Namorados: Assine Digital Completo por 5,99
Imagem Blog

Check-up com Sidney Klajner

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O cirurgião e presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein levanta e debate as tendências e os desafios que interferem em nosso dia a dia e na saúde pública do país

Você tem o hábito de observar suas fezes? Se não, deveria

Determinadas características do cocô podem ser indicativas de doenças, inclusive algumas que nem sempre apresentam sintomas

Por Sidney Klajner
3 jun 2025, 10h50
escala-de-bristol-tipos-de-coco
Escala facilita na identificação de casos de prisão de ventre ou diarreia, através da descrição das fezes para o médico (Earl Wilcox/Unsplash)
Continua após publicidade

Há muita gente que, depois de evacuar, tem uma sensação de nojo, fecha rapidamente a tampa do vaso sanitário e dá descarga. Quem faz isso está perdendo a oportunidade de identificar alterações no aspecto das fezes que podem ser reflexo de doenças.

Portanto, faz bem observá-las e checar se há algum detalhe atípico. Há uma série de escalas de classificação, considerando textura e formato. A mais conhecida é a Escala de Bristol. Mas você não precisa sabê-las de cor para identificar características que fogem do padrão de normalidade e são sinais de alerta para diferentes enfermidades.

Uma alteração facilmente visível é a presença de muco (uma secreção semelhante a catarro) nas fezes, ocorrência típica de inflamação na mucosa do intestino grosso. Uma das causas pode ser uma doença inflamatória intestinal, Crohn ou colite.

Outra pode ser a infecção por Clostridium difficile, uma bactéria que vive normalmente no nosso organismo, mas que pode se multiplicar em casos de desequilíbrio da flora intestinal associado ao uso de antibióticos.

Ela provoca um tipo de colite chamada pseudomembranosa, porque a inflamação forra a parede do intestino como se fosse uma membrana, cujos fragmentos aparecem nas fezes. Mas, nesses casos, o aspecto das fezes acompanha o quadro clínico, que traz outros sintomas, como dor abdominal, febre e diarreia.

Já o cocô escuro e quebradiço, com aspecto de borra de café, remente a sangramento que pode estar no trato digestivo alto (uma úlcera sangrando, por exemplo) ou em outro lugar (como no caso de malformações venosas do tipo hemangiomas).

Continua após a publicidade

No caminho até a evacuação, o sangue é digerido pelo organismo e o ferro faz as fezes ficarem escuras (melena, na terminologia médica). Nesses casos, serão necessários exames adicionais para identificar a origem do sangramento para o tratamento.

Sangue vivo nas fezes, por sua vez, está associado a condições proctológicas, como fissura anal e hemorroidas. As hemorroidas externas são mais sensíveis e doloridas, mas as internas podem ter sangramento e a pessoa não sente nenhuma dor. Além disso, cânceres próximos ao ânus também podem apresentar sangramento.

+Leia também: Sangue nas fezes: 5 possíveis causas para o problema

Doenças hepáticas relacionadas à insuficiência na produção da bile, como acontece muito na hepatite, também podem deixar indícios reveladores no cocô, que fica esbranquiçado, parecido com massa de vidraceiro.

E se as fezes vierem acompanhadas de gotas de gordura? Isso pode ocorrer com pessoas que estão tomando orlistate, remédio para emagrecer que impede que até 30% da gordura ingerida seja absorvida. Mas pode ser um sintoma de má absorção de gordura devido a algumas condições, como insuficiência pancreática, causada por pancreatite crônica.

Continua após a publicidade

Embora menos comum nos dias de hoje graças ao tratamento de água e maiores cuidados na higienização de alimentos, fezes também podem ter vermes ou fragmentos deles, indicando que a pessoa foi contaminada por parasitas como Ascaris (lombriga) e tênia.

Escalas de classificação das fezes podem ajudar apenas a interpretar anormalidades no quesito consistência. Por exemplo, um cocô endurecido está associado com constipação intestinal, que pode ser provocada por medicações – atualmente é comum em pessoas que usam os análogos de GLP-1 (como Ozempic) – ou por alimentação com pouca fibra.

+Leia também: Existe posição correta para fazer cocô? Sim, e pode não ser a sua

Aliás, a evacuação saudável tem muito a ver com uma alimentação equilibrada, rica em fibras e ingestão de líquidos.

Alguns também se preocupam em saber quantas vezes é normal evacuar por dia. Isso não existe. O “normal” varia de acordo com os hábitos de cada ser humano, o lugar onde mora, sua alimentação e seu estilo de vida.

Continua após a publicidade

Portanto, você não precisa contar quantas vezes faz cocô. Mas, quando fizer, não esqueça de olhar seu aspecto. Pode não ser a observação mais agradável do mundo, mas fará muito bem para seus cuidados de saúde.

Compartilhe essa matéria via:

 

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ECONOMIZE ATÉ 65% OFF

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 14,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.