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Instabilidade política e desigualdade aceleram envelhecimento, diz estudo

Envelhecer bem não é só questão de genética e comportamento. Entenda o papel da democracia, da equidade e da preservação da natureza na saúde do cérebro

Por Larissa Beani Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 12 ago 2025, 14h09 - Publicado em 12 ago 2025, 10h19
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Desigualdade social e instabilidade política aceleram o envelhecimento, indica pesquisa com coautoria brasileira (Kindel Media/Pexels)
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Enfraquecimento da democracia, desigualdade social e poluição atmosférica são três fatores que aceleram substancialmente o envelhecimento da população, conclui estudo publicado na prestigiada revista científicaNature Medicine.

A pesquisa avaliou dados de mais de 160 mil pessoas de 40 países das Américas, Europa, África e Ásia. O intuito era ter um panorama global de como fatores ambientais influenciam a longevidade humana.

“O que estudamos foi o expossoma, isto é, o conjunto de fatores que não são determinados pela genética aos quais uma pessoa é exposta ao longo da vida — como condições climáticas, sociais e até políticas“, explica o neurologista Wyllians Borelli, do Hospital Moinhos de Vento, e coautor do estudo.

Esses fatores foram, então, comparados à diferença entre a idade cronológica (contada nos aniversários) e a biológica (que o corpo demonstra ter) dos participantes.

A diferença entre as duas idades é chamada de lacuna de idade biocomportamental (BBAGs, na sigla em inglês), e leva em consideração parâmetros de cognição, funcionalidade e fatores de risco (problemas cardíacos, distúrbios metabólicos etc).

Levando tudo isso em consideração, os pesquisadores observaram que é possível envelhecer mais rápido a depender de onde e como você vive. E isso aumenta, inclusive, o risco de declínio cognitivo e funcional no futuro.

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Discutir esse tema se faz extremamente necessário no cenário atual, em que diversos países ao redor do mundo enfrentam níveis críticos de poluição, desigualdade no acesso à saúde e ameaças políticas. “Democracia, equidade e preservação ambiental fazem bem para o cérebro”, resume Borelli, também colunista de VEJA SAÚDE.

Em comunicado à imprensa, Hernan Hernandez, neurocientista da Universidade Adolfo Ibañez, no Chile, e coautor do estudo, destaca a conclusão. Isto não é uma metáfora: as condições ambientais e políticas deixam impressões digitais mensuráveis em 40 países, revelando um claro gradiente de envelhecimento acelerado da África para a América Latina, Ásia e Europa”, afirma.

+ Leia também: Mais de 80% dos casos de demência no Brasil não são diagnosticados

Envelhecimento ao redor do mundo

No geral, o BBAG (a diferença entre a idade biológica e cronológica) costuma ser pequena, mas nossos hábitos e o ambiente ao qual somos expostos pode acelerar ou atrasar o processo de envelhecimento (aumentando ou diminuindo essa disparidade). É o que foi visto em diferentes regiões do planeta.

Segundo a análise, a Europa tem o padrão de envelhecimento mais saudável do planeta. Mesmo assim, há desigualdades internas. No continente europeu, países do Leste e do Sul tem uma taxa de envelhecimento mais acelerada do que as potências do Oeste e do Norte.

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Globalmente, as nações que registraram envelhecimento mais rápido foram o Egito e a África do Sul. Países da Ásia e da América Latina, incluindo o Brasil, ficaram em um nível intermediário.

Os pesquisadores identificaram uma série de problemas sociais, políticos e ambientais que se relacionam a esses padrões.

A principal ameaça ambiental foi a poluição do ar, enquanto os problemas sociais abrangem desigualdade econômica, de gênero e migrações. Quando o assunto é política, a falta de representação, a liberdade partidária limitada, as restrições ao direito de voto e o enfraquecimento da democracia são fatores potencialmente adoecedores.

+ Leia também: Envelhecimento saudável exige também uma nova mentalidade

Agir para prevenir

Com isso, o estudo mostra longevidade não é apenas uma questão genética e comportamental.

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“O envelhecimento saudável ou acelerado de uma pessoa é moldado não apenas pelas escolhas individuais ou pela biologia, mas também pelos seus ambientes físico, social e político — e esses efeitos variam muito entre os países”, afirma Sandra Baez, neurocientista colombiana que trabalha no Trinity College Dublin, na Irlanda. 

Por isso, os autores ressaltam a importância de organizações internacionais e governos garantirem a soberania de instituições democráticas e fortalecerem políticas de combate à devastação ambiental, mitigando queimadas, desmatamento e exploração ilegal, por exemplo.

“Nós estamos vivendo cada vez mais e, para cuidar da nossa saúde a longo prazo, também devemos fazer escolhas políticas mais conscientes e prudentes”, reflete Borelli. “É uma forma de prevenir problemas relacionados ao envelhecimento, como a demência, e dar melhores condições para lidar com eles”.

Com o envelhecimento populacional, os autores ressaltam a importância de organizações internacionais e governos garantirem a soberania de instituições democráticas e fortalecerem políticas que combate à devastação ambiental, mitigando queimadas, desmatamento e exploração ilegal, por exemplo.

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