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O Futuro do Diabetes

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Carlos Eduardo Barra Couri é endocrinologista, pesquisador da USP de Ribeirão Preto e criador do Endodebate e do Diacordis. Aqui ele mapeia os cuidados e os avanços para o controle do diabetes
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Telemedicina está cada vez mais no dia a dia de quem tem diabetes

Nosso colunista dá exemplos de como a tecnologia já ajuda pacientes e médicos a se informar e controlar melhor a glicose e outros fatores na rotina

Por Dr. Carlos Eduardo Barra Couri
4 jul 2020, 10h01
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  • Se existe uma área médica que estava preparada para a chegada da telemedicina é a diabetologia – campo voltado para o estudo e o controle do diabetes. Há tempos nós, médicos, mantemos contato remoto com os pacientes, que nos enviam suas tabelas de glicemia. Antigamente ele fotografava e mandava. Agora já conta com dispositivos e aplicativos que facilitam sua vida.

    Hoje inclusive podemos deixar e acessar os dados sobre a glicose na nuvem. O paciente nem precisa nos enviar suas tabelas e curvas de glicemia como antes. Tem gente que usa um sensor na pele capaz de medir a glicose 24 horas por dia e atualizar esses gráficos na nuvem em tempo real. Parece até um Big Brother do bem.

    Com esses recursos, sabemos, por exemplo, se o paciente teve hipoglicemia dormindo (algo que muitas vezes ele nem percebe). A tecnologia ainda permite que as pessoas com diabetes insiram na nuvem a quantidade de carboidrato ingerido, a dose de insulina aplicada, a rotina de exercícios…

    Atualmente, com um aparelhinho semelhante ao que mede a glicose na ponta do dedo, o paciente já pode saber o valor da hemoglobina glicada – medida que mostra a média de glicose nos últimos três meses e nos ajuda a visualizar quanto o tratamento tem sido efetivo.

    Hoje o celular possibilita ao médico e a outros profissionais ver o circuito e o tempo de exercício, o número de passos dados, as horas de sono por dia etc. Tudo que pode interferir com o diabetes.

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    Os relógios inteligentes, por sua vez, não só monitoram a frequência cardíaca como podem enviar um traçado de eletrocardiograma se o paciente sentir alguma palpitação. E já tem empresa que desenvolveu um sensor que, colocado no dedo indicador, acusa se o indivíduo para de respirar à noite e tem apneia do sono. Até o percentual de oxigênio do sangue pode ser medido no celular, enviado ao médico ou monitorizado em tempo real e gerar alarmes.

    Graças aos avanços tecnológicos, os exames de laboratório podem ser colhidos em casa e os resultados hoje são facilmente compartilhados com o médico de confiança. Enquanto isso, dá pra anotar no celular e compartilhar o que entra no cardápio, como vai a hidratação e mesmo a quantidade de cafezinhos ao dia.

    Mas tudo tem um preço. Não basta ter os dispositivos mais modernos e esse monte de informação na mão. O paciente e a família devem se conscientizar e se tornar mais proativos nos cuidados com o diabetes. Afinal, esses equipamentos e aplicativos estão aí para empoderar os pacientes.

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    E tem outro preço envolvido, até mais óbvio: o financeiro. Infelizmente, boa parte dessas inovações ainda custa caro no Brasil.

    Como médico, não só tenho a impressão de que a diabetologia já vinha se preparando para a telemedicina como tenho a convicção de que precisamos trabalhar para que esses progressos estejam a serviço do maior número de pessoas.

    E espero também que, em breve, possamos voltar a abraçar nossos pacientes, olhar nos olhos deles, sentir sua pele, examinar, consolar ou tomar um café juntos… Coisas que a tecnologia nunca vai substituir.

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