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Da pesquisa à prateleira

Segundo especialistas, fomento à inovação é imprescindível para melhorarmos o atendimento à saúde da população brasileira

Por Ana Marisa Chudzinski-Tavassi (Butantan), Linda Bernardes (Unifesp) e Roger Chammas (Icesp)*
Atualizado em 26 jan 2024, 11h25 - Publicado em 25 jan 2024, 09h24
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Tecnologia é ferramenta para superar desigualdade no acesso a uma saúde digna e de qualidade (Foto: Veja Saúde/Veja Saúde)
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Durante a pandemia, as fragilidades do sistema nacional de saúde ficaram evidentes e a urgência em solucionar os problemas decorrentes da Covid-19 alertou para a gravidade dos impactos provocados na saúde, acelerando o processo de busca por inovação e novas tecnologias. Também ficou latente a necessidade de fomentar ainda mais a cultura do empreendedorismo e de inovação no setor.

Embora o Brasil tenha avançado muito em conhecimento, persistem fragilidades econômicas enormes. Há falta de autonomia e investimentos para atender as demandas com inovação e tecnologia do país. Pagamos mais caro porque temos que importar muito. É preciso romper essa lógica perversa.

Segundo a Associação Brasileira de Organizações Representativas de Pesquisa Clínica (Abraco), 8 805 estudos de pesquisa clínica foram feitos no Brasil em 2022, o que significa 42% do total na América Latina. Embora lidere regionalmente, o Brasil representa apenas 2% das pesquisas clínicas no cenário mundial.

Pesquisa clínica é fundamental no desenvolvimento de um medicamento ou vacina. Em contrapartida, ao se olhar do outro lado do balcão, o Brasil é o 6º maior mercado farmacêutico do mundo, segundo a empresa IQVIA (de serviços de pesquisa clínica).

Hoje, grande parte da pesquisa produzida está nas universidades, onde existe a cultura de trabalhar da bancada até o artigo publicado. É preciso transformar teses e dissertações em aplicações práticas.

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Não basta apenas investir em pesquisa e conhecimento, mas estimular a cultura de empreendedorismo científico para que ao se desenvolver à uma solução inovadora, o produto chegue à prateleira. Há um filão importante de negócios, mas ainda hoje a maioria dos pesquisadores não sabe como fazer uma parceria com a indústria farmacêutica.

+Leia também: Da floresta à farmácia: a origem dos medicamentos

Em busca de contribuir para a reversão da situação narrada até aqui, algumas iniciativas tentam dar aos interessados experiência gerencial em todos os processos de inovação na saúde, além de preparar o profissional para a condução das etapas de pesquisa, produção e comercialização de produtos, patenteamento e domínio legal para a transferência de tecnologia.

É o caso da Escola de Educação Permanente (EEP), criada em 2009, com o objetivo de reunir as atividades educacionais do complexo HC da FMUSP e, hoje, aberta a profissionais de diversas áreas, inclusive do exterior.

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Para dar suporte à esta crescente necessidade de empreendedorismo e de inovação em saúde, o Hospital das Clínicas, por meio da EEP, criou, juntamente com o Instituto Butantan e o Inova HC, um MBA de Gestão da Inovação em Saúde. O curso é destinado a empresários, executivos e pesquisadores que atuam ou pretendem participar das definições estratégicas de inovação em instituições de ciência e tecnologia, incubadoras, aceleradoras, empresas, governo e startups.

Também é indicado a investidores ou interessados em transformar pesquisas em soluções e negócios. Por conta de iniciativas desse tipo, a EEP é um think tank que busca atender à crescente demanda por soluções rápidas e eficientes frente aos desafios de saúde no país.

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*Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, diretora do Centro de Desenvolvimento e Inovação do Instituto Butantan e do Centro de Excelência em Novos Alvos Moleculares (CENTD). Linda Bernardes, responsável pelo Laboratório de Empreendedorismo e Inovação em Saúde da Escola Paulista de Medicina da Unifesp. Roger Chammas é professor titular de Oncologia da USP e dirige o Centro de Pesquisa Translacional em Oncologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).

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