É hora de falar dos sinais de alerta e da prevenção do câncer de intestino
No Setembro Verde, momento de conscientização sobre a doença, médica esclarece fatores de risco e sintomas e o que pode ser feito pela prevenção
Com o envelhecimento da população, houve um aumento nos casos de câncer de intestino (cólon e reto) em todo o mundo. Hoje a doença representa a segunda causa de morte por câncer em países desenvolvidos e o fenômeno se repete em nações em desenvolvimento como o Brasil.
A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) para 2020 aponta 40 990 novos casos, fazendo com que esse tumor seja o segundo mais frequente nos homens e nas mulheres por aqui.
Grande parte dos tumores de intestino aparece a partir de pólipos, que são lesões benignas que crescem na parede interna do órgão e podem se tornar malignas com o passar do tempo. Após os 50 anos de idade, a chance de ter pólipos gira entre 18 e 36%. Quando eles são detectados e retirados, impedimos o surgimento de um câncer.
A chance de cura para os tumores colorretais aumenta quando o diagnóstico é feito em fase inicial. Por isso, os exames de rastreamento devem ser realizados em pessoas assintomáticas. A fim de chamar a atenção para a prevenção e a detecção precoce da doença, a Sociedade Brasileira de Coloproctologia realiza em setembro uma campanha focada na conscientização sobre o problema.
O primeiro sinal da doença costuma ser a presença de sangue em pequena quantidade (imperceptível a olho nu) nas fezes. Não à toa, a triagem populacional é feita com a pesquisa de sangue oculto nas fezes. Quando esse teste dá positivo, deve-se realizar a colonoscopia (um exame de imagem feito com o paciente anestesiado) para detectar a fonte de sangramento. Além disso, durante a colonoscopia podemos retirar os pólipos encontrados e realizar biópsias das lesões suspeitas.
Os principais fatores de risco relacionados ao câncer de intestino são:
- Ter idade igual ou acima de 50 anos;
- Estar acima do peso;
- Ter histórico familiar ou pessoal de câncer de intestino, ovário, mama ou útero;
- Manter uma alimentação pobre em vegetais e alimentos fontes de fibras;
- Consumir rotineiramente carnes processadas, como salsicha, mortadela, presunto, bacon, peito de peru, salame etc;
- Comer mais de 500 gramas de carne vermelha por semana;
- Fumar e/ou abusar de bebidas alcoólicas.
Devemos ressaltar que doenças inflamatórias do intestinais, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn, e relatos de polipose na família também aumentam o risco de câncer nesse órgão. Assim, seus portadores precisam ter acompanhamento individualizado com o especialista.
Também é importante conhecermos os sinais de alerta para a doença. Os sintomas mais frequentes quando o tumor está instalado são:
- Sangue nas fezes;
- Mudanças persistentes no formato das fezes (elas ficam muito finas e compridas);
- Alteração crônica do hábito intestinal (diarreia e prisão de ventre alternados);
- Dor, cólicas ou desconforto abdominal;
- Fraqueza e anemia;
- Perda de peso sem causa aparente.
Diante desses sinais e sintomas, aconselhamos fortemente a procura por um especialista a fim de esclarecer a origem das alterações.
Mas é essencial lembrar que, acima dos 50 anos, muitas pessoas podem não apresentar indícios do problema. Daí a recomendação de realizar a pesquisa de sangue oculto nas fezes e/ou a colonoscopia de tempos em tempos. Tenhamos em mente que essa doença pode ser prevenida!
* Dra. Carmen Ruth Manzione Nadal é médica, membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e diretora da Associação Brasileira para Prevenção do Câncer do Intestino (Abrapreci)