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Tenho um nódulo na tireoide. E agora doutor?

Nem sempre um nódulo na tireoide é grave. Especialista explica como lidar com essa situação e quais os sintomas que demanda uma visita ao médico

Por Flavio Hojaij, cirurgião*
Atualizado em 25 Maio 2020, 13h01 - Publicado em 25 Maio 2018, 10h54
nodulos na tireoide é grave dia internacional da tireoide
Tre um nódulo na tireoide é sempre grave? (Foto: Anatolii Riepin/Shutterstock. Ilustração: Ícaro Yuji/SAÚDE é Vital)
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A primeira coisa é não se preocupar demais, porque 60% das pessoas têm um nódulo na tireoide e menos de 5% deles são malignos. Ou seja, a grande maioria dos casos não é câncer.

No momento em que se verifica um nódulo (em geral pelo exame de ultrassom), o mais importante é definir se ele precisa ser investigado com mais profundidade ou não. Eu diria que, na maior parte das vezes, a avaliação é interessante.

Entretanto, depois de descobrir o nódulo, a palavra de ordem é “serenidade”. Serenidade porque precisamos definir se esse nódulo merece ser investigado de maneira mais invasiva – através de uma punção aspirativa. Nódulos com características suspeitas no ultrassom muitas vezes devem ser puncionados.

Agora, se esse nódulo for pequeno e não for suspeito, talvez possa ser apenas observado. Nada mais. E nessa observação mais ativa o especialista fica de olho em alguma alteração na produção de hormônios pela glândula tireoide, um sinal de que algo pode estar errado.

Se o especialista determinar a necessidade de uma punção, o próximo passo será avaliar o resultado desse exame e descobrir se o nódulo é benigno ou maligno.

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Se ele for maligno (ou suspeito), possivelmente será necessário um tratamento. Digo possivelmente, porque já existem estudos, capitaneados por países desenvolvidos, como os Estados Unidos e Japão, que já estão observando tumores malignos de tireoide e não operando indiscriminadamente, desde que eles sejam bem diferenciados (menos agressivos) e com características que não preocupem. Nos casos de apenas suspeição, existe até a possibilidade de estudos genéticos no material da punção.

O tratamento do câncer de tireoide

Entretanto, se a opção – e aqui no Brasil acredito que é a melhor opção – for tratar o câncer de tireoide, a cirurgia não é um absurdo. Pelo contrário: ela é muito segura, desde que conduzida por um médico experimentado no assunto.

A cirurgia pode ser desde uma operação mais ampla ou, por outro lado, até parcial. Ou seja, às vezes dá para não tirar a tireoide toda. Existem critérios e isso precisa ser discutido com o médico.

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Se depois da operação, o carcinoma de tireoide se mostrar menos agressivo, talvez ele nem demande um tratamento complementar, que seria o uso do iodo radioativo. A quimioterapia e a radioterapia muito raramente entram no combate a esses tipos de tumores. Eu diria que esses casos são praticamente anedóticos – tais tratamentos são indicados somente em situações realmente difíceis.

Após a cirurgia, o câncer na tireoide menos agressivo raramente apresenta recidiva ou metástase. A pessoa só terá que tomar continuamente o hormônio que era produzido pela glândula, a levotiroxina.

Agora, e se aquela punção revelar que o nódulo é benigno? Se for benigno e pequeno, caberá somente uma observação. Tudo bastante tranquilo, avaliando-se uma vez por ano o tamanho e o crescimento, bem como a função dos hormônios.

Ouço muito essa pergunta: doutor, mas não precisa operar sempre que surge um nódulo de tireoide? E eu digo enfaticamente que não.

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Via de regra, somente após a confirmação de se tratar de um câncer ou se os nódulos forem muito grandes, ultrapassando a barreira dos 3 a 3,5 centímetros, é que a cirurgia vira uma opção. Também são passíveis de tratamento os nódulos que aumentam muito a produção de hormônios, originando o chamado hipertireoidismo. É óbvio que todas essas situações devem ser discutidas.

Portanto, possuir nódulos de tireoide não é uma coisa incomum. E há boas soluções para lidar com uma doença maligna na glândula. Ninguém precisa amargar nenhum desespero, ainda mais nos dias atuais.

Outro ponto importante que eu destaco são as solicitações indiscriminadas de exames de ultrassom da tireoide, sem que haja o exame clínico do pescoço (a palpação), suspeita ou histórico familiar. Isso não leva a nada, uma vez que, como escrevi antes, muitas pessoas podem ter nódulos. Já existem diretrizes mundiais desaconselhando essa prática, ainda comum aqui no Brasil.

Alguns números, sinais e sintomas

Considerado o mais comum da região da cabeça e pescoço, o câncer de tireoide é três vezes mais frequente no sexo feminino. Nos Estados Unidos, a doença corresponde a 3% de todos os casos de câncer que atingem as mulheres.

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No Brasil, equivale a 1,3% de todos os casos verificados pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) de 1994 a 98. Ele é o oitavo tumor maligno mais comum entre as brasileiras.

Deve-se procurar um especialista se aparecerem sinais e sintomas como:

• Nódulo no pescoço que às vezes cresce depressa;

• Dor na parte da frente do pescoço, que às vezes irradia para os ouvidos;

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Rouquidão ou mudança no timbre da voz que não desaparece com o tempo;

• Dificuldade para engolir;

• Dificuldade para respirar;

• Tosse incessante, que não seja proveniente de uma gripe.

A glândula tireoide

A tireoide é uma glândula que produz dois hormônios que contêm iodo – a tiroxina (T4) e a tri-iodotironina (T3) – e que controlam nosso metabolismo e influenciam no desenvolvimento e na atividade do sistema nervoso. Ela regula ainda a função de órgãos importantes, como coração, cérebro, fígado e rins e, ainda, as relacionadas ao intestino e ao aparelho genital.

*Flavio Hojaij é médico, especialista em cirurgia de cabeça e pescoço. Livre Docente pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; colaborador da Disciplina de Topografia Estrutural Humana e Secretário da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço.

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