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Uma nova perspectiva para o tratamento do câncer de pulmão

Medicina personalizada e chegada de terapias modernas aumentam sobrevida dos pacientes acometidos por este tipo de câncer

Por William Nassib William Junior, oncologista*
26 ago 2022, 18h37
Desenho de pulmões azuis
Diversos desafios envolvem a detecção e o tratamento do câncer de pulmão. (Ilustração: André Moscatelli/SAÚDE é Vital)
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O câncer de pulmão é o primeiro em mortalidade entre os homens e o segundo entre as mulheres em todo o mundo. No Brasil, são mais de 30 mil novos casos por ano e quase 29 mil mortes, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). 

Nas últimas décadas, tivemos avanços que aumentaram a sobrevida dos pacientes com câncer de pulmão. A terapia-alvo, por exemplo, tornou-se uma das estratégias mais importantes. Isso porque os cânceres de pulmão têm alterações específicas em algumas moléculas, que sofrem mutações e funcionam como se fossem o “motor” da doença. As terapias-alvo agem diretamente nessas moléculas alteradas, bloqueando o seu funcionamento e, consequentemente, o crescimento do tumor. A personalização do tratamento do câncer de pulmão é baseada na identificação da molécula alterada, ou seja, no perfil molecular do paciente, com o objetivo de se escolher a medicação mais adequada para cada indivíduo.

+Leia também: Câncer de pulmão segue liderando estatísticas, apesar de novos recursos

A mutação KRAS é uma das alterações moleculares mais comuns nos fumantes diagnosticados com câncer de pulmão. Até 2022, não tínhamos uma terapia específica para esses casos. Porém, essa realidade pode mudar e ganhar uma nova perspectiva com a chegada de uma medicação indicada para indivíduos com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP), localmente avançado ou metastático, com mutação de KRAS G12C, que receberam pelo menos uma terapia anterior3. A vantagem dessa terapia é inibir o KRAS G12C anormal, que está envolvido no crescimento das células, e bloquear sua função, o que pode diminuir ou interromper o crescimento do tumor com um perfil de toxicidade mais favorável. Os estudos clínicos também mostraram uma chance maior de controlar a doença, em comparação às terapias convencionais, e uma sobrevida global de dois anos de 32,5% dos indivíduos que receberam sotorasibe.

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Para nós, médicos, é fundamental que terapias cada vez mais modernas e com potencial de mudar o curso de um tumor surjam ao menos no mesmo ritmo que observamos nessa última década. 

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A expectativa é poder sempre ter acesso aos melhores tratamentos para atender as necessidades do paciente. Claro que há um longo caminho entre a chegada de uma nova droga e a disponibilização dela para quem realmente precisa – há, infelizmente, uma diferença grande entre as terapias disponíveis nos planos de saúde e as ofertadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).  

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Entretanto, é importante que todos os envolvidos (profissionais de saúde, pacientes, sociedades médicas, associações de pacientes, indústria farmacêutica, governo, tomadores de decisão) contribuam para que essa jornada de acesso ao tratamento seja cada vez menor.

William Nassib William Junior, Diretor Médico de Oncologia e Hematologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo e Professor Adjunto Associado do MD Anderson Cancer Center, em Houston, nos Estados Unidos (EUA).

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