A palavra “trombose” se refere à presença de coágulos (ou trombos) nos vasos sanguíneos. Quando eles se desprendem e se deslocam pela circulação ocorre um processo chamado embolia. A trombose pode afetar tanto veias como artérias. Estima-se que o quadro acometa um em cada dois mil habitantes, e uma em cada quatro mortes está relacionada a ele.
A aterosclerose é a principal responsável pela trombose nas artérias. Suas manifestações mais graves são o infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral, a primeira e a segunda causas de óbito no mundo, respectivamente. O problema também pode levar à isquemia (falta de oxigênio) e à amputação de membros.
O que favorece a formação de placas e trombos nos vasos? Os principais fatores de risco são o tabagismo, o sedentarismo, a hipertensão, o colesterol alto, o diabetes e a obesidade. Portanto, ter uma alimentação saudável, praticar exercícios regularmente, evitar o cigarro e o excesso de álcool e manter o acompanhamento médico, usando os remédios prescritos, estão entre as medidas preventivas.
Em casos mais graves, além de medicamentos, podemos lançar mão da desobstrução do trombo por procedimentos de angioplastia ou cirurgia.
A trombose venosa profunda, por sua vez, é caracterizada pela formação de coágulos nas veias, frequentemente as das pernas ou da pelve, o que obstrui o retorno do sangue ao coração. Quando esse trombo se desprende e se desloca até o pulmão, ocorre a temida embolia pulmonar, situação que pode resultar até em parada cardiorrespiratória.
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Um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) entre janeiro de 2012 e maio de 2022 revelou que mais de 425 mil brasileiros foram internados para tratamento da trombose venosa, sendo em média 113 pessoas por dia na rede pública. O estado de São Paulo foi o que mais contabilizou internações, com 118 960 registros no banco de dados do SUS.
Apesar dos números alarmantes, esses dados são muito inferiores às estatísticas americanas, que apontam uma ocorrência de 300 a 600 mil novos casos da doença anualmente nos EUA. Tal diferença, considerando o tamanho da nossa população, sugere que ainda se faz pouco diagnóstico de trombose no nosso país e existe uma subnotificação nos dados apresentados pelo Datasus.
A trombose venosa está associada à falta de movimentação das pernas por longos períodos, algo comum em ambientes de trabalho e viagens com horas de duração, mas também em indivíduos sedentários e que necessitam de internação. Sabemos que um dos fatores de risco é justamente o período pós-operatório, sobretudo após cirurgias de grande porte e o parto.
Fora o tabagismo, outra situação que concorre a favor da trombose é o uso de alguns anticoncepcionais. E também já está claro que a incidência da doença aumenta quando existe predisposição genética e com o avançar da idade. Os sintomas mais comuns são inchaço, dor, rigidez e vermelhidão nas pernas; nos casos de embolia pulmonar, a pessoa pode apresentar falta de ar, palpitação, dor torácica e escarro com sangue.
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A prevenção e o tratamento da trombose envolvem a utilização de meias compressivas e a administração de baixas doses de anticoagulante, prescrição feita após a confirmação do diagnóstico por exames de ultrassom (no caso de trombose nas pernas) ou tomografia (para suspeita de embolia pulmonar). Podemos usar doses mais altas desses medicamentos com a finalidade de evitar a progressão ou a formação de trombos. Nos casos mais graves, é possível realizar a aspiração do trombo por meio de técnicas de cateterismo.
Para não chegar a esse ponto, o conselho número 1 é manter um estilo de vida saudável e mais ativo e as consultas médicas em dia. Essa é a mensagem que queremos passar com a campanha #Cancele a Trombose, organizada pela regional de São Paulo da SBACV, com o apoio da direção nacional da sociedade, que contempla ações de conscientização em parques, estações de metrô e redes sociais.
* Fabio Rossi é cirurgião vascular e presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP)