Dia das Mães: Assine a partir de 10,99/mês

Exame dos olhos poderá ajudar a prever o risco de derrame

Futuramente, abordagem poderá ser aplicada em unidades de saúde com poucos recursos, argumentam os cientistas

Por Lucas Rocha Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
23 jan 2025, 17h30
transplante-de-córnea
Novo estudo indica que uma análise da retina pode ajudar a prever o risco de derrame (Foto: Brands&People/Unsplash/Divulgação)
Continua após publicidade

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo. Apenas no Brasil o derrame está associado a cerca de 100 mil óbitos por ano, de acordo com o Ministério da Saúde.

Diante de um episódio, a agilidade no atendimento médico amplia as chances de sobrevivência e recuperação do paciente. Um novo estudo indica que um teste ocular pode ajudar a prever o risco do problema.

Publicada no periódico Heart, a pesquisa sugere que uma espécie de “impressão digital” vascular na retina pode estimar a probabilidade de derrame com a mesma precisão que os fatores de risco tradicionais, mas sem a necessidade de testes laboratoriais invasivos.

O médico cardiologista Eduardo Lima, do Hospital Nove de Julho, explica que predizer as chances de um AVC nem sempre é algo simples. Atualmente, são utilizadas diferentes ferramentas preconizadas por sociedades médicas, que auxiliam os profissionais na estratificação do risco.

+ Leia também: Estimulação cerebral tem resultados promissores na reabilitação após o AVC

Contudo, a realização dessa estimativa pode variar de acordo com características populacionais e o tipo de derrame associado. A maioria dos casos é causada por fatores de risco modificáveis, como pressão alta, colesterol alto, dieta inadequada e tabagismo.

“Esse estudo apresenta uma ferramenta personalizada. Nos resultados, eles comparam o poder de predição dessa tecnologia, usando inteligência artificial, versus os scores tradicionais. O trabalho mostra que, usando essa metodologia de mapeamento da retina, é possível melhorar a capacidade de previsão”, resume Lima.

Continua após a publicidade

Segundo os autores, essa “impressão”, que compreende 29 indicadores de saúde vascular, é uma abordagem prática, ideal para implementação em unidades com poucos recursos.

A intrincada rede vascular da retina é conhecida por compartilhar características anatômicas e fisiológicas comuns com a vasculatura do cérebro. Essa semelhança a torna uma via possível para avaliação danos causados ​​por problemas de saúde sistêmicos, como diabetes, segundo os cientistas.

No entanto, o seu potencial para previsão de risco de AVC não foi totalmente explorado, devido a descobertas variáveis ​​de estudos e uso inconsistente da técnica de imagem especializada para o fundo do olho.

+ Leia também: Eletrocardiograma para uso em casa detecta alterações e reduz risco para AVC

Para aprofundar a análise, os especialistas mediram 30 indicadores em cinco categorias de arquitetura vascular da retina, a partir de imagens oculares de mais de 68 mil participantes da base de uma ampla base dados biológicos britânica.

Continua após a publicidade

Foram avaliados calibre (comprimento, diâmetro, proporção), densidade, torção, ângulo de ramificação e complexidade das veias e artérias. P estudo levou em conta fatores de risco potencialmente importantes, como fatores demográficos e socioeconômicos, estilo de vida, além de parâmetros de saúde, como pressão arterial, colesterol, indicador de glicemia e índice de massa corporal (IMC).

A análise final incluiu mais de 45 mil indivíduos, com idade média de 55 anos. Durante um período médio de monitoramento de 12,5 anos, 749 participantes tiveram um AVC.

De acordo com a pesquisa, em geral foram afetadas pessoas significativamente mais velhas, do sexo masculino, fumantes e diabéticas. Elas também apresentavam peso superior, tinham pressão arterial mais alta e níveis mais baixos de colesterol “bom”, todos fatores de risco conhecidos para derrame.

No que diz respeito aos indicadores vasculares da retina, cada mudança no quesito densidade se mostrou associada a um risco aumentado de derrame de 10 a 19%. Enquanto alterações semelhantes no contexto de calibre revelaram um crescimento na probabilidade de 10 a 14%.

Continua após a publicidade

Vale destacar que trata-se de um estudo observacional e, portanto, nenhuma conclusão pode ser tirada sobre causa e efeito.

“Claro, nos entusiasmamos com esse tipo de metodologia, mas para ela ser aplicada na prática clínica é interessante que sejam realizados novos estudos. Como, por exemplo, uma pesquisa de aplicação da ferramenta com a avaliação de possíveis mudanças de conduta ou, eventualmente, uma redução de eventos, no caso, o AVC”, conclui Lima.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.