A dor lombar acomete oito em cada 10 pessoas ao longo da vida. Apesar de comum, sua origem e tratamento ainda geram dúvidas.
Falta ou excesso de exercícios, assim como movimentos inapropriados, podem machucar o músculo e causar dor. Quando ela irradia para as pernas, pode simular a compressão de nervos, causando confusão no diagnóstico e tratamento.
Outras fontes de dor incluem a hérnia discal, pela compressão do nervo; alterações degenerativas das articulações da coluna (síndrome facetaria); instabilidade segmentar (articulações “frouxas”); e estreitamento do canal vertebral, para citar as mais comuns. O diagnóstico correto é fundamental para definirmos o melhor tipo de tratamento.
O manejo inicial da lombalgia se baseia em programas de reabilitação com fisioterapia e atividades que visam fortalecer e equilibrar a musculatura, além de medicações analgésicas.
Nessa fase, infiltrações e bloqueios anestésicos dos nervos, das articulações e dos grupos musculares, guiados por raio x ou ultrassonografia, podem ser realizados para auxiliar o paciente a realizar o tratamento conservador de maneira mais efetiva.
A saída cirúrgica
Em alguns casos, a cirurgia é necessária. Historicamente, procedimentos na coluna eram temidos por pacientes e familiares, tanto pelo risco de sequelas neurológicas como pela intensa dor no pós-operatório, com longos períodos de repouso.
Essa realidade mudou nas últimas décadas e, hoje, há alternativas mais seguras, com menos dor e menor tempo de recuperação, garantindo o retorno rápido à vida social e ao trabalho.
Dentre as tecnologias mais recentes podemos citar a endoscopia de coluna vertebral, as técnicas percutâneas para retirada do disco intervertebral e as técnicas percutâneas de fixação da coluna.
Deve-se salientar que existem critérios para indicação de cada uma dessas modalidades e que elas não são viáveis em todos os casos.
Além disso, as cirurgias tradicionais também evoluíram. Não só em termos de materiais, que permitem incisões menores e menos manipulação muscular, mas também em relação à segurança, com a monitoração dos nervos e da medula em tempo real.
Existem ainda alternativas para tratar dores causadas por sequelas nos nervos, chamadas de dores neuropáticas. Nessas situações, a cicatriz no nervo causa um “curto-circuito” que gera desconfortos com características incomuns, como queimação, formigamento, sensação de calor ou frio, hipersensibilidade ou mesmo incômodo em um território anestesiado.
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A neuromodulação com estímulos elétricos nos nervos ou na medula tem se mostrada cada vez mais uma alternativa para tratar dores complexas.
Apesar das novas técnicas descritas, vale ressaltar: nada substitui uma avaliação clínica detalhada e o diagnóstico correto. A relação humana, a empatia e a boa comunicação também são fundamentais para determinar o caminho a ser tomado.
Afinal, a escolha do tratamento pode variar de acordo com os objetivos e as expectativas do maior interessado no resultado: o paciente.
*Antônio Nogueira de Almeida e Eduardo Joaquim Lopes Alho são neurocirurgiões da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.