Dia Mundial da Saúde Ocular: veja dicas e cuidados com os olhos
Doenças oftalmológicas estão associadas a diversos fatores, incluindo componentes genéticos e estilo de vida
Olhos vermelhos e lacrimejando, visão embaçada, sensibilidade à luz e dores de cabeça. Estes são apenas alguns dos sinais de que a saúde ocular pode precisar de atenção.
O Dia Mundial da Saúde Ocular, celebrado nesta segunda-feira, 10, destaca como o cuidado com os olhos desde o início da vida pode prevenir várias doenças, incluindo as que levam à perda de visão.
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Em todo o mundo, pelo menos 2,2 bilhões de pessoas apresentam algum problema para enxergar, de perto ou de longe, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, 35 milhões têm dificuldade visual, de acordo com dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre os principais problemas que ameaçam a vista, estão catarata, glaucoma, lesão na retina relacionada ao diabetes e degeneração macular relacionada à idade, uma doença progressiva que leva à perda da visão central.
As doenças oftalmológicas estão associadas a diversos fatores, incluindo componentes genéticos, estilo de vida e complicações decorrentes de outros agravos. Também segundo a OMS, 80% dos casos de cegueira são preveníveis ou tratáveis.
Ou seja, prevenção e cuidados básicos podem preservar a saúde visual de grande parte da população, afirma a médica oftalmologista Ione Alexim, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
“O acompanhamento anual com o oftalmologista é necessário para cuidar bem dos olhos, e assim, evitar problemas que ao longo do tempo podem se tornar irreversíveis”, diz.
Cuidados no início da vida
Logo no nascimento, a criança faz o chamado teste do olhinho, que permite identificar alterações visuais associadas ao desenvolvimento de catarata, glaucoma, entre outros problemas no futuro.
No exame, o médico pediatra avalia as diversas estruturas, como o cristalino e a retina, a partir do reflexo da luz sobre o olho do bebê.
Diante de qualquer alteração, a criança é encaminhada a um especialista, que poderá fazer o correto diagnóstico e tratamento. A intervenção no início da vida favorece o prognóstico e o desenvolvimento normal da visão.
Higiene dos olhos
Assim como as demais partes do corpo, o cuidado com os olhos inclui medidas de higiene.
“Lavar os olhos é fundamental para manter as pálpebras e os cílios saudáveis. O ideal é que o procedimento seja realizado uma a duas vezes ao dia, com água fria corrente e sabonete neutro ou infantil na região externa dos olhos”, diz Ione.
Manter a região livre de impurezas inclui evitar coçar o globo ocular ou levar a mão à região com frequência, o que pode ser meio de transporte de microrganismos como vírus e bactérias. O hábito também favorece infecções como a conjuntivite e a própria Covid-19.
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“Nossas mãos carregam diversos microrganismos que, em contato com os olhos, podem gerar doenças. O ato de coçar, dependendo da forma e intensidade, também gera problemas mais graves, como o descolamento de retina”, destaca.
Não tirar a maquiagem antes de ir para a cama está entre os erros comuns que levam a problemas oculares, de acordo com a médica oftalmologista Leticia Pinheiro de Freitas, do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
“Dormir de maquiagem ou usar produtos vencidos pode desencadear irritações oculares e alergias graves”, diz Leticia. Ao primeiro sinal de incômodo, é bom procurar o médico. “Negligenciar sintomas pode atrasar o diagnóstico de doenças, completa a oftalmologista.
O cuidado também deve ser estendido à higienização adequada de lentes de contato para a prevenir o surgimento de infecções. “Deve-se limpar diariamente a caixinha da lente com sabonete neutro. Além disso, o ideal é higienizar as mãos antes de retirá-las e lavar cada uma por 20 segundos de cada lado, com a solução adequada. Outra indicação é nunca dormir com o acessório”, diz Ione.
Cuidando dos olhos no dia a dia
O uso frequente e prolongado de telas, como celular, televisão e tablets, pode favorecer o desenvolvimento de distúrbios como miopia, definida pela dificuldade de enxergar o que está distante, e a vista cansada, que é uma diminuição da capacidade de ver objetos próximos, chamada tecnicamente de presbiopia, que só costuma dar as caras na terceira idade.
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Para as crianças, a atenção deve ser redobrada. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) destaca que o tempo de uso diário de telas recomendado varia de acordo com a idade, começando a partir de dois anos.
Crianças entre 2 e 5 anos devem limitar o tempo de telas ao máximo de 1 hora por dia, com supervisão de adultos. Já para a faixa de 6 a 10 anos, o limite pode chegar a 2 horas, também sob orientação. Crianças e adolescentes de 11 a 18 anos devem reduzir o uso entre 2 a 3 horas por dia, incluindo videogames, segundo a SBP.
“Está ocorrendo uma epidemia de miopia no mundo e parece que o excesso de telas é um fator importante para isso. Na infância e adolescência, esse fator comportamental pode ajudar ou prejudicar, dependendo de como se lida com o problema”, diz o médico oftalmologista Émerson Castro, do Hospital Sírio-Libanês.
Os oftalmologistas recomendam que pessoas que usam telas com frequência, especialmente no contexto do ambiente de trabalho, devem fazer pausas ao longo do dia, a cada uma ou duas horas de uso do computador.
Os equipamentos devem ser posicionados em uma altura que fique abaixo da linha dos olhos. Isso ajuda a evitar o efeito de se olhar pra cima, que aumenta o ressecamento.
O uso de produtos lubrificantes, conhecidos popularmente como “lágrima artificial” também é recomendado como estratégia para reduzir a sensação de olhos secos. Já os colírios, que são medicamentos, devem ser utilizados apenas a partir de prescrição médica.
Os especialistas também recomendam o uso de protetor ocular sempre que houver risco de algo atingir a face. Os olhos devem ser lavados com bastante água limpa caso algo caia na região.
Os óculos escuros podem proteger os olhos dos raios ultravioleta emitidos pelo sol, relacionados a danos visuais. “O objeto também protege das luzes excessivas, mas é importante sempre escolher produtos com lentes de boa procedência”, diz Ione.
O acompanhamento periódico da saúde e o controle de doenças crônicas também ajuda a prevenir complicações oculares. Agravos como o diabetes e a hipertensão podem levar ao desenvolvimento de quadros graves de perda de visão, catarata e glaucoma, que são identificados facilmente em exames de rotina com o médico oftalmologista.