O mar não está para peixe no Brasil
Relatório alerta para perdas ambientais e econômicas com a degradação oceânica
O 1º Diagnóstico Brasileiro Marinho-Costeiro sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos dá um panorama de como nosso litoral, além da exuberância natural, aloja uma riqueza ímpar, inclusive do ponto de vista socioeconômico — não à toa, há quem chame as águas marinhas do país de Amazônia Azul.
Ocorre que atividades humanas desenfreadas estão colocando esse ambiente em maus lençóis, o que compromete não só as espécies que vivem ali como também pessoas que dependem dele como fonte de trabalho e toda uma cadeia produtiva que gera dividendos ao Brasil.
Os autores do documento citam como particularmente preocupantes fatores como a poluição, a pesca predatória, o escoamento de esgoto e fertilizantes agrícolas e as mudanças climáticas em si.
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Pesca predatória arruína recifes
Um consórcio que engloba nove universidades nacionais constatou um declínio drástico de populações de peixes em áreas de recife de coral nos últimos 60 anos. A pesca descontrolada, que captura espécies tanto na base quanto no topo da cadeia alimentar, está por trás do incremento no ritmo de degradação, que responde pela perda de biodiversidade e sustentabilidade econômica.
Perda histórica de manguezais
O aterramento, a ocupação e a exploração desses redutos entre a terra e o mar já estão provocando seu colapso. Segundo análise por monitoramento remoto, as regiões Sul e Sudeste são as mais afetadas: perderam 34 km² de manguezais em oito anos. Sem eles, bichos e plantas não têm onde se abrigar, e perde-se um nicho que capta carbono da atmosfera, ou seja, um aliado contra o aquecimento global.