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Os adoçantes seriam o vilão da vez?

Especialista questiona interpretação dada após publicação de documento da OMS que deixa de indicar esses produtos para a perda de peso

Por Thiago Barros, nutricionista*
29 jun 2023, 18h14
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  • Ovo, carne de porco e óleo de soja têm algo em comum: já foram considerados inimigos da nossa saúde e, depois, redimidos e recolocados em seu devido lugar, o de alimentos importantes e saudáveis dentro de um cardápio equilibrado.

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    Essa situação ocorre várias vezes pela compreensão equivocada de pesquisas científicas ou pelo que se tem chamado de pseudociência, aquela que se intitula ciência, mas não trabalha com evidências ou comprovações.

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    Pelo que percebo, o vilão da vez é, ou estão tentando fazer ser, o adoçante. Talvez isso aconteça para perdermos o foco das questões realmente importantes quando se fala de alimentação e nutrição.

    O fato é que, até o momento, desconheço estudos científicos sérios, bem-feitos e confiáveis que concluam que os adoçantes são um risco à saúde. Ao contrário, todos indicam que ele é um eficaz substituto do açúcar na dieta de pessoas que querem perder ou controlar peso ou ainda precisam controlar os níveis de glicemia.

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    Uma recente publicação da Organização Mundial da Saúde (OMS), baseada na revisão de diversos estudos publicados anteriormente, gerou comoção ao ser interpretada como uma recomendação efetiva para as pessoas em geral pararem de consumir adoçantes.

    Ao se analisar o apanhado de pesquisas com atenção, percebemos que não há nada de novo e, ao contrário do que se alardeou, o documento mostra que eles são seguros e podem ser uma estratégia complementar para redução de peso.

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    Além disso, os trabalhos que tentaram demonstrar alguma insegurança no uso do produto apresentavam baixo rigor científico. Assim como nunca se provou que adoçantes causam aumento de peso, celulite, problemas intestinais, aumento da fome ou da vontade comer doce, em seres humanos.

    + LEIA TAMBÉM: Novos estudos reforçam urgência de reduzir sal e açúcar

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    Nesse contexto, tampouco existem pesquisas que apontem que haja um adoçante melhor do que o outro. O que recomendo é utilizar aquele que mais lhe agrada o paladar, na mínima quantidade possível. Afinal, de doce já basta a vida.

    O ponto é que, mesmo se consumidos em excesso, os adoçantes tendem a ficar dentro da margem de NOAEL (No adverse effect level).

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    Pelos estudos, a margem de segurança para a sucralose, por exemplo, é a de que um adulto poderia ingerir mais de 75 sachês por dia, diariamente, ao longo da vida. Nem isso representaria danos à saúde, embora saibamos que é praticamente impossível alguém realizá-lo de verdade.

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    Há pessoas que defendem que o ideal é simplesmente excluir o açúcar de nossa alimentação. Eu discordo por alguns motivos. Primeiro, porque nutrição é contexto. Ninguém come açúcar puro com a colher ou só açúcares… e há diversas estratégias simples de redução de danos num cardápio.

    Segundo, do ponto de vista técnico, a mesma OMS, em sua diretriz mundial de ingestão de açúcares para crianças e adolescentes, diz que não há vantagem em reduzi-la a quase zero. Ou seja, a nutrição não precisa ser 8 ou 80.

    Concluindo, reforço que o adoçante não é um vilão. Ao contrário, tem agido muito bem no apoio a tantas pessoas que buscam alternativas ao açúcar e aos profissionais de nutrição para formular dietas e recomendações que consigam ter a devida adesão na vida real.

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    * Thiago Barros é nutricionista, especialista em nutrição aplicada ao exercício físico pela USP e mestre em ciências pela Unifesp

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