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O que tirar do estudo que associa os exercícios a menos mortes de Covid-19

Pesquisa com quase 50 mil pessoas traça uma relação entre sedentarismo e maior mortalidade pelo coronavírus. Mas isso não justifica abandonar o isolamento

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 29 abr 2021, 16h21 - Publicado em 26 abr 2021, 12h06

Um estudo recente, publicado no British Medical Journal (BMJ), revelou uma associação entre a prática de exercícios físicos e um menor risco de agravamento e morte por Covid-19.

Para chegar nessa conclusão, os cientistas da Kaiser Permanente, uma prestadora de serviço de saúde gratuito dos Estados Unidos, compararam as taxas de hospitalização, internações em unidades de terapia intensiva (UTI) e mortalidade entre 48 440 pessoas infectadas pelas coronavírus. Algumas eram sedentárias e outras, fisicamente ativas.

Como eram acompanhadas por essa rede de saúde, todas haviam respondido pelo menos três vezes um questionário sobre a prática esportiva em consultas prévias. Ele continha duas perguntas:

  1. Em média, quantos dias por semana você pratica exercícios moderados ou intensos?
  2. Em média, quantos minutos você se exercita nesse nível?

No fim da análise, os experts constataram que o número de pessoas inativas hospitalizadas era o dobro das que treinavam constantemente. A quantidade de óbitos no grupo sedentário também foi duas vezes maior.

Mesmo quem só malhava de vez em quando já tinha um menor risco de sofrer com casos mais graves de Covid-19 — embora os mais ativos fossem os mais resistentes mesmo.

“O estudo é interessante, bem feito e com número amostral significativo. Mas devemos tomar cuidado principalmente na interpretação dos resultados”, comenta Hamilton Roschel, docente e pesquisador da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE/USP).

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Roschel começa pontuando que, por se tratar de uma pesquisa observacional e de associação, não é possível estabelecer uma relação de causa e efeito. Por exemplo: talvez o pessoal que se exercitava mais fosse também mais preocupado com a saúde como um todo — o que os afastaria de outras condições de saúde que aumentam a probabilidade de morrer em decorrência do Sars-CoV-2. Nessa hipótese, não seria o exercício em si, mas outro fator que promoveu a proteção.

No mais, o questionário utilizado era composto por apenas duas perguntas. “Isso não permite uma grande exatidão da intensidade da atividade, além de depender do relato pessoal, o que gera imprecisões. O ideal seria uma medida objetiva do nível de exercícios físicos”, acrescenta.

Afinal, os exercícios ajudam de alguma forma a prevenir o coronavírus?

Roschel admite que, com os dados dessa investigação e de outras disponíveis na literatura científica, faz sentido inferir que a atividade física representa algum fator de proteção para quadros mais graves da Covid-19, embora isso não esteja confirmado.

“Os exercícios podem induzir efeitos positivos tanto no aspecto fisiológico, incluindo o sistema imune, como no estado mental e na qualidade de vida”, lista o especialista.

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Só que tem gente utilizando isso como argumento para ignorar as medidas de isolamento social que barram a transmissão do coronavírus. A lógica é: se eu permanecer em casa, ficarei mais sedentário, o que aumentaria meu risco de morte.

“Mas é imperativo entender que o distanciamento social é necessário. Devemos contemplar as duas coisas de maneira simultânea”, recomenda o educador físico.

Existem vários jeitos de malhar com segurança em casa, como já contamos nesta reportagem. O próprio professor da USP aponta que a ginástica em ambiente domiciliar é suficiente para trazer benefícios à saúde.

E também é possível experimentar esportes fora de casa que sejam feitos de maneira individual, ou em companhia das pessoas que moram com você. O importante é evitar aglomerações e contatos próximos. Os profissionais sugerem usar máscaras e diminuir um pouco a intensidade para manter o conforto da respiração.

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