Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Imagem Blog

Com a Palavra Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

Não posso mais viver sem mim

Estudos mostram que pessoas tendem a achar que são melhores do que as outras, além de menos propensas a perigos. E isso pode sabotar a busca por saúde

Por Luiz Gaziri, especialista em ciências comportamentais*
5 mar 2024, 13h51

Eu me amo, eu me amo, não posso mais viver sem mim”, diz o hit do Ultraje a Rigor, que embalou os anos 1980. Curiosamente, essa pode ser uma canção suportada pela ciência.

Em um estudo, o cientista Mark Alicke, da Universidade de Ohio (EUA), pediu para um grupo de pessoas julgarem a si mesmas em 40 características de personalidade. Elas também deveriam dar suas opiniões sobre a personalidade da média da população, usando uma escala entre 0 e 8.

Como os participantes se classificaram a si mesmos e aos outros em características como cooperação, lealdade e disciplina? E como seriam os julgamentos sobre falsidade, desonestidade e irresponsabilidade?

Para a surpresa de Alicke, os participantes acreditavam ter uma personalidade superior à das demais pessoas em 38 das 40 características. Ele nomeou esse fenômeno como o Efeito Melhor Que a Média.

Da mesma forma, 87% dos estudantes de MBA da Universidade Stanford (EUA) julgam ter melhor desempenho do que a média. Os CEO’s julgam ser mais éticos que seus pares, enquanto estudantes de administração e presidentes de empresas acreditam ter habilidades gerenciais melhores que os demais.

+Leia também: Como enganar a si mesmo faz mal à saúde

Já casais crêem que seus riscos de divórcio são inferiores aos de outros, universitários julgam ter mais chances do que a média de viver acima dos 80 anos de idade, motociclistas pensam que vão causar menos acidentes do que os demais… Até 94% dos professores universitários acreditam ter habilidades de ensino superiores aos colegas e cidadãos deixam de se vacinar por acreditarem ter menos chances do que a média de contrair gripe.

Não é fácil perceber, mas existe um problema nesses julgamentos: é estatisticamente impossível que a maioria das pessoas seja melhor do que a maioria.

Alicke foi um dos cientistas que refinou as evidências de um fenômeno conhecido como viés do autointeresse: a necessidade das pessoas em manter uma imagem positiva de si mesmas. Em outro estudo, ele pediu para os participantes analisarem as chances de eventos negativos acontecerem com eles e com outras pessoas.

Em 19 dos 24 eventos, os participantes acreditavam ter menos chances do que os outros em sofrer com alcoolismo, doenças sexualmente transmissíveis, ataque cardíaco e demais acontecimentos negativos. O nosso desespero por manter o ego elevado não somente viola as regras da estatística, como nos ilude de que a vida nos trará apenas momentos positivos.

BUSCA DE MEDICAMENTOS Informações Legais

DISTRIBUÍDO POR

Consulte remédios com os melhores preços

Favor usar palavras com mais de dois caracteres
DISTRIBUÍDO POR
Continua após a publicidade

Manter uma imagem positiva de nós mesmos é importante para o bem-estar. No entanto, esse desejo também pode fazer com que as pessoas deixem de buscar por novos conhecimentos, negligenciem sua saúde, pratiquem sexo inseguro, dirijam depois de beber, não se vacinem e tenham outras atitudes perigosas.

Por essas razões, uma das principais habilidades que devemos cultivar é a humildade intelectual: reconhecer que nossas crenças podem estar erradas, permanecendo com a mente aberta para mudar de opinião e buscar novos conhecimentos.

O cientista Carl Sagan dizia que a verdade dolorida é melhor do que a fantasia confortante. Se você concorda com a frase, mas acha que as demais pessoas não estão cientes disso, leia o artigo novamente.

*Luiz Gaziri é professor de ciências comportamentais, palestrante e autor de A Arte de Enganar a Si Mesmo (clique para comprar).

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.