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CDC insinua que vacinas podem causar autismo

Sem apresentar provas para justificar uma relação de causa e efeito, agência de saúde dos EUA passa a difundir narrativa antivacina em seu site oficial

Por Maurício Brum
21 nov 2025, 13h48
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As vacinas entraram no meio de disputas políticas que estão sabotando a adesão. (Ilustração: Veja Saúde/Veja Saúde)
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O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), agência de saúde dos Estados Unidos, mudou nesta semana as informações contidas em seu site oficial para passar a incluir informações antivacina.

Na nova versão da página, o órgão passou a insinuar que a vacinação poderia estar ligada ao desenvolvimento de autismo, mesmo sem evidências científicas para embasar a afirmação.

A alteração se segue a uma política de descrédito dos imunizantes promovida pelo secretário de saúde norte-americano, Robert F. Kennedy Jr., e acende alertas entre especialistas em um momento em que a América do Norte já convive com um surto de sarampo em função da queda da cobertura vacinal.

+Leia também: 5 mitos sobre vacinação amplamente difundidos hoje em dia

O que aconteceu

Na noite de quarta-feira (19), o órgão alterou sua página de informações sobre vacinas e autismo. Até então, o CDC afirmava que os estudos disponíveis atualmente não demonstram “nenhuma ligação entre receber vacinas e desenvolver transtorno do espectro autista (TEA)” e que “nenhuma ligação foi encontrada entre qualquer ingrediente das vacinas e o TEA”.

Uma versão da antiga página pode ser encontrada neste link.

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A nova versão do site, porém, argumenta que esses estudos não seriam suficientes para comprovar a segurança das vacinas em relação ao autismo. No texto atualmente disponível, o CDC agora diz que “a alegação ‘vacinas não causam autismo’ não é baseada em evidências porque os estudos não descartaram a possibilidade de que vacinas infantis causem autismo”.

No entanto, o próprio CDC não apresenta evidências dessa causalidade, citando apenas uma correlação entre o aumento da vacinação infantil e um maior número de diagnósticos do TEA nas últimas décadas.

Nenhum estudo sério demonstrou uma relação de causa e efeito entre os dois fenômenos. O aumento de crianças diagnosticadas com autismo vem sendo atribuído principalmente a um melhor entendimento do transtorno e à ampliação dos critérios para identificá-lo.

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Por que a associação entre vacinas e autismo é pseudocientífica

A suposta associação entre a vacinação e o autismo vem de um artigo científico fraudulento publicado em 1998, que apontava um vínculo entre o imunizante contra sarampo, caxumba e rubéola e o aumento de casos de TEA. Nos 27 anos desde então, esse trabalho foi repetidamente refutado por outras pesquisas, e o próprio artigo original acabou retirado da publicação onde havia sido publicado, por incluir dados falsificados.

Em 2019, por exemplo, pesquisadores dinamarqueses publicaram um estudo que acompanhou 650 mil crianças vacinadas e não vacinadas, e não encontrou qualquer diferença significativa na proporção de diagnósticos de autismo entre os dois grupos. O trabalho é possivelmente o maior do gênero no mundo, mas está longe de ser o único a reafirmar o que é o consenso científico sobre a segurança dos imunizantes.

No entanto, o impacto da afirmação mentirosa sobre a vacina permanece até hoje, colocando o mundo em risco diante do retorno de doenças potencialmente fatais e antes controladas. É o caso do sarampo: recentemente, as Américas perderam o certificado de região livre da contaminação endêmica pela doença, após o Canadá passar 12 meses seguidos sem interromper a circulação do vírus.

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Os Estados Unidos também podem perder a certificação nacional de eliminação da doença em 2026, caso não contenham seus surtos atuais. A piora do cenário é atribuída diretamente à hesitação vacinal, que tende a piorar diante da divulgação, por parte de órgãos oficiais como o CDC, de informações que questionam a segurança dos imunizantes.

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