Afinal, tomar banho de chuva causa gripe ou resfriado?
Postagem no TikTok que mostra casal e bebê tomando chuva teve mais de 1,6 milhão de visualizações. Pediatra ressalta que banho de chuva não causa gripe
Se você tem filhos – ou mesmo se não tiver – certamente você já ouviu críticas a quem toma banho de chuva com crianças.
No mês passado, um vídeo postado no TikTok viralizou nas redes sociais ao expor de forma simples esse assunto, que ainda é um eterno dilema entre pais e mães: afinal, tomar banho de chuva causa gripe ou resfriado?
No vídeo, um casal se diverte e brinca no quintal de casa debaixo de chuva com um bebê de colo. Nas legendas, a mãe deixa a seguinte mensagem: “Não, tomar chuva não causa resfriado. Como se trata de uma infecção viral, apenas esses patógenos, micro-organismos causadores de doenças, podem provocar o quadro. Deixe sua criança ser feliz e seja feliz junto com ela. Crie memórias”.
O vídeo foi visto mais de 1,6 milhão de vezes e reúne mais de 1.500 comentários, tanto de gente apoiando a iniciativa de brincar na chuva quanto de gente criticando.
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Segundo o pediatra Linus Pauling Fascina, gerente-médico do Departamento Materno Infantil do Hospital Israelita Albert Einstein, a mãe, Ana Carolina, tem razão: tomar banho de chuva não causa gripe nem resfriado.
Na prática, explica o médico, essas doenças não se diferenciam, já que são os mesmos vírus que causam irritação local e os efeitos sistêmicos, como dor pelo corpo, moleza e mal-estar.
“Banho de chuva não causa gripe. Nem pé de vento, nem sorvete. O que causa gripe são vários tipos de vírus respiratórios que têm em comum espirros, tosse, coriza e congestão nasal, além de dor na garganta. Frio, neve, água gelada e chuva em si não causam gripe, senão as pessoas que vivem nos países frios estariam sempre doentes e isso não acontece”, explicou o pediatra.
Segundo Fascina, essa crença é antiga e a desinformação existe porque o contato com temperaturas menores do que a do corpo humano desencadeia esses reflexos de espirro e tosse. Mas, então, por que o nariz costuma escorrer quando há exposição a essas situações?
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“Nesses casos, o nariz escorre por uma reação ao frio e não por uma infecção. Quando tomamos chuva ou saímos no frio o nosso organismo reage localmente nas mucosas nasais provocando uma uma vasoconstrição [diminuição do fluxo sanguíneo]. Assim, as células locais entendem que estão mais desidratadas e liberam um muco para proteger da perda de calor local e umidade, surgindo a coriza”, explica Fascina.
O mesmo acontece com a tosse após a exposição: nada mais é do que um reflexo de defesa para buscar manter as áreas respiratórias úmidas e quentes.
Fascina ressalta, no entanto, que essas reações devem durar somente o tempo de exposição ao frio ou à chuva.
“Ao voltar para o ambiente térmico adequado, essa reação diminui e tende a desaparecer rapidamente. Quando a pessoa se expõe repetidas vezes, ela pode ter a impressão de ser algo contínuo”, disse. “Se emendar com um quadro viral, pode parecer que a culpa foi da chuva”.
O pediatra faz mais um alerta: os maiores riscos de tomar chuva são ser atingido por um raio (especialmente quando estiver em campo aberto), escorregar em poças d’água e se machucar, se contaminar por causa da água suja de esgoto, entre outras coisas.
Vacinação é importante
Há uma medida fundamental para evitar a gripe: a vacinação. Segundo Fascina, a imunização é recomendada para todas as faixas etárias, inclusive para as gestantes, pois ajuda a manter a saúde em dia durante o outono e o inverno, quando as pessoas costumam ficar mais tempo em ambientes fechados e superlotados.
“Esse período ajuda na propagação dos vírus ao tossir, espirrar ou simplesmente ao deixarmos de higienizar as mãos ao tocar superfícies. Essas são as maiores fontes de contaminação. Por isso, vacine seu filho contra a gripe”, afirmou o pediatra.
A Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe começou no dia 10 de março e segue até o final de maio pelo Sistema Único de Saúde (SUS) com os seguintes grupos prioritários:
• Crianças a partir dos seis meses até antes de completar seis anos;
• Gestantes;
• Puérperas;
• Indígenas;
• Trabalhadores da saúde;
• Idosos com mais de 60 anos;
• Professores;
• Pessoas com deficiência permanente;
• Profissionais das forças de segurança e salvamento;
• Caminhoneiros e trabalhadores do transporte coletivo rodoviário de passageiros urbanos; trabalhadores portuários;
• Funcionários do sistema prisional e população privada de liberdade;
• Nas clínicas particulares, a vacina é oferecida também para outras faixas etárias.
Esse texto foi publicado originalmente na Agência Einstein.