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H. pylori: infecção bacteriana de Nattan é a mais comum do planeta

O consumo de álcool não transmite o micro-organismo, mas pode irritar ainda mais o estômago, agravando sintomas de gastrite ou úlceras causadas por ele

Por Patricia Almeida, hepatologista*
Atualizado em 21 nov 2024, 14h20 - Publicado em 21 nov 2024, 14h17
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O cantor Nattanzinho foi diagnosticado recentemente com a bactéria H. pylori (Instagram/Reprodução)
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Recentemente, o cantor Nattan, também conhecido como Nattanzinho, anunciou ter feito tratamento contra o Helicobacter pylori (H. pylori para abreviar). Ele também contou que a infecção o fez repensar diversas atitudes, entre elas o consumo frequente de álcool, que pode agravar os sintomas da doença.

O H. pylori é uma bactéria presente no estômago de aproximadamente 3 bilhões de pessoas ao redor do mundo — ou seja, metade da população mundial. Por isso, é a infecção bacteriana mais comum do ser humano.

Ela foi descoberta feita em 1982 e mudou a forma de se ver a úlcera gástrica: de crônica, debilitante e passível de uma cirurgia que tirava parte do estômago, ela se tornou uma doença curável com antibióticos.

Até então, achava-se que nada poderia crescer no estômago por causa da acidez do suco gástrico. Convencer a comunidade médica internacional exigiu tempo e dedicação de dois pesquisadores, Barry Marshall e James Warren, que ganharam o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 2005 por essa importante descoberta.

+Leia também: Dor no estômago: 6 possíveis causas para o problema

A grande maioria das pessoas que têm a bactéria tem poucos ou nenhum sintoma e estão aparentemente bem, mas ter inflamação da pele do estômago é quase uma regra, uma condição chamada de gastrite. Sabe-se também que esta bactéria causa mais de 90% das úlceras de duodeno e 80% das gástricas.

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H. pylori e câncer de estômago

A presença prolongada do H. pylori ainda pode causar uma inflamação crônica no estômago, chamada gastrite atrófica, que é um dos fatores de risco para o desenvolvimento de câncer gástrico.

Esta é a razão pela qual a Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (Iarc) da Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o H. pylori como um carcinógeno classe I, ou seja, na mesma categoria que o tabagismo está para o câncer de pulmão e trato respiratório.

Sabemos que a maioria dos adenocarcinomas e linfomas gástricos ocorre em pessoas com infecção atual ou passada pelo H. pylori.
Portanto, apesar de não ser um quadro grave na maioria das pessoas, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para prevenir complicações, como sangramentos digestivos, úlceras e o câncer de estômago.

Todos os portadores da bactéria devem ser tratados.

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Álcool agrava infecção pelo H. pylori

O consumo de álcool não transmite a bactéria, mas pode irritar ainda mais o estômago, agravando os sintomas de gastrite ou úlceras causadas pelo H. pylori.

Assim, em quem tem a infecção, o álcool tende a piorar o quadro de inflamação do estômago e dificultar a cicatrização. Por isso, é recomendado não consumir bebidas alcoólicas durante o tratamento ou em casos de sintomas intensos. Acrescento ainda que é extremamente importante não fumar e evitar a ingestão de alimentos ultraprocessados.

Como se pega?

A transmissão pode acontecer por contato com saliva, alimentos ou água contaminados. As condições sanitárias precárias podem facilitar a propagação da bactéria, sendo mais comum em países em desenvolvimento. A contaminação ocorre principalmente durante a adolescência.

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O diagnóstico pode ser feito com uma biópsia da pele do estômago, obtida por endoscopia digestiva alta ou por meio do teste da urease durante a realização deste exame, este último é um método rápido que tem seu resultado em até 1 hora. Ainda é possível ser diagnosticada por meio de testes respiratórios ou do estudo das fezes.

O tratamento com antibióticos por 14 dias deve ser prontamente iniciado após o diagnóstico, e o uso concomitante de probióticos aumenta as taxas de cura e reduz os efeitos adversos secundários ao curso prolongado do antibiótico.

Após pelo menos 4 semanas da conclusão do tratamento, deve ser feito o controle de cura com a repetição de exames. Caso ainda seja detectada a infecção, a orientação é iniciar um novo esquema terapêutico.

*Patricia Almeida é hepatologista do Hospital Israelita Albert Einstein 

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