Estado de São Paulo registra aumento de casos de escarlatina; entenda
De janeiro a outubro, foram notificados 31 surtos da doença bacteriana, número superior ao do ano passado, quando foram detectados apenas quatro
O estado de São Paulo registra um aumento no número de casos de escarlatina em 2023. De janeiro a outubro, foram notificados 31 surtos da doença bacteriana, número significativamente superior ao do ano passado, quando foram detectados apenas quatro.
As informações são da Secretaria de Estado da Saúde (SES), que informa que a escarlatina é uma doença cíclica, podendo ter períodos com mais e outros com menos notificações. O número de casos deste ano não foi informado pela pasta, que afirmou que a doença é de notificação compulsória apenas em surtos.
“Por ser uma doença respiratória, esta época do ano, em que há variações de temperatura, favorece a transmissão, principalmente entre crianças”, descreve o órgão em nota.
“O recente aumento pode ser atribuído a fatores como mudança das cepas bacterianas em circulação, o que é muito comum, ou redução da imunidade coletiva por causa da falta de contato com a bactéria Streptococcus pyogenes, causadora da doença, durante o isolamento da pandemia de Covid-19″, afirma o médico infectologista Cezar Riche, do Laboratório Exame de Porto Alegre, que faz parte da Dasa.
A situação atual preocupa os pais, que devem mesmo ficar atentos aos sintomas da infecção, mas não é fora do comum, faz parte da epidemiologia natural da doença.
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O que é a escarlatina?
A escarlatina é uma doença infecciosa e contagiosa causada pela bactéria Streptococcus pyogenes. A transmissão ocorre de pessoa para pessoa, através de gotículas de saliva ou secreções contaminadas.
O micro-organismo também é responsável por diversas outras infecções como faringite bacteriana, impetigo e erisipela.
“Entretanto, é importante destacar que nem todas as pessoas vão desenvolver a escarlatina, ela ocorre em aproximadamente 10% dos casos de faringite por S. pyogenes, em pessoas que apresentam sensibilidade às toxinas produzidas pela bactéria”, diz o infectologista.
A escarlatina é mais comum dos 5 aos 15 anos de idade.
“Acredita-se que isso se deve a uma combinação de fatores: a imaturidade do sistema imune, a alta taxa de contato com outros indivíduos, especialmente em ambientes escolares, e uma menor exposição prévia a essas bactérias”, detalha Riche.
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Sintomas e risco de complicações
Os principais sintomas da escarlatina incluem dor de garganta, febre e lesões vermelhas e ásperas na pele, que geralmente começam no peito e se espalham.
A doença também faz a língua ficar vermelha e áspera, situação conhecida como “língua em framboesa”, e pode deixar as bochechas vermelhas, com palidez ao redor da boca. Algumas pessoas relatam dor de cabeça, náuseas e vômitos.
O diagnóstico é feito a partir da observação clínica pelo médico e deve ser confirmado laboratorialmente pela coleta de amostra da garganta com uso de swab, aquele cotonete amplamente utilizado no teste de Covid-19.
Em geral, os indivíduos respondem bem ao tratamento. No entanto, em alguns casos, a bactéria pode se disseminar para outros pontos do organismo causando inflamações em áreas como ouvidos, seios da face (sinusite), laringe e nas membranas que revestem o encéfalo (meningite).
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Como prevenir e tratar?
A prevenção envolve medidas de higiene pessoal, como lavar as mãos e evitar compartilhar utensílios e toalhas.
O tratamento é feito com antibióticos a partir de recomendação médica. A penicilina elimina os estreptococos, evita complicações, previne a febre e diminui a possibilidade de aparecimento de lesão renal.
“É importante também manter a criança doente em casa por até 24 horas após o início do tratamento, visando evitar a propagação da infecção”, diz Riche.