Dinheiro investido em saúde gera aumento do PIB, diz estudo
Cada real direcionado à saúde pública dá um retorno de R$ 1,61 em bens e serviços, além de diminuir os gastos médicos das famílias brasileiras
Gasto ou investimento? A forma como gestores públicos encaram a saúde impacta diretamente em quanto dinheiro será destinado a melhoria dos serviços, e isso faz diferença não apenas para o bem-estar da população.
Segundo um estudo desenvolvido pelo HTopics, com apoio da Roche Farma Brasil, a resposta é clara: direcionar recursos públicos para a saúde é um investimento para o país. A cada R$ 1 destinado à saúde pública, R$ 1,61 retornam para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
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Os pesquisadores chamaram o resultado de “efeito multiplicador”, uma vez que os recursos investidos nessa área se multiplicam de diversas formas na nossa economia, como pelo aumento da geração de empregos e da produtividade dos trabalhadores, além do bem-estar das famílias, principalmente as mais pobres.
“Observar isso é importante para que o sistema público de saúde seja valorizado e fortalecido”, afirma o farmacêutico Everton Macêdo, coordenador do estudo e pesquisador em economia da saúde em instituições francesas.
A lógica é simples: o dinheiro investido em saúde gera um incremento na produção de bens e serviços do setor, que, por sua vez, resulta em mais oportunidades de emprego e de lucro. O investimento faz com que economia circule e atrai novas aplicações no futuro.
Além do ganho nacional, o estudo identificou também benefícios às finanças domésticas: cada real investido em saúde pública pode gera um retorno de R$ 1,26 na renda para as famílias.
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“Quando as famílias deixam de ter tantos gastos médicos, elas podem destinar sua renda ao consumo e a outras demandas, o que fortalece a economia de maneira ampla e sustentável”, explica Macêdo.
De acordo com o levantamento, os frutos do investimento em saúde são melhor percebidos por quem ganha até R$ 1.200 por mês. Essa parcela da população utiliza mais de 80% dos recursos aplicados em saúde no sistema público.
Instrumento para o futuro
Segundo os responsáveis pela pesquisa, há mais de uma década não haviam análises para avaliar o peso do investimento em saúde na economia.
Foram consideradas 110 variáveis econômicas para chegar ao resultado, que pode ser utilizado por gestores públicos e privados para examinar com mais precisão quais setores precisam de recursos e quais populações estão em maior vulnerabilidade.
Os dados usados para o levantamento são de 2021, mas a metodologia pode ser reaplicada a qualquer período. “A ideia é que ela se torne uma ferramenta para identificar como gastos em saúde podem ajudar a diminuir as desigualdades no Brasil, a partir de diferente recortes sociais e geográficos”, conclui o especialista em economia da saúde.