Menos movimento, mais tristeza na pandemia
Pessoas que passaram a se mexer pouco por causa da Covid-19 também apresentaram maior risco de desenvolver depressão
Em 2019, quando ninguém conhecia o coronavírus, cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, distribuíram a 682 jovens adultos aquelas pulseiras que medem os passos e as horas de sono. Quando o Sars-CoV-2 deu as caras, foi possível acompanhar a flutuação desses dados — e cruzá-los com questionários de saúde mental que os voluntários já vinham preenchendo.
Resultado: enquanto a média de passadas caiu de 10 mil para 4 600, a quantidade de participantes em risco para a depressão saltou de 46 para 61%. Mas quem manteve bons níveis de atividade física ficou distante do distúrbio psiquiátrico. “A pandemia intensifica o elo entre hábitos saudáveis e bem-estar”, resume a economista Sally Sadoff, uma das autoras do estudo.
Hipótese alternativa
Faz sentido que sintomas depressivos sejam aplacados com a prática esportiva. Os resultados do artigo, no entanto, abrem margem para outra teoria: não é o exercício que reduz a melancolia, e sim o oposto. Ou seja, parte dos indivíduos ficaria entristecida pelo caos sanitário e, com isso, perderia o ânimo para dar suas mexidas por aí. Só outros levantamentos resolverão qual raciocínio o correto (ou se ambos são verdadeiros, ao menos em parte).
O efeito Covid-19
Números encontrados na pesquisa americana
- Com a pandemia, os voluntários passaram a dormir 30 minutos a mais.
- O tempo dedicado à socialização caiu pela metade — menos de meia hora por dia.
- O período voltado a telas (televisão, celular…) dobrou, ultrapassando as cinco horas por dia.
- A média de passos diários caiu de 10 mil para 4 600 com o início da crise do coronavírus.