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Uso de máscara e outras medidas seguirão mesmo após vacina da Covid-19

Especialista aponta que medidas de higiene e proteção contra infecções devem continuar após controle da pandemia do coronavírus

Por Daniel Minozzi, químico*
31 out 2020, 09h23
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  • A pandemia da Covid-19 mudou o mundo mesmo. Instaurou a maior crise sanitária do século, abalou a economia de vários países e alterou a vida em sociedade, que agora experimenta novas formas de trabalho, estudo e lazer. E é esse ponto que eu quero discutir por aqui: as transformações nos hábitos das pessoas, principalmente no que diz respeito aos cuidados com a saúde.

    Usar máscaras e lavar as mãos são medidas que há décadas fazem parte dos protocolos da indústria química e alimentícia, bem como dos centros de saúde. Sempre existiram esses procedimentos de assepsia para minimizar a contaminação por micro-organismos, como bactérias, fungos e vírus, entre as pessoas que trabalham nesses setores. No caso do preparo dos alimentos, a prevenção da contaminação se estende aos produtos.

    A novidade é que a pandemia trouxe esses protocolos para o dia a dia das pessoas — o que, convenhamos, já podia ser uma regra. Aos poucos, os cidadãos têm percebido que ganharam qualidade de vida ao manter sempre as mãos higienizadas e adotar o uso de máscaras quando saem de casa. Os micróbios estão entre nós o tempo todo e a crise do coronavírus serviu de alerta para isso. Muitos deles podem causar doenças e até mesmo levar à morte.

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) inclusive aponta que uma das maiores taxas de mortalidade do mundo está ligada à ocorrência de infecções. Basta ver o que acontece com pessoas doentes que estão nas UTIs ou em home cares e acabam contraindo algum patógeno nocivo. Não por menos, os cuidados sanitários são cada vez mais importantes e necessários.

    O avanço da tecnologia e da ciência possibilitou a realização de testes que comprovam que produtos à base de materiais como as micropartículas de prata, que já tinham função antibacteriana e antiviral conhecida, podem ser utilizados como barreira física contra o novo Sars-CoV-2. O desenvolvimento desses trabalhos e dos seus achados está evoluindo e precisa contar com uma rede de fomento e infraestrutura ainda maior para beneficiar quanto antes a população. Quando a pandemia teve início, um ensaio científico demorava quatro meses para ser feito. Hoje esse período caiu para 30 dias.

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    Outro ponto que a pandemia deixa como legado é cultural e educativo. A população passou a entender mais sobre os micro-organismos e como é possível combatê-los no dia a dia. As empresas já começaram a criar rotinas para cuidar melhor da saúde das pessoas, adotando algumas barreiras sanitárias e incluindo produtos que ampliem essa proteção, como tecidos especiais, armários e até louças de banheiro. Não se trata de algo supérfluo. O coronavírus sobrevive, em média, de quatro a cinco dias em uma superfície.

    Além disso, o controle sanitário dos ambientes públicos precisa andar de mãos dadas com os cuidados particulares exercidos por pessoas e empresas. Fazer uma higienização microbiana no transporte público é de extrema importância para fechar o ciclo de proteção e evitar a contaminação cruzada.

    No cotidiano, o hábito de limpar os alimentos e outros produtos ao chegar do supermercado também já faz parte do ritual de proteção. Porém, devemos lembrar que deixá-los guardados por um bom tempo nos armários os deixa expostos a novos micro-organismos. Não à toa, ganham espaço sprays antimicrobianos para uso nas gôndolas e nas despensas. Ao observar as pessoas dentro do mercado antes da pandemia, era comum que, na hora de pegar um produto de limpeza, elas reparassem mais no seu aroma. Hoje, o foco é saber se aquele item elimina o vírus ou não. Passeando ainda pelos corredores do supermercado, já vemos até embalagens com proteção extra contra o Sars-CoV-2.

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    Com a pandemia em curso, vários setores se preocuparam em adotar barreiras de proteção em seus produtos. Alguns já adotavam esse artifício e ampliaram o leque de opções, como é o caso da indústria da moda, que antes fabricava camisetas com tecidos antiodor e antimicrobiano, de fácil higienização e maior durabilidade. Agora, esses mesmos tecidos, já adaptados e testados para a Covid-19, são aplicados para produção de máscaras, toalhas de mesa, cortinas, lençóis e uniformes.

    Outros setores que também estão envolvidos nessa expansão pautada pelo uso de materiais e estratégias que amplificam a proteção englobam indústrias que trabalham com plástico, madeira e laminados e fabricam de itens de utilidade doméstica a pisos e equipamentos hospitalares.

    A pandemia da Covid-19 deflagrou uma nova etapa na guerra com os micróbios. Uma luta histórica contra várias doenças de origem viral ou bacteriana, entre elas a gripe, que reaparece todo ano e, segundo alguns cientistas, poderá vir ainda mais forte. De olho nisso, precisamos criar e aperfeiçoar barreiras contra esses patógenos. E, quanto mais combatermos esses problemas pela raiz, mais evitaremos novos surtos e pandemias.

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    Usar máscaras, lavar as mãos e utilizar produtos com ação antiviral seguirão em frente mesmo após a aprovação da vacina contra o coronavírus. São hábitos que não têm mais volta. Até porque, quando uma epidemia for embora, podemos ter outra batendo à nossa porta.

    * Daniel Minozzi é químico, mestre em ciências de materiais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e fundador e VP da Nanox 

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