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Atividade física não interfere na evolução de casos graves de Covid-19

O exercício até ajudaria a evitar episódios severos do coronavírus. Mas, quando eles ocorrem, ser ativo ou não faz pouca diferença, segundo estudo nacional

Por Maria Fernanda Ziegler, da Agência Fapesp*
Atualizado em 29 jan 2021, 11h15 - Publicado em 26 jan 2021, 15h47
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  • Estudos recentes sugerem que a prática regular de exercícios físicos pode estar associada à redução de hospitalização por Covid-19. No entanto, para indivíduos que desenvolvem a forma grave da doença, a proteção deixa de funcionar, não resultando em diferenças no tempo de internação, na necessidade de ventilação mecânica ou de tratamento intensivo.

    Foi o que mostrou uma pesquisa com 209 pacientes com Covid-19 grave atendidos no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) e no Hospital de Campanha do Ibirapuera, na capital paulista. “Esse estudo serve como um sinal amarelo para a população que se exercita com regularidade e, por isso, acredita estar totalmente protegida. Não encontramos diferença de prognóstico e desfecho da doença entre os pacientes graves mais ou menos ativos. Isso mostra que os benefícios da atividade física existem, mas aparentemente vão só até um ponto”, afirma Bruno Gualano, professor da FM-USP e autor do estudo.

    Os voluntários tiveram seu histórico de atividade física no trabalho, no esporte e no lazer avaliado assim que foram hospitalizados. Eles receberam o diagnóstico de Covid-19 por exame de RT-PCR, que identifica o material genético do Sars-CoV-2 em secreções do nariz ou da garganta.

    Foram incluídos pacientes que apresentavam dificuldade para respirar e índice de saturação de oxigênio no organismo menor do que 93%. Além disso, possuíam fatores de risco, como idade avançada, doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão arterial sistêmica, câncer, tuberculose pulmonar e obesidade.

    O artigo, que contou com apoio da Fapesp, foi publicado na plataforma medRxiv, ainda sem revisão por pares.

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    “O exercício tem um efeito sistêmico. Melhora a resposta imune e as condições metabólica e cardiovasculares do indivíduo. Esses fatores podem trazer proteção contra diversos tipos de doenças crônicas e algumas infecciosas também. Mas, quando o quadro se agrava, outros preditores podem ser mais decisivos para o desfecho clínico”, explica Gualano, à Agência FAPESP.

    Os resultados da pesquisa indicam que para, os casos severos de Covid-19, a presença de ameaças como obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e idade avançada foi mais determinante no prognóstico do que a prática pregressa de exercícios.

    Estudos complementares

    Gualano explica que esses dados complementam pesquisas anteriores com infectados de perfil variado (incluindo casos leves e moderados).

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    Divulgada recentemente, um levantamento online com 938 brasileiros que contraíram Covid-19 apontou que a prevalência de hospitalização pela doença foi 34,3% menor entre os voluntários considerados ativos. Eles realizavam pelo menos 150 minutos por semana de exercício aeróbico de intensidade moderada ou 75 minutos de alta intensidade.

    De acordo com o cientista, os dois estudos contribuem para o maior entendimento da doença e do efeito protetor da atividade física. “Ainda são poucos os trabalhos que relacionam Covid-19, atividade física e sistema imune. No entanto, ao analisar o que temos publicado sobre o assunto, notamos que a atividade física poderia eventualmente ser considerada um bom preditor até certo estágio de gravidade da doença, prevenindo complicações. Mas isso não se revela verdadeiro nos casos mais críticos”, ressalta Gualano.

    A investigação recebeu financiamento da FAPESP por meio de diversos projetos.

    *Este conteúdo é da Agência Fapesp

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