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Vigilância genômica: ferramenta essencial para superar a pandemia

Por que o monitoramento do vírus da Covid-19 é uma estratégia necessária para controlar esta pandemia e evitar novas catástrofes do gênero

Por José Eduardo Levi, virologista*
Atualizado em 14 jun 2022, 17h04 - Publicado em 14 jun 2022, 09h56

No final de 2019, o mundo começou a ouvir notícias sobre o que seria a maior pandemia desde o surgimento da gripe espanhola, que aconteceu no início do século 20. Desde então, cerca de 520 milhões de pessoas foram contaminadas pelo novo coronavírus no mundo, enquanto mais de 6 milhões, infelizmente, foram vítimas da doença.

A velocidade de disseminação do Sars-CoV-2 e a sua alta taxa de letalidade levaram governos e organizações a articularem programas de pesquisa e ações para mitigar os efeitos da pandemia – em todos os seus aspectos – e, fundamentalmente, conhecer e entender a Covid-19.

Nesse contexto, iniciativas de sequenciamento genômico do vírus vieram ao encontro da profunda necessidade de acompanhá-lo de perto, compreendendo sua evolução e suas transformações. A vigilância genômica, junto com o reforço das medidas não farmacológicas (distanciamento e isolamento social, uso de máscara e higienização das mãos) e a oferta de vacinas em larga escala, compõe o tripé da prevenção da Covid-19.

+ LEIA TAMBÉM: O papel da quarta dose da vacina no combate à Covid-19

Um desses programas de monitoramento genético é o Genov, lançado oficialmente em maio de 2021 como o maior banco privado de sequenciamento do Sars-CoV-2 do Brasil, tendo a meta de decodificar 30 mil genomas virais.

O projeto, que tem patrocínio da Dasa, foi desenvolvido por um comitê científico formado por 15 especialistas renomados nas áreas de virologia, imunologia, patologia clínica, ciência de dados e bioinformática, que selecionam as amostras que serão sequenciadas, com base em critérios clínicos, imunológicos e epidemiológicos.

Em curto período, os achados do Genov foram muitos – e extremamente importantes. Entre eles, está a primeira identificação em território brasileiro da variante Alfa, ainda em dezembro de 2020. Chamada popularmente de “variante inglesa”, foi detectada em dois pacientes entre as milhares de amostras de RT-PCR dos laboratórios da Dasa daquele mês.

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O estudo foi iniciado logo quando o Reino Unido publicou as primeiras informações científicas sobre a variante, que tem como uma das principais características apresentar grande número de mutações, oito delas ocorrendo na proteína spike (aquela na superfície do vírus que permite sua entrada em nossas células).

A Alfa apresentou um crescimento exponencial no Brasil até março de 2021, quando a Gama passou a ser mais prevalente. Já em agosto de 2021, houve a identificação da Gama-plus, uma mutação convergente com características da Delta, esta surgida em outubro de 2020.

Mais recentemente, em abril de 2022, a equipe do Genov anunciou a descrição de um novo recombinante da variante Ômicron, que foi relatada ao banco genético mundial de variantes de influenza e coronavírus. A ômicron despontou no final de 2021 e apresenta 52 mutações, sendo 32 delas relacionadas à proteína spike.

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Um vírus recombinante de duas linhagens de ômicron, BA.1 e BA.2, foi encontrado em uma criança de 3 anos e ainda não recebeu sua denominação pelo órgão internacional.

+ LEIA TAMBÉM: Como a genética ajuda a criar uma nova era para os transplantes

Além de identificar e descrever as variantes e recombinantes do coronavírus, os pesquisadores do Genov puderam destrinchar, a partir dos dados obtidos, a dinâmica das variantes do Sars-CoV-2 pelo país, análise que colabora para o entendimento de como o vírus realmente se comporta.

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Após mais de dois anos desde o início da pandemia, o conhecimento sobre o coronavírus avançou bastante. A ciência desenvolveu vacinas que nos protegem contra as formas graves da infecção e medicamentos para evitar a piora dos sintomas. O conhecimento genético do vírus foi crucial nesse sentido.

Entretanto, ainda são necessárias mais informações para que possamos, finalmente, considerar o final deste período tão sofrido para a humanidade. Novas variantes têm sido reportadas e a cobertura vacinal global ainda está distante dos padrões desejados.

Em perspectiva, é preciso reconhecer que o vírus da Covid-19 certamente não deixará de circular, portanto seu monitoramento será tão imprescindível quanto o do vírus da gripe e de outros patógenos de risco para a população.

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Além disso, a pandemia corroborou a relevância de estarmos preparados para um novo episódio histórico causado por um agente infeccioso desconhecido. E, para isso, a vigilância genômica será indispensável.

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* José Eduardo Levi é virologista e coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento da Dasa

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