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Em cinco anos, fila de espera por córnea dobra no Brasil

Além disso, número de transplantes voltou ao patamar de dez anos atrás, segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein*
22 Maio 2023, 13h10

A fila de espera por um transplante de córnea no Brasil praticamente dobrou em cinco anos, saltando de 12 212 pacientes em 2019 para 24 319 atualmente (dados de março), e o número de procedimentos realizados no ano passado é menor do que o que foi executado há 10 anos (7 826 em 2022 contra 8 710 em 2012).

Os dados, divulgados em um relatório feito pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), reforçam que o volume de transplantes realizados pelo Sistema Único de Saúde ainda não retomou os níveis alcançados antes da pandemia de Covid-19.

Segundo o relatório, em 2020, durante a pandemia de Covid-19, a série histórica de transplantes de córnea registrou seu pior desempenho – foram 4 374 cirurgias – algo esperado diante da emergência sanitária global.

Mas, desde então, mesmo com uma retomada das cirurgias em 2021 e 2022, os números ainda continuam abaixo do que era feito na fase pré-pandemia.

Para o oftalmologista Adriano Biondi, do Hospital Israelita Albert Einstein, não houve um retrocesso estrutural no sistema de transplantes, o acúmulo na demanda é um reflexo da pandemia.

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“Em 2020 [no auge da pandemia], os transplantes eletivos de córnea só foram liberados em outubro. Até outubro só eram feitos os procedimentos de urgência, com olho perfurado, trauma, infecção e outras situações que não podiam ser adiadas. Isso reduziu praticamente pela metade os procedimentos”, diz.

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Biondi ressalta, no entanto, que a retomada em 2021 foi em um ritmo um pouco mais lento e, por isso, houve mais acúmulo na demanda.

Para ele, uma alternativa para tentar reduzir o impacto seria criar uma estratégia extraordinária por um período de um ou dois anos para tentar reduzir as filas.

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De acordo com o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), o tempo médio de espera por um transplante de córnea é de 13,2 meses, mas esse número varia de acordo com a região. Em São Paulo e no Paraná, por exemplo, a espera é de 6,5 meses. No Ceará, apenas 1,2 meses. Em contrapartida, no Pará, a espera por uma córnea chega a 26,2 meses e no Maranhão, 22,6.

Ainda segundo o levantamento do CBO, entre 2012 e 2022, foram feitos cerca de 86 mil transplantes de córnea no Brasil nos hospitais da rede pública.

Mas há uma concentração dos procedimentos na região Sudeste, que responde por 46% do total de transplantes.

Em seguida estão o Nordeste (25%); Sul (13%); Centro-Oeste (9%); e Norte (5%).

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Os estados que possuem mais centros transplantadores públicos têm melhor desempenho. É o caso de São Paulo, por exemplo, que tem nove unidades e responde por um terço dos transplantes de córnea no período analisado (29,9 mil intervenções entre 2012 e 2022).

Em seguida, estão Pernambuco (5 770 procedimentos), Minas Gerais (5 696), Paraná (4 946) e Ceará (4 727). Na outra extremidade, estão Tocantins (145), Acre (237), Rondônia (569), Alagoas (625) e Paraíba (1.115).

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Outro detalhe que os números destacam é o volume significativo de intervenções nas faixas etárias de 40 a 69 anos (39,2%) e de 20 a 39 anos (27%).

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Outros grupos também são favorecidos, como idosos com mais de 70 anos (25% dos casos) e crianças e adolescentes (8,4%).

Segundo Biondi, o fato de as cirurgias ocorrerem mais entre os adultos acontece porque houve uma melhora significativa nos tratamentos do ceratocone (enfermidade não inflamatória que afeta a estrutura da córnea e uma das principais causas de demanda de transplante de córnea) para os jovens.

“Isso, de certa forma, diminui a necessidade do procedimento nessa faixa etária. Além disso, nós também melhoramos a técnica de transplantes endoteliais (que usam apenas uma parte da córnea), que são mais demandados pela população idosa, e conseguimos resultados excepcionais.”

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Campanha para doação

Diante do cenário, o presidente do CBO, Cristiano Caixeta Umbelino, enfatiza a importância de realizar campanhas para incentivar as doações de córnea, com informações para a população sobre como o processo é feito.

“A doação de córnea só é possível após o falecimento do doador, ou seja, ela não pode ser doada em vida. É um ato de generosidade que ajuda a transformar vidas. Vale lembrar que a doação precisa da autorização da família e a cirurgia não deixa vestígios”, disse.

Para Biondi, é preciso mais informação e profissionalização do sistema para aumentar a capacidade de captação do tecido.

“No Brasil, temos excelentes centros transplantadores, clínicas com expertise, médicos especialistas. O que ainda falta é a disponibilidade de córnea. Temos exemplos de sucesso em São Paulo, no Ceará, que mostram que ter uma equipe especializada na captação é fundamental. O transplante é um trabalho de múltiplas faces. Envolve hospitais, médicos, famílias e a sociedade como um todo. E quanto mais profissionalizado, melhor o resultado”, completou.

Fonte: Agência Einstein

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