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Barbie: do incentivo a um padrão de beleza irreal à tentativa de redenção

Colunista destaca histórico conturbado e pontos positivos do novo filme sobre a boneca

Por Adriana Kachani, nutricionista*
Atualizado em 25 jul 2023, 11h24 - Publicado em 25 jul 2023, 09h30
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Filme tem gerado forte comoção nas redes sociais e despertado reflexões sobre a história da boneca (Divulgação - Warner Bros. Pictures/SAÚDE é Vital)
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Atenção, esse texto contém “spoilers” (informações relevantes sobre o conteúdo do filme). Se você ainda não assistiu, fica o aviso! 

Você já quis ser uma Barbie? Inspirada no formato físico da boneca alemã Lilli, vendida com temática adulta nos anos 1950, a Barbie foi lançada em março de 1959, com corpo extremamente magro e em formato curvilíneo.

Estima-se que o índice de massa corpórea (IMC) da boneca corresponderia a 16,2 kg/m2, o que é considerado baixo peso e apresenta risco à saúde. Sua cintura teria irreais 45cm de circunferência.

Apesar de irreais, as medidas viraram referência. Uma rápida busca num dos mais respeitados bancos de dados da área da ciência, o Pubmed, traz 34 artigos científicos que discutem o impacto da boneca na determinação de padrões de beleza.

Durante muitas décadas (e até hoje!), esses padrões arranharam a autoestima e a imagem corporal das meninas que desejam ser iguais à Barbie.

Na tentativa de ter um corpo sonhado, meninas do mundo todo se engajaram em comportamentos de risco, como práticas alimentares inadequadas, dietas restritivas, atividade física compulsiva, purgações e jejuns.

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+ Leia também: Restrição à mesa aumenta risco de transtorno alimentar

Período de mudança

Com o passar dos anos, a Barbie começou a ser questionada como fonte de pressão social para as meninas.

Entre 2013 e 2018 as vendas das bonecas caíram de U$ 6,5 para 4,5 bilhões por ano, exigindo que a fabricante Mattel, reposicionasse a marca no mercado.

Desta forma, em 2015, foi lançada a campanha “Imagine the possibilities”, insinuando que a Barbie seria um modelo para empoderar meninas. Ou seja, que elas poderiam ser o que quisessem sem depender de ninguém para isso.

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Em 2016, a Mattel passa a fabricar bonecas de diferentes etnias, formas corporais, cores de olho, pele e cabelo. Em 2018, faz campanhas pela desigualdade social e, em 2019, lança a primeira linha de bonecas em gênero.

Embora as iniciativas representem um avanço, ainda é necessária maior exposição das consumidoras a estas novas linhas.

A Barbie do cinema

A Barbie que está hoje nos cinemas subverte expectativas, sem deixar de ser auto-referente. Ela mostra que a Barbie vive num mundo perfeito, das bonecas, mas que o mundo real existe, com pessoas às vezes tristes, com problemas, e…por que não? Com celulite também!

Essa descoberta feita pela protagonista é um passo importante para a autoaceitação e sua relação com outras Barbies fora do padrão. E pela primeira vez, Barbie tem a opção de escolha: virar um ser humano, com todas as implicações disso, ou seguir sendo uma Barbie estereotipada.

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+ Leia também: Seríamos vítimas da Matrix? As redes sociais e a nossa saúde mental

O filme se transformou em mais um fantástico case de marketing da Mattel, e com ele surgiu a tendência cor de rosa que vai da roupa à comida.

Antes da Barbie existir, meninas brincavam de ser mães de suas bonecas. A partir da Barbie, finalmente tiveram a oportunidade de ter uma amiga para interagir e se inspirar. Se, no passado, a influência foi danosa, Barbie agora quer se redimir e revolucionar o mundo!

Comida cor de rosa

Alimentos cor de rosa estão em alta, e, desde que o corante seja natural, quem ganha é a saúde de nossas crianças.

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Afinal, a beterraba, corante de escolha para o tom, possui nutrientes precursores do óxido nítrico, molécula que reduz a pressão arterial e ainda leva mais oxigênio às células, otimizando os efeitos do exercício físico.

A beterraba é rica em betacaroteno e antioxidantes que cuidam da pele sob exposição solar, e ainda possui grandes quantidades de Vitamina A, C e zinco que melhoram a imunidade. Uma moda linda, deliciosa e saudável.

* Adriana Kachani é nutricionista, mestre e doutora pela Faculdade de Medicina da USP e integrante do corpo clínico do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo

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