Você já percebeu que quando o estresse financeiro se torna comum no nosso dia a dia, os outros problemas podem parecer maiores do que realmente são?
Revivemos as mesmas preocupações, os mesmos números, as mesmas sensações todos os dias, o que vai criando ansiedade e medo. Dessa maneira, projetamos um futuro com consequências negativas.
Além disso, no mundo externo, a vida segue e exige de nós produtividade e inventividade no trabalho: há prazos e metas a serem cumpridos. Com isso, acabamos perdendo o fluxo de energia criativa e novas ideias. Se identificou com esse cenário? Se sim, saiba que você não está sozinho!
As dívidas e os problemas financeiros podem ser uma das causas dos desequilíbrios emocionais e físicos enfrentados por muitos colaboradores no mundo corporativo.
Segundo o Índice de Saúde Financeira do Brasileiro, desenvolvido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em parceria com o Banco Central, as finanças causam estresse e refletem na vida familiar de 58,4% das pessoas em nosso país.
Ainda de acordo com a pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), 80% dos trabalhadores sofrem algum tipo de dificuldade para fechar o orçamento mensal.
Para quebrar o ciclo, é importante construir consciência e autoconhecimento financeiro.
Nesse contexto, fazer uma terapia financeira pode ajudar a superar esse desafio. Isso porque ela trata tanto das finanças pessoais quanto da saúde mental, pilares da saúde integral: física, emocional e financeira.
Nas sessões, é possível abordarmos as crenças e os padrões de comportamento que estão limitando o equilíbrio financeiro saudável.
A partir disso, é necessário estruturar um plano de ação, oferecendo uma mentoria fundamentada nos seguintes aspectos: planejamento financeiro, finanças comportamentais e técnicas de expansão de consciência para uma mudança de atitude e de hábitos.
Dessa maneira, o terapeuta financeiro ajuda os clientes a resolverem a sua relação com o dinheiro, tratando especificamente a raiz emocional do problema.
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O papel das emoções
Nossas decisões financeiras estão profundamente ligadas a elas. Então, identificar gatilhos emocionais é essencial para o autoconhecimento e a autogestão.
Afinal, quando há um gatilho, você precisa estar preparado para fazer uma intervenção e reavaliar a sua ação, partindo de um espaço mais coerente e equilibrado.
E as pesquisas científicas confirmam isso. Em 2002, o psicólogo Daniel Kahneman ganhou o Prêmio Nobel de Economia ao aplicar insights de psicologia à teoria econômica, especialmente nas áreas de julgamento e tomada de decisão em condições de incerteza.
Seu trabalho, juntamente com o do psicólogo e pesquisador Amos Tversky, foi a confirmação de que as decisões financeiras são emocionais.
Como na economia comportamental, a terapia tem o objetivo de identificar os vieses cognitivos e pensamentos-sentimentos que causam as emoções responsáveis pelas más escolhas financeiras.
Mapear e ressignificar as barreiras comportamentais e entender o que a pessoa acha necessário e por que (sem julgamento e/ou regras) são os primeiros passos para a mudança.
Com base nisso, dá para traçar metas capazes de ajudar na criação de novas escolhas e bons hábitos financeiros. A saúde mental sai no lucro.
*Daniela da Paiva Lemos é economista, especialista em economia comportamental e finanças pessoais, facilitadora de Barras de Access® e terapeuta financeira da Naomm, empresa especializada em atendimento online em práticas integrativas e complementares (PICs)