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Crianças com miopia têm mais risco de depressão e ansiedade

Revisão sistemática de 36 estudos avaliou dados de mais de 700 mil crianças e reforça importância da detecção precoce dos problemas de visão

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein*
Atualizado em 10 abr 2023, 17h09 - Publicado em 22 nov 2022, 13h08

Crianças que tem problemas de visão, especialmente a miopia (que é a dificuldade de enxergar de longe), são mais propensas a terem depressão e ansiedade em comparação com aquelas que têm a visão normal.

A conclusão é de uma revisão de 36 estudos que envolveu a análise de dados de mais de 700 mil crianças e foi publicada na revista científica Ophthalmology. Segundo os pesquisadores, compreender essa associação é importante para a detecção precoce e para o manejo adequado dessas crianças.

Para chegar aos resultados, o grupo analisou nove bancos de dados internacionais que tinham estudos sobre deficiência visual e morbidade ocular. Eles avaliaram o impacto dos tratamentos na depressão e ansiedade das crianças entre os anos de 1986 e 2021 nos Estados Unidos, China, Turquia, Israel e outros países.

Além da associação entre miopia e depressão, o estudo apontou também que a cirurgia do estrabismo (que causa o desalinhamento dos olhos, que fica vesgo) melhorou significativamente esses sintomas, o que reforça a importância de ampliar o acesso a diagnóstico e tratamento.

De acordo com os pesquisadores, a saúde mental das crianças míopes é afetada porque elas tendem a ficar mais isoladas socialmente, fazem menos atividades físicas e costumam ter um desempenho escolar mais baixo por não enxergarem adequadamente.

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No caso do estrabismo, a pesquisa sugere que o impacto negativo está associado também à aparência, já que o problema pode abalar a autoestima e a confiança da criança com os amigos.

Detecção precoce

A associação entre problemas de visão e de saúde mental em adultos já é bem conhecida, mas essa é a primeira revisão sistemática de estudos voltada exclusivamente para crianças.

Para o oftalmologista Adriano Biondi, do Hospital Israelita Albert Einstein, esse trabalho é fundamental para alertar sobre a importância de detectar o problema na infância.

“A criança, principalmente a míope, não sabe que não enxerga direito. Ela se acostuma a enxergar mal porque o universo dela é próximo: ela brinca, pega objetos que estão mais perto dela, o alimento está perto, ela assiste televisão mais perto. A criança nunca vai chegar para os pais e dizer que não está enxergando porque ela não sabe que está vendo mal. Ela vai simplesmente se adaptar àquela dificuldade”, explica Biondi, que ressaltou que o fato de a criança se aproximar demais da televisão, por exemplo, é um sinal importante de alerta aos pais.

+ Leia também: Um olhar mais preventivo para as doenças da visão

De acordo com Biondi, estima-se que 20% das crianças têm algum problema de visão sendo que a miopia e o astigmatismo são os principais.

“A criança tem mecanismos que compensam e corrigem a hipermetropia naturalmente. Mas se a hipermetropia for maior do que dois graus e não for corrigida, ela pode levar ao estrabismo, que também leva à depressão e ansiedade. Por isso é importante fazer a avaliação dessa criança na idade escolar pelos pais e professores”, diz.

Os pesquisadores destacam a importância de tratar precocemente os problemas de visão das crianças para evitar problemas de saúde mental – já que existe tratamento simples para a maioria dos casos, que é o uso dos óculos.

Em geral, a miopia tende a aumentar com o crescimento do tamanho dos olhos e a cirurgia só é indicada após o final do processo de crescimento ocular porque o grau muda. A hipermetropia tende a diminuir com o crescimento da criança.

“O estudo endossa o que já percebemos na prática clínica, que a baixa acuidade visual em crianças ou em idosos é acompanhada por sintomas de ansiedade e depressão. A baixa visão pode ser encarada como um marcador que indica a necessidade de avaliação da saúde mental. Quanto antes detectar e corrigir, melhor será a performance da criança”, finalizou Biondi.

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*Esse texto foi publicado originalmente pela Agência Einstein

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