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Morango do amor: as lições do viral sobre nosso comportamento alimentar

Chocolate de Dubai, suco verde, salada de salmão com pepino... Cada "hype" traz reflexões sobre as motivações por trás das nossas escolhas gastronômicas

Por Sophie Deram, nutricionista*
Atualizado em 28 jul 2025, 16h21 - Publicado em 28 jul 2025, 16h16
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Morango do amor é a nova moda das redes sociais  (Frigideira com Tampa (Youtube)/Reprodução)
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A viralização de conteúdos nas redes sociais não é exatamente uma novidade. Com o aumento dos usuários, mais rápido a informação circula e ganha o feed (e a mente) de milhares de pessoas. O que é relativamente novo é esse comportamento com a comida, como vemos nos últimos dias com o morango do amor.

Literalmente de um dia para o outro e quase nunca sem saber a origem, ou seja, o post zero de determinado conteúdo o que mais vimos eram pessoas em frente aos liquidificadores para preparar diferentes variações do suco verde. Tempos depois, nossas redes foram impactadas com uma salada de pepino, salmão, maionese e temperos.

E, quando a salada deixou de ser interessante, fomos incessantemente impactados pela indulgente barra do “chocolate Dubai” que, inclusive, fez popular o pistache e se apresentou em diferentes (e criativas) variações. E agora, nos últimos dias, estamos inundados por mil e uma versões do morango do amor, doce que — segundo pesquisei — não é tão novo assim e já existe há tempos em várias confeitarias. Mas por causa de um post, viralizou e virou febre.

Meu papel como pesquisadora em neurociência do comportamento alimentar e nutricionista é enxergar além do óbvio: uma sobremesa bonita, cheia de açúcar e que convida o nosso cérebro à vontade.

O “comer com os olhos” é real e estudos já afirmaram que tendemos a comer mais quando estamos diante de imagens apetitosas. E a minha análise diante da explosão do morango do amor é, na verdade, um convite para refletirmos: o que comemos representa a nossa vontade genuína de experimentar algo novo ou é apenas mais uma maneira de pertencer ao hype e ter o que postar nas redes sociais?

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+ Leia também: Seríamos vítimas da Matrix? As redes sociais e a nossa saúde mental

Está tudo bem e é inclusive esperado psicologicamente ter vontade de experimentar aquilo que vem em forma de uma imagem bonita e convidativa. O marketing sensorial existe e está sendo cada vez mais utilizado pela indústria alimentícia e da gastronomia porque o seu poder é real.

No entanto, é preciso acender a luz amarela de alerta se o seu comportamento alimentar vem da necessidade de pertencer a um movimento que domina a internet.

Não faltaram comentários em minhas redes sociais de pessoas que disseram que “precisam experimentar para poder fazer parte da moda” ou “nem gostam tanto assim de morango, mas se a internet está falando que é maravilhoso, vou ver se é mesmo”. E talvez aí se esconda o porquê da minha reflexão.

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Comer é prazer, esse é o ponto vital de todo o meu trabalho. E podemos comer de tudo, desde que tenhamos consciência daquilo que estamos ingerindo. Mas além do prazer, comer também é abastecer o nosso organismo para que ele possa funcionar corretamente, promovendo longevidade e ânimo para as tarefas do dia-a-dia, incluindo postar em nossas redes sociais.

O alerta é quando transformamos o comer não em um abastecimento para o corpo e não em um prazer; o alerta é quando transformamos o comer em ferramenta de pertencimento.

Você não precisa do suco verde, da salada de pepino, do chocolate de Dubai, do morango do amor e nem da próxima comida a viralizar nas redes sociais (o que não vai demorar muito, acredita) para fazer parte de algo. Você só precisa de você. Da sua presença. De quem você é e daquilo que gosta.

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Meu recado final: tudo bem querer experimentar uma novidade, afinal, a curiosidade é parte de uma relação saudável com a comida. Mas a motivação não deveria vir da pressão por “não ficar de fora” de uma modinha. Coma o morango do amor e tudo o que vier depois dele se quiser, e não porque precisa postar nas suas redes, combinado?

Bon appétit!

*Sophie Deram é nutricionista, pesquisadora e coordenadora do projeto de genética do Ambulatório de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (IPq-HC-FMUSP). É autora dos livros O Peso das Dietas (Sextante – clique para comprar) e Os 7 Pilares da Saúde Alimentar (Sextante – clique para comprar).

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