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Suplementos e saúde mental: é melhor que os nutrientes venham da comida

Conheça os nutrientes benéficos para o funcionamento do cérebro e em que contexto a suplementação deve ser considerada

Por Alexandre Valverde, psiquiatra*
9 nov 2023, 10h02
Suplementos só devem ser consumidos com orientação médica  (Freepik/Reprodução)
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O expressivo aumento da incidência dos transtornos psiquiátricos na população leva ao interesse maior da população por questões relacionadas à saúde mental.

Esse interesse se manifesta não só no maior consumo de conteúdos psicoeducativos, na criação de comunidades e no surgimento de influenciadores em redes sociais, mas também na busca por tratamentos não-alopáticos, como suplementos e práticas alimentares que possam tratar ou prevenir o sofrimento psíquico.

Considerando o complexo funcionamento do nosso cérebro, os nutrientes podem atuar na atividade metabólica de suas células. Ou seja, em como elas se mantêm vivas, exercem suas funções, se constituem como tecido e se comunicam umas com as outras.

Para que os neurônios funcionem em rede e se comuniquem entre si, é preciso que os processos de formação, armazenamento e liberação de neurotransmissores aconteçam sem impeditivos, bem como o estabelecimento das conexões entre eles.

Alguns nutrientes fundamentais têm participação em todas essas esferas.

Vitaminas do complexo B (principalmente B1, B6, B9 e B12), micronutrientes como ferro, zinco e magnésio, e gorduras poli-insaturadas (ômegas 3 e 6), participam da formação de neurotransmissores como a serotonina, dopamina, noradrenalina, GABA entre outros, bem como na constituição das paredes dos neurônios.

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Já a ação de radicais-livres, substâncias que vão oxidar e envelhecer os neurônios mais rapidamente, pode ser reduzida pela ação da vitamina D e do zinco.

Esses nutrientes podem ser adquiridos com uma dieta balanceada, que inclua produtos de origem vegetal e animal, alimentos integrais, cereais, verduras, castanhas, nozes. No caso de pessoas veganas, deve ser suplementada a vitamina B12.

+ Leia tambémComida para proteger o cérebro

Das bactérias aos fungos

Além da ação direta sobre os neurônios dos compostos citados acima, podemos considerar os alimentos prebióticos e probióticos, que influenciam diretamente o funcionamento do nosso intestino e, indiretamente, o funcionamento cerebral.

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Os prebióticos são alimentos que favorecem o crescimentos de uma boa flora intestinal, a microbiota, que pode ser melhor cultivada com uso de probióticos, micro-organismos que reduzem o estado inflamatório e melhoram a formação de defesas das paredes intestinais, reduzindo a liberação de substâncias que atuam negativamente sobre todo o organismo.

Algumas bactérias, como Bifidobacterium longum e Lactobacillus helveticus podem também produzir serotonina e auxiliar no tratamento de quadros depressivos e ansiosos mais leves, complementando tratamentos medicamentosos ou mesmo sendo a base terapêutica proposta.

+ Leia também: Probióticos: um universo em expansão

Fora as bactérias, alguns fungos começam a despontar como opções de tratamento complementar. É o caso do Hericium erinaceus, nome científico do juba-de-leão (ou em inglês lion’s mane, como muitos o conhecem), que aumenta a produção do fator de crescimento neuronal.

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Essa substância promove maior conexão entre os neurônios, com reflexos sobre a concentração, memória, humor e sono.

Também podemos citar o Cordyceps sinensis, com sua ação anti-inflamatória e antioxidante, que é fonte ainda de micronutrientes como magnésio, selênio, entre outros.

Por fim, plantas utilizadas na medicina tradicional oriental como ginkgo biloba, ashwaganda e ginseng, apresentam ação antioxidante e melhoram a circulação sanguínea com efeitos sobre a concentração, memória, disposição e humor.

Dieta é a melhor fonte

É importante ressaltar que nutrientes devem ser obtidos preferencialmente a partir de uma dieta balanceada, posto que a absorção destes é sempre melhor pela alimentação e que a suplementação com compostos produzidos de maneira industrial deve se restringir à prescrição profissional.

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Os alimentos com ação benéfica para o cérebro devem ser considerados como uma opção complementar, que se soma ao esforços movidos com tratamento psiquiátrico, cuidados como a qualidade do sono, atividade física e boa hidratação, além das psicoterapias e seguimento médico-psiquiátrico.

* Alexandre Valverde é psiquiatra, mestre em Filosofia Contemporânea e apresenta o podcast “Fractais”, que trata de temas ligados às neurodivergências

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