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Use a tecnologia a favor da malhação

Embora muitas vezes sejam apontados como responsáveis pelo estilo de vida sedentário, dispositivos eletrônicos podem virar aliados da prática de exercícios

Por Fernando Barros
Atualizado em 29 Maio 2017, 18h07 - Publicado em 14 abr 2017, 10h30
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Malhação high tech é tendência no mundo fitness (Foto: Bruno Marçal/SAÚDE é Vital)
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Smartphone, videogames com sensores de movimento, pulseiras que monitoram o coração… Os gadgets estão em alta no mundo da atividade física. Pelo menos essa é a aposta do Colégio Americano de Medicina do Esporte para 2017. Todo ano, o grupo consulta diversos especialistas ao redor do globo para saber as tendências do momento quando o assunto é malhação. Agora, com as respostas de mais de 1 800 participantes de todos os continentes, as inovações tecnológicas ficaram no topo do ranking pela segunda vez consecutiva.

A ciência vem procurando saber se os avanços high-tech atuam mesmo no combate ao sedentarismo. Em 2016, no entusiasmo pelo lançamento do Pokémon Go, por exemplo, muito se falou sobre a oportunidade de fazer a turma dos adeptos do jogo se movimentar mais no dia a dia.

Pois um estudo feito na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, revelou que não foi bem assim. Pesquisadores avaliaram 560 pessoas que saíam à caça dos monstrinhos virtuais com frequência, todas devidamente monitoradas por um apetrecho de contagem de passos. E contabilizaram que elas até andaram mais nas primeiras semanas, mas, depois da animação inicial, o ritmo diminuiu.

O mesmo mecanismo foi usado por cientistas do Duke-NUS Medical School, em Cingapura. Eles acompanharam por um ano 800 voluntários entre 21 e 65 anos. Distribuídos em quatro grupos, os participantes foram avaliados segundo o número de passos que davam por semana.

Nos seis primeiros meses, dois desses times receberam incentivos para se mexer — como recompensa em dinheiro ou doações para instituições filantrópicas. “Os resultados sugerem que os eletrônicos por si só não estimulam mais atividade física”, observa o professor Eric Finkelstein, um dos autores do estudo. Isso porque somente aqueles que tiveram retribuição financeira caminharam mais — e apenas durante o período em que vigorou o empurrãozinho extra.

Os pontos positivos

Mas não é o caso de menosprezar a capacidade da tecnologia em favorecer a saúde. Até porque tem também boa notícia nessa área, uma delas vinda da Austrália. Por lá, as atenções de pesquisadores das universidades de Curtin e Queensland se voltaram para um grupo de 56 crianças, entre 10 e 12 anos. Eles notaram que videogames ativos, aqueles que exigem movimentos variados do corpo, são uma alternativa para estimular os pequenos a ter uma rotina mais dinâmica.

“As novas gerações são envolvidas desde cedo com tecnologia. Por isso, recursos desse tipo podem, sim, incentivar a atividade física entre elas”, considera o médico Arnaldo Hernandez, coordenador-geral do Núcleo de Medicina do Exercício e do Esporte do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

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Enquanto especialistas ponderam sobre o impacto das novidades tecnológicas no bem-estar da população, a oferta e variedade desses gadgets não param de crescer. “Há pelo menos três décadas, existem dispositivos como os frequencímetros — os monitores cardíacos. O que vemos hoje é a possibilidade de ampliar o acesso a recursos do gênero por meio dos smartphones”, contextualiza o educador físico e doutor em ciências do movimento humano Mauro Barros, do grupo de pesquisa em Estilos de Vida e Saúde da Universidade de Pernambuco.

A força dos apps

Para quem já é adepto de uma vida esportiva, os aplicativos fitness para telefone celular acabam funcionando como um benefício extra, com a possibilidade de acompanhar a intensidade do exercício e registrar dados como duração e distâncias percorridas. “Esse tipo de informação é útil para um maior controle das pessoas sobre sua prática”, diz o cardiologista Alfredo Fonseca, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas de São Paulo.

O automonitoramento serve ainda como incentivo para seguir firme nos treinos. O caldeireiro Murillo Borges Rios, de Araraquara, no interior paulista, integra o time que adotou o celular como parte do uniforme. Corredor de carteirinha há três anos, ele avalia pela telinha o histórico de suas passadas. “Com isso, consigo saber quanto percorri num trajeto e quanto tempo gastei por quilômetro. Assim posso trabalhar para melhorar meu desempenho”, explica.

A jornalista Estela Marques, de Salvador, também é entusiasta dos gadgets. Ela conta que encontrou na tecnologia a motivação de que precisava para não ficar parada. “Por um tempo, utilizei um aplicativo para me orientar na série de abdominais. Bastava agendar um horário e ele avisava o que tinha de ser feito”, lembra. Agora adepta da corrida e disposta a fazer disso uma prática regular, Estela utiliza um programa para controlar seu rendimento.

Hoje, entre aplicativos gratuitos e pagos, a partir de informações de peso, idade, altura e tipo de atividade que se quer realizar, é possível obter orientação por imagem, voz e vídeo, planilhas de treinos, lista de música para animar os exercícios, contagem de gasto calórico. Ou seja, dá para gerenciar toda a jornada na academia sem desgrudar do celular.

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Tamanha praticidade não dispensa, claro, uma avaliação médica, capaz de determinar a intensidade do esforço adequada a seu perfil. “Isso é importante porque os dispositivos não conseguem prever situações de risco”, pondera Arnaldo Hernandez, do Sírio-Libanês. Afinal, de nada adianta saber a quantas anda o batimento cardíaco no frequencímetro se a pessoa não estiver orientada a perceber quando está extrapolando seus limites.

Buscar orientação de um profissional de educação física também soma pontos nesse processo. “Os aplicativos avaliam intensidade e volume, porém não são capazes de promover a evolução do treino”, complementa o educador físico Bruno Gion, do Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista.

Compartilhar para avançar

Trocar experiência, comparar dados e desempenhos… Alguns programas funcionam como uma rede que une os adeptos de modalidades esportivas. “Eles conectam pessoas com afinidade em relação a determinados exercícios. E isso dá a elas um suporte social para se manterem ativas”, observa Mauro Barros. Aí, mesmo treinando sozinho, o sujeito ganha o incentivo de colegas no mundo todo para alcançar e ultrapassar suas metas.

E essa tecnologia na palma da mão, veja só, já promete até transformar a persistência em prêmio, com um programa que converte o tempo dedicado a caminhada, ciclismo e corrida em milhas aéreas. Como se vê, basta estar cadastrado, conectar-se a um aplicativo parceiro e deixar a preguiça de lado para ir cada vez mais longe – e não só nas pistas.

Equipamentos que dão uma força na hora de malhar

Tecnologias vestíveis

São pulseiras que monitoram o coração, relógios que indicam distâncias e até roupas que dão informações sobre o trabalho muscular.

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Smartphone

Ponto de encontro para aplicativos de todo tipo, desde os que acompanham o desempenho até os que oferecem opções de treino.

Pedômetro

Acoplado no tênis ou na cintura, conta os passos durante um treino, com base nos movimentos feitos. Não registra os metros percorridos.

Frequencímetro

Mede os batimentos cardíacos e suas variações antes, durante e após o exercício. É usado geralmente em atividades aeróbicas.

Videogames ativos

Combinam malhação, suor e diversão. Podem ser de dança, inspirados em diversos esportes ou baseados em séries de exercícios.

Tênis com chip

A moda não pegou, mas há calçados com chip que ajudam a contabilizar as passadas ou mesmo rastrear a localização de crianças.

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