O herpes é uma doença viral que se manifesta por pequenas bolhas agrupadas na pele. Ele é causado pelo vírus herpes simplex, que possui diversas cepas. É mais comum que o tipo 1 surja nos lábios (herpes labial), e o 2 nos órgãos sexuais. Ambos causam lesões.
“Essa relação da versão do vírus com a região do corpo já não é tão exata, porque a prática de sexo oral tem levado o tipo 1 à genitália também”, pondera Lucas Olivotti, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade Pro Matre Paulista.
Qualquer indivíduo, de todas as idades, está sujeito ao contágio, e a prevalência mundial da doença é alta. Estima-se que, no mundo, 400 milhões de pessoas estejam infectadas pelo tipo 2 desse vírus, segundo a Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Mas nem todas manifestam as lesões.
“A infecção é comum em mulheres e pacientes que iniciaram a atividade sexual precocemente”, pontua o médico do Pro Matre.
Como o herpes genital é transmitido?
Em geral, isso acontece através do toque direto com lesões já presentes na pele ou nas mucosas. O período de incubação do vírus é curto, de dois a sete dias.
Há quem seja contaminado pelo vírus, mas não apresente sintomas de imediato. Mesmo assim, ainda pode passá-lo adiante.
“O contágio ocorre por meio do contato com secreções da vagina, do pênis, do ânus ou com o fluido oral de alguém infectado pelo vírus”, explica Caroline Goretti, ginecologista da Casa de Saúde São José, do Rio de Janeiro.
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Quais são os sintomas do herpes genital?
Alguns indícios são:
- Febre
- Mal-estar
- Linfonodomegalias (ínguas)
- Dor no local
- Coceira
- Vermelhidão e lesões de diferentes aspectos, que mudam conforme o estágio da infecção
Os primeiros sinais da doença são formigamento ou desconforto no local. “Cerca de 12 a 24 horas após o contágio surgem pequenas vesículas que se agrupam sobre uma base avermelhada. A região coça, e as bolhas tendem a progredir para úlcera nos próximos dois a três dias, quando a dor aumenta”, descreve Caroline.
Esses incômodos têm seu ápice entre o sétimo e o décimo dia. O ciclo completo pode durar até três semanas, e tende a ser mais longo para imunossuprimidos.
A primeira infecção de uma pessoa por herpes é um pouco mais sofrida, segundo os médicos.
Como é feito o diagnóstico e qual é o tratamento?
Herpes não têm cura. Uma vez que se instala no organismo, ele sempre pode voltar a atacar – daí porque seus sintomas podem ser recorrentes. No entanto, há tratamento para aliviar os sintomas.
O médico faz o diagnóstico do herpes no consultório, a partir de um exame físico. Se houver muita dúvida, é possível solicitar testes de laboratório. Isso não é comum, segundo os especialistas, até porque não há necessidade de identificar o tipo de vírus para indicar o melhor tratamento.
“Sugerimos medicamentos tópicos, como pomadas, e higienização do local. Em alguns casos, usamos antivirais para impedir a multiplicação do vírus, e antibióticos se houver risco de uma infecção bacteriana”, explica Olivotti.
Sem nenhum tratamento, as lesões podem até desaparecer no prazo de três semanas, mas esse período tende a ser sofrido.
Não estourar as vesículas e não fazer sexo durante o período em que a lesão está ativa são atitudes primordiais. Há riscos de complicações em alguns casos.
“Sem cuidados, pode haver retenção urinária ou disfunção do sistema nervoso autônomo e a disseminação do vírus no fígado, no pulmão e nas meninges”, alerta Caroline.
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Como evitar a recorrência das lesões?
Uma vez infectado, o indivíduo com o vírus do herpes pode ver as lesões se manifestarem mais de uma vez. Para evitar essa repetição, não há outro caminho a não ser cuidar da imunidade.
“Isso significa manter uma alimentação saudável, dormir bem e controlar o estresse como for possível”, exemplifica o ginecologista da Pro Matre.
Como prevenir o herpes?
- Evite contato com as lesões
- Use preservativo nas relações sexuais
- Mantenha uma dieta equilibrada e outros hábitos de vida saudáveis
- Evite compartilhar objetos íntimos que possam estar infectados
Quais são os riscos do herpes durante a gravidez?
Há a possibilidade de surgir lesões de herpes durante uma gestação, e o cuidado, nesse caso, precisa ser redobrado. O risco aqui é transmitir o vírus para o bebê, o que pode ser fatal. No corpo da criança, ele evolui para meningite, meningoencefalite (inflamação no cérebro) e doenças oculares graves.
“No início da gestação, há o risco de aborto e, no fim, especialmente na semana do parto, é indicada a cesária, para que o bebê não entre em contato com a lesão”, explica Olivotti.
Se a mulher souber que tem o vírus encubado, deve avisar o médico. “No pré-natal, já ficamos alerta. Ao indício de qualquer sintoma, entramos com medicação para tentar evitar que o vírus chegue até o útero”, informa o médico.