Novo medicamento para obesidade é aprovado no Brasil
O efeito do remédio, que alia duas substâncias em um comprimido, é de redução do apetite com aumento na sensação de saciedade
Em 20 de dezembro de 2021, véspera das festas de fim de ano, um período em que muitos se queixam da briga com a balança, a Anvisa finalmente aprovou um novo medicamento antiobesidade. Trata-se da combinação de duas substâncias de ação prolongada no mesmo comprimido: a bupropiona e a naltrexona.
Na verdade, essa aprovação no Brasil vem até de certa forma tardiamente, após sete anos da liberação nos mercados americano e europeu. Apesar do atraso, isso nos deixa com um bom grau de segurança, já que a droga foi amplamente utilizada em vários perfis de pacientes mundo afora.
A bupropiona e a naltrexona possuem poucos efeitos no peso corporal se usadas isoladamente, mas, em conjunto, e na dose máxima permitida, conseguiram promover perdas de peso próximas a 7% nos seus diferentes estudos de fase 3.
Tudo isso devido a um mecanismo de ação em nível de neurotransmissores cerebrais, que reduzem o apetite e aumentam a sensação de saciedade.
No Brasil, a medicação somente poderá ser utilizada mediante prescrição médica. Eu, particularmente, creio que a necessidade de receita médica torna o seu uso mais seguro e evita a ingestão indiscriminada.
Isso é importante porque a medicação possui indicações e contraindicações bem estabelecidas, sendo que os prós e contras devem ser cuidadosamente discutidos com o médico.
Mas, se não houver contraindicação, qual o perfil do paciente que se beneficiará da novidade? Vamos lá:
• Pessoas com índice de massa corporal maior ou igual a 27 kg/m2, se tiverem doenças associadas, como diabetes, pressão alta ou colesterol e triglicérides alterados.
• Pessoas com índice de massa corporal maior ou igual a 30 kg/m2, mesmo sem comorbidades.
Apesar de já ter sido aprovada pela Anvisa, a combinação de naltrexona com bupropiona estará disponível nas farmácias somente ao longo do primeiro semestre de 2022.
+ Leia também: Pandemia aponta urgência no tratamento da obesidade
E vale destacar que sobrepeso e obesidade são doenças crônicas e, por isso, seu tratamento deve ser por longo prazo. O paciente nunca deve parar de usar uma medicação sem antes conversar com seu médico. E esse é um grande desafio nos dias de hoje, pois a suspensão do medicamento se associa ao reganho do peso perdido.
E, claro, a alimentação saudável e exercícios regulares são – e sempre serão – a base do tratamento antiobesidade. O uso concomitante de medicamentos é uma ferramenta extra que auxilia na maior perda e na manutenção do peso eliminado ao longo prazo.