xingu, ajudando a diminuir a fila de atendimentos.
Propostas como essas vão se tornando uma realidade graças a tecnologias de telecomunicação e transmissão de dados que impulsionaram a telemedicina e permitem inclusive que especialistas não apenas analisem as imagens e produzam os laudos, como também possam controlar remotamente a máquina usada no procedimento.
Além de viabilizar a chegada desse tipo de exame a locais distantes, vencendo barreiras de assistência à saúde, a inovação otimiza processos, possibilita capacitação de equipes, assim como proporciona redução de custos em todo o ecossistema de saúde.
Em outro exemplo, uma equipe da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) criou uma modalidade de espirometria a distância. Esse teste, que avalia a função pulmonar e é importante recurso para o diagnóstico de problemas respiratórios, está disponível em poucos centros do sistema público de saúde, sendo ainda mais raro em lugares distantes das capitais e grandes cidades.
Com o programa desenvolvido no Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da UFMG, técnicos de diferentes localidades passam por treinamento teórico e prático, habilitando-se a utilizar o espirômêtro em suas respectivas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e a transmitir os dados em tempo real para pneumologistas do HC, responsáveis por emitir o laudo remotamente e a fornecer a teleconsultoria.
Iniciativas com caráter assistencial em saúde pública são analisadas pelos jurados de Medicina Social, uma das sete categorias do Prêmio Veja Saúde Oncoclínicas de Inovação Médica, cuja edição 2025 está em andamento e anunciará os vencedores em cerimônia no dia 5 de setembro.
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