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Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde

Um SUS para todos requer a contribuição de todos

A colaboração entre Estado e sociedade civil é essencial para reduzir desigualdades e fortalecer o futuro do Sistema Único de Saúde

Por Thais Junqueira, superintendente geral da Umane*
20 out 2025, 15h43
o sus
Abrangência do SUS ainda é desconhecida por boa parte dos brasileiros (Ilustração: Ile Machado/SAÚDE é Vital)
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O Brasil tem o maior sistema de saúde universal do mundo, oferecendo acesso integral e gratuito a toda a população. Criado há 35 anos a partir de uma mobilização popular no processo de redemocratização, o Sistema Único de Saúde (SUS) nasceu como resposta à demanda da sociedade por saúde como direito de todos.

Desde que inscrito na Constituição Federal como dever do Estado, cresceu gradualmente, inovou em diversos programas, resistiu a crises, amadureceu e se consolidou como a maior política pública de inclusão social do país.

Diante dos desafios persistentes de acesso à saúde, agravados pela imensa diversidade e desigualdade do país, torna-se essencial a revisão e atualização contínua dos mecanismos de organização e governança do sistema de saúde, pois é essa estrutura que viabiliza respostas eficazes e sustentáveis às necessidades da população.

O SUS tem hoje uma abrangência impressionante: são mais de 50 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS), 53 mil Equipes de Saúde da Família (ESF), 2,8 bilhões de atendimentos por ano a cerca de 170 milhões de brasileiros.

Fez mais de 13 milhões de cirurgias eletivas só em 2024, gerando em torno de 2,5 milhões de empregos, sendo o maior empregador do país, segundo dados do Governo Federal e do Ministério da Saúde.

O SUS está presente, ainda, em ações cotidianas como a fiscalização sanitária de alimentos, o transplante de órgãos, vacinação em massa e a formação e disponibilização de profissionais de saúde em todo o território nacional. Nenhum país do mundo, até hoje, ousou uma ambição de tal proporção.

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Tamanha magnitude vem, no entanto, acompanhada de desafios, acentuados pelas desigualdades sociais. E desigualdades sociais andam juntas com desigualdades em saúde.

O enfrentamento dessas desigualdades pode se beneficiar de uma atuação coordenada do poder público com outros atores, e a sociedade civil organizada tem papel fundamental nesse processo.

Basta olhar para o retrato do setor: historicamente, a filantropia no Brasil atuou fortemente na prestação de serviços assistenciais de saúde, como exemplificam as Santas Casas, e nas últimas décadas, instituições como as APAEs.

O novo papel da filantropia e das organizações sociais

Já nos últimos anos, surgiram novas organizações da sociedade civil voltadas à saúde pública com foco em programas de apoio ao poder público, pesquisas, advocacy e inovação.

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Especialmente após a pandemia de Covid-19 — mas não necessariamente originadas por ela — suas atuações passaram a acontecer de modo mais ordenado e com parcerias. Adicionalmente, a emergência sanitária evidenciou a importância do SUS e despertou maior engajamento da sociedade.

As organizações entenderam que investir na saúde pública é investir no aprimoramento do próprio sistema, como prevê a Constituição, e que a filantropia pode ser um agente importante para testar soluções, gerando conhecimento e evidências para impulsionar políticas públicas eficazes de forma mais ágil, compromisso do Estado.

O esforço brasileiro

A comparação internacional ajuda a dimensionar o esforço brasileiro. Em 2024, o gasto público total do Brasil com saúde foi de cerca de 4% do PIB — valor modesto frente a países com sistemas universais e que ainda inclui despesas que não se destinam diretamente ao atendimento da população, como assistência médica a servidores públicos e subsídios ao setor privado.

No Reino Unido, cujo sistema público de saúde (NHS) é referência mundial e foi criado 40 anos antes do SUS, o investimento chegou a aproximadamente US$ 4.400 (4.058 euros) por habitante, ou 10,3% do PIB.

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Mesmo com recursos muito mais limitados, sempre penso que o SUS realiza verdadeiros “milagres” diariamente, alcançando milhões de brasileiros, em diferentes territórios e contextos, de forma contínua e abrangente.

O papel da sociedade civil

A sociedade civil é parte integrante desse sistema. Representa não apenas os usuários, mas também uma força capaz de ajudar o sistema a ser mais ágil, eficiente e resolutivo.

A mudança demográfica, o envelhecimento da população, a transição epidemiológica e os efeitos das mudanças climáticas tornam o fortalecimento do SUS ainda mais urgente.

Nesse contexto, o papel da filantropia se amplia. Segundo dados do Censo GIFE 2023, o investimento social privado no Brasil cresceu de R$ 3,6 bilhões em 2019 para R$ 4,8 bilhões em 2022, um aumento de mais de 30% em valores atualizados.

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Novas instituições chegaram ao campo da saúde, mas ainda há desafios de ampliação da participação da sociedade civil nessa agenda, além da necessidade de coordenação e estabelecimento de focos complementares em torno de prioridades comuns e de articulação entre os atores.

São necessários diálogo, divisão de responsabilidades e construção coletiva para que o impacto seja maior do que a soma das partes.

Futuro em jogo

O Brasil vive um momento estratégico para ampliar a participação e a coordenação entre as organizações da sociedade civil em nome da saúde pública.

Essa oportunidade, que vem sendo cultivada ao longo da última década, pode contribuir de modo mais sistemático para o enfrentamento das desigualdades em saúde e impulsionar ainda mais o futuro do SUS. E a sociedade civil tem a chance de ser protagonista, junto ao poder público, no desenvolvimento de um SUS mais forte, equitativo e sustentável.

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*Thais Junqueira é superintendente geral da Umane, organização sem fins lucrativos da sociedade civil que visa promover a saúde pública. 

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